Disputa pela sobrevivência na Série A acentua rivalidade entre cruzeirenses e atleticanos
Roger Dias - Estado de Minas
Publicação:15/10/2011 10:12
Atualização:15/10/2011 10:13
Atleticanos e cruzeirenses não têm muitos motivos para comemorar o ano de 2011. Talvez até encontrem inúmeras razões para odiá-lo. Poderia ser um ano de expectativas, glórias e destaque de Atlético e Cruzeiro, mas tudo foi por água abaixo, por causa do desempenho de baixo nível no Campeonato Brasileiro. Sem muito o que festejar, o torcedor reclama, xinga, implora, grita e até ironiza a fase ruim do adversário. Provocações sadias, risadas e até certas discussões nervosas fazem parte das conversas futebolísticas no dia a dia.
O triunfo sobre o Santos, de Neymar, por 2 a 1, na Arena do Jacaré, aumentou a autoestima dos atleticanos, dando a eles nova motivação na luta contra a degola. Mesmo debaixo de chuva, ontem os torcedores não deixaram de vestir a camisa preto e branca para comemorar a importante vitória e reforçar o sentimento de esperança que alimenta os jogadores e o técnico Cuca. “O Galo nunca desistirá de lutar. Mas a decepção é grande”, afirma o estudante Rafael Patrick dos Santos, de 20 anos.
A Raposa não perdeu na rodada, mas há apreensão. O fraco 0 a 0 com o Bahia, no Pituaçu, reforçou a desconfiança em relação à capacidade do grupo. Favorito ao título no começo da competição, o time celeste decepcionou e se aproximou perigosamente da zona da degola. “A diretoria errou muito. É preciso mais dedicação”, frisa o também estudante Igor David, de 18.
Rafael e Igor são amigos unidos pelas rodas de conversas na Praça Sete. Entre os assuntos diversos, prevalece a paixão por futebol e funk. Embora torçam por equipes rivais, a amizade não é abalada. Pelo contrário. O cruzeirense Igor até provoca: “Eu não gosto do Cuca. Mas no Cruzeiro ele era muito melhor do que hoje”. Rafael ouve atentamente e começa a falar, sem pausa, sobre o Atlético, indignado. “Falta tudo no nosso time: treinador, dirigente, jogador. É um caminho difícil.”
PESSIMISTA
Os arquirrivais terão pedreiras neste fim de semana – amanhã, o Atlético visitará o Vasco, em São Januário, e o Cruzeiro receberá o Corinthians, em Sete Lagoas – e nenhum dos dois torcedores está otimista. Rafael dos Santos demonstra mais confiança no Galo e acredita que a situação tende a melhorar nas próximas partidas. Mas pondera: “É preciso dedicação e vontade de todos, assim como foi contra o Santos”. Já Igor lamenta a ausência de tantos jogadores importantes. “Desmontaram o time do Cruzeiro. Ficamos com jogadores ruins e medianos, que só nos entristecem.”
Colegas de trabalho, o atleticano Frederico Ribeiro e o cruzeirense Rafael Couto (ambos de 30 anos) aproveitam os intervalos para lamentar a situação dos times do coração e, claro, falar mal do rival. Apesar do pífio desempenho no Brasileiro, os dois ainda acreditam na permanência dos times na elite e torcem pela queda do rival. “Ano passado, perdemos a vaga da Libertadores para o Cruzeiro e fomos chamados de flanelinha. Desta vez, vamos guardar a vaga para eles na Série B”, diz Ribeiro. “Segunda Divisão nunca foi e nunca será lugar do Cruzeiro. Quem conhece bem esse lugar é o atleticano, que vai sofrer novamente com o rebaixamento”, rebate Couto.
No misto de paixão e revolta que cerca o ambiente dos dois amigos, a certeza é uma só: as nove rodadas finais do Brasileiro terão muita emoção e os ânimos prometem ferver para os dois lados.
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