Poder de superação

Eliminação na Copa do Brasil, pelo Prudente, não tirou o ânimo do Galo, que chega com moral para os jogos da decisão do Estadual contra o Cruzeiro
Roger Dias - Estado de Minas
Publicação:03/05/2011 07:00
Atualização:03/05/2011 14:27
O período de turbulência no Atlético, com direito à queda de rendimento no início do ano e à derrota para o modesto Prudente, com a consequente eliminação na Copa do Brasil, faz parte do passado. Depois de duas boas exibições da equipe diante do América, a torcida alvinegra esquece as frustrações, reascende as esperanças e deposita novamente a confiança no grupo, que mostra força para perseguir o segundo título mineiro consecutivo. Desta vez, a luta acirrada pelo título contra o arquirrival Cruzeiro será longe de Belo Horizonte: devido às obras no Independência e no Mineirão, a Arena do Jacaré receberá o maior clássico de Minas. O jogo de ida será domingo, às 16h, e o Galo tem de tirar a vantagem da Raposa, que será campeã com dois empates ou com vitória e derrota pela mesma diferença de gols.
Em 12 oportunidades, o Galo conseguiu o bicampeonato estadual, que ajudou a equipe manter a supremacia na competição (40 títulos). A última vez que conquistou o feito foi há 11 anos, com a mesma base da equipe vice-campeã brasileira de 1999. Hoje, os jogadores procuram inspirações no time de Guilherme, Marques e cia. e repetir o sucesso daquela época.
Sem outra competição simultânea no primeiro semestre, o que não deixa de ser uma vantagem, o Atlético espera se preparar ao máximo para os duelos com o Cruzeiro, que disputa a Copa Libertadores e tem jogo decisivo diante do Once Caldas, amanhã, pelas oitavas de final. O técnico Dorival Júnior quer que os atletas assimilem a responsabilidade de manter o ritmo forte e as atuações convincentes. O time alvinegro está invicto há seis partidas e conquistou 100% de aproveitamento nas últimas quatro.
“Depois de garantir vaga na final, o nosso primeiro desafio é fazer uma boa preparação durante a semana e tentar tirar a vantagem no primeiro jogo. Não há dúvida de que o Cruzeiro está em melhor momento. Tenho de ser realista, mas acredito na nossa capacidade de superação”, ressalta o treinador, que chegou ao clube em setembro do ano passado e comandou o Galo em 34 jogos, com 19 vitórias, oito empates e sete derrotas.
Um dos símbolos da reação atleticana, o volante Serginho foi fundamental ao balançar as redes duas vezes nos confrontos diante do América, pelas semifinais. Ele comemora a boa fase, que premia o esforço e a mudança de atitude do grupo: “Venho conseguindo uma sequência de boas atuações, que fizeram a torcida gritar meu nome. Há muito tempo não ocorria isso. Fico muito satisfeito e agradecido não só aos torcedores, mas a todos meus companheiros e ao Dorival”.
Se estiver em campo no domingo, o volante completará 100 partidas com a camisa alvinegra. No total, balançou as redes cinco vezes. “Será um momento muito especial para mim. Espero que tenha muitos motivos para comemorar. O Cruzeiro está passando por uma boa fase, mas nós também. Acredito que será um jogo muito equilibrado e disputado”, garante o jogador de 24 anos. Livre das lesões nos ligamentos do joelho direito, que o tiraram dos gramados por vários meses na temporada passada – por isso, não esteve no grupo campeão mineiro –, firmou-se como titular este ano ao lado da promessa Fillipe Soutto.
Exame médico
O atacante Mancini foi examinado ontem à tarde pelo médico Octaviano de Oliveira e realizou exame de ressonância magnética para saber a gravidade da lesão na coxa direita, que o tirou do jogo contra o América. O resultado sairá na manhã de hoje.
Um dos destaques do Campeonato Mineiro, o atacante Jônatas Obina, de 25 anos, deve desembarcar hoje em Belo Horizonte para fazer exames médicos e laboratoriais e assinar contrato com o Atlético. Ele marcou 10 gols no Estadual e ajudou o América-TO a chegar às semifinais. Não esteve em campo diante do Cruzeiro, domingo, pois estava suspenso.
A reunião que definirá os preços dos ingressos de Atlético x Cruzeiro, além dos pontos de venda, será hoje, às 16h, na sede da Federação Mineira. Como o Galo é o mandante, somente seus torcedores terão direito às entradas.
Árbitro explica expulsão
Os torcedores do Atlético enfim conheceram o motivo da polêmica expulsão do volante Richarlyson no início do segundo tempo da vitória sobre o América (2 a 1), sábado à noite, em Sete Lagoas. De acordo com a súmula divulgada ontem à tarde na Federação Mineira de Futebol (FMF), o jogador teria xingado com palavrões o árbitro Cléber Wellington Abade depois da disputar bola no meio-campo e cometido falta no lateral-direito Sheslon.
O volante substituiu Renan Oliveira no intervalo e levou o cartão vermelho com 25 segundos de partida. Abade relatou que ele possivelmente ficara muito irritado com a marcação da falta: “No primeiro minuto do segundo tempo, expulsei com cartão vermelho direto, o jogador de número 14 do Clube Atlético Mineiro, sr. Richarlyson Barbosa Felisbino, que, após perder a bola na disputa com o adversário, correu em minha direção e disse-me o seguinte: 'já vai começar, seu f.d.p’”.
Quando deixou o gramado, Richarlyson, que voltava à equipe depois de se recuperar de lesão no joelho esquerdo, garantiu ao técnico Dorival Júnior que não teria ofendido o árbitro: “O adversário fez a falta em mim. Eu falei ‘Abade, foi falta’. Ele nem ligou e me expulsou”. O volante desfalcará o time alvinegro no primeiro jogo da final, diante do Cruzeiro.
Excesso
Foi o segundo cartão vermelho que o volante levou com a camisa alvinegra. Na goleada sobre o Tupi (4 a 1), pela segunda rodada do Estadual, cometeu faltas graves e levou dois amarelos em poucos minutos.
Quando defendia o São Paulo, o atleta já enfrentava problemas de indisciplina. No ano passado, foi expulso quatro vezes, uma na Copa Libertadores e três no Campeonato Brasileiro. Na última delas, na goleada para o Fluminense (4 a 1), em 21 de novembro, levou uma suspensão de cinco partidas – por causa disso, prejudicou o próprio Atlético, pois desfalcou a equipe nos três primeiros compromissos de 2011 pela Copa do Brasil.