sábado, 29 de outubro de 2011

Na força da palavra

Cuca contraria o perfil de introvertido e na reta final se revela um técnico capaz de inflamar os jogadores do Atlético para ajudar a livrar o time do risco de rebaixamento
Ludymilla Sá - Estado de Minas
Publicação:29/10/2011 10:51
Atualização:29/10/2011 10:57
Ao contrário da imagem que passa, o técnico Cuca tem se mostrado um grande motivador na reta final do Campeonato Brasileiro. Não seria por menos. Afinal, quando os triunfos são escassos e o risco de rebaixamento é alto, o papel de timoneiro serve para alimentar a autoestima dos jogadores. Em retribuição a essa dedicação, os atletas alvinegros já assinaram a camisa do treinador, que antes da vitória sobre o Fluminense (2 a 0) afixou cartazes no vestiário com resultados das partidas desde sua chegada e uma interrogação com relação ao tricolor. Na preleção a caminho dos 2 a 1 sobre o Santos ele contou com a ajuda do ídolo Marques. E espera que agora os alvinegros tenham encontrado exemplo mais que inspirador no resultado diante do time carioca para dar continuidade à arrancada atleticana, contra o Palmeiras, amanhã, às 18h, na Arena do Jacaré.
O treinador pretende estender as ações para fora do campo. Na próxima semana, ele planeja levar o grupo para visitar uma instituição de caridade. “É um trabalho que faço sempre nas equipes pelas quais passo, para mostrar aos jogadores que existem pessoas que precisam mais de nós do que nós delas”, disse Cuca, preocupado em sensibilizar um pouco mais os comandados.
O volante Fillipe Soutto aprova esse olhar mais humanizado. “É uma forma de buscar inspiração em pessoas que têm uma forma de vida mais difícil que a nossa, mas consegue sobreviver com alegria, força. Independentemente da instituição a que formos, vai ser importante, uma forma de motivação para a gente, sensação de dever cumprido.”
Para tentar salvar o Galo da queda (é o 16º, com 33 pontos, um a mais que o Ceará, primeiro na faixa do rebaixamento), Cuca aposta num laço de amizade com seus comandados. Ele praticamente eternizou as assinaturas dos atletas em sua camisa, ao mandar bordar os autógrafos, e pretende presentear cada um, ao fim do Brasileiro, com uma peça similar. Por isso, melhor presente será o Galo permanecer na elite. Para isso, não pode deixar passar em branco a oportunidade de vencer em casa, na opinião do volante. “Ganhar do Fluminense fora foi importante. Então, deixar escapar pontos em casa não é uma coisa que a gente quer, vamos lutar para não acontecer.”
A crise no Palmeiras não é encarada pelos atleticanos como benefício. Pelo contrário. Para Soutto, o adversário é um leão adormecido. “O Palmeiras vive momento turbulento dentro dos bastidores do próprio time, mas tem de dar resposta para si mesmo, ele vai querer dar a volta por cima e a gente não pode deixar isso acontecer, já que vivemos situação mais complicada.”
COM OU SEM PIERRE?
Depois de orientar três coletivos na semana, Cuca está com a escalação praticamente definida. Ele depende apenas da diretoria alvinegra para saber se poderá escalar o volante Pierre, que tem direitos vinculados ao Verdão e é o homem de confiança do treinador. Diante disso, a cúpula atleticana deve pagar os R$ 200 mil referentes à multa prevista em contrato para o atleta ser titular amanhã. Ainda assim, Cuca testou a formação com Pierre, depois Serginho e, por fim, Dudu Cearense. “Qualquer que seja a situação, eles estão bem treinados”, reforça. Na frente, Neto Berola formará dupla de ataque com André, apesar de Magno Alves estar recuperado de edema na coxa.
Confiança
Superado o momento difícil, Renan voltou a ficar em alta no Atlético. Em 10 jogos em que atuou no returno do Brasileirão, o goleiro sofreu sete gols, média de 0,7 por partida. O bom desempenho coincide com a troca de preparador de goleiros. Em meados de agosto, Barbirotto foi demitido e William de Castro, que era o treinador de Renan na base, assumiu. O camisa 30 afirmou que recuperou a confiança com a chegada de William.
Liberado
O volante Serginho está à disposição do técnico Cuca para o jogo de amanhã. Julgada ontem pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), a denúncia contra o jogador – expulso diante do Flamengo – foi rejeitada pelos auditores. Eles avaliaram que não havia razões para condenação. Se fosse condenado, o atleta corria o risco de ficar suspenso por até três partidas.

Nenhum comentário: