sábado, 28 de janeiro de 2012

Calouros na berlinda

Cinco jogadores que devem entrar em campo amanhã com a camisa atleticana diante do Boa jamais disputaram o Campeonato Mineiro. Experientes, estão prontos para o desafio
Paulo Galvão - Estado de Minas
Publicação:28/01/2012 11:50
O Atlético manteve a base do ano passado, mas, mesmo assim, entrará em campo amanhã, às 17h, para estrear no Campeonato Mineiro, contra o Boa, em Sete Lagoas, com quase meio time de jogadores que nunca disputaram a competição. Isso se deve ao fato não só de ter contratado reforços, mas também porque alguns de seus titulares vieram no segundo semestre do ano passado, como o volante Pierre e o atacante André. Já o zagueiro Rafael Marques, o volante Leandro Donizete e o armador Escudero chegaram agora e também debutam no Estadual.
Apesar de tantos calouros, ninguém no clube alvinegro tem dúvida quanto à capacidade da equipe de fazer boa campanha. O presidente Alexandre Kalil foi mais longe e disse que o Galo tem obrigação de ganhar o título este ano, pois a diretoria “fez tudo que falaram que era o certo para se fazer”, como manter treinador e a espinha dorsal da equipe, e dar toda a estrutura necessária ao bom desenvolvimento do trabalho.
Os atletas encararam as palavras do dirigente com naturalidade, pois consideram que o Atlético sempre entra nas competições para tentar ser campeão, ainda mais em se tratando de Mineiro, no qual o clube costuma polarizar com o arquirrival, Cruzeiro, tendo quatro conquistas a mais. Mas eles ressaltam que estão cientes das dificuldades que poderão ser apresentadas, inclusive aqueles que nunca disputaram o Mineiro.
A promessa é de muita entrega, até porque, se nunca disputaram a competição, já estiveram em outros certames estaduais bastante equilibrados. “Trabalhamos muito a compactação e a posse de bola durante a pré-temporada e agora é colocar em prática. Já me falaram que o Mineiro é bastante difícil e é importante estar bem treinado para conquistar as vitórias. E nós estamos”, diz o zagueiro Rafael Marques.
Com passagens longas por Botafogo e Grêmio, ele teve a chance de disputar os Estaduais do Rio e do Rio Grande do Sul. Com isso, tem o embasamento necessário para alertar os companheiros mais jovens para os perigos que as equipes do interior podem representar. “Acho que de uns cinco anos para cá muitas equipes consideradas pequenas têm surpreendido nos Estaduais. Então, se você não mantiver a pegada em todos os jogos, não entrar ligado, vai sofrer”, argumenta.
Bem condicionado
Ao lado de Escudero, o defensor foi um dos últimos a ser apresentado este ano pelo clube de Lourdes, uma semana depois que a pré-temporada alvinegra tinha sido iniciada. No entanto, ele não acredita que isso possa prejudicar seu desempenho.
Entre seus trunfos para não decepcionar logo na estreia está o fato de atuar ao lado de um velho conhecido, Réver, seu colega na época de Grêmio e amigo fora dos gramados. Além disso, diz que, como os demais que chegaram há pouco tempo, foi muito bem recebido pelo grupo. “O fato de a base ter sido mantida facilita no que se refere ao entrosamento, além de tornar mais fácil a adaptação de quem chega.”
Danilinho derruba o 4-2-3-1
Foram 18 dias treinando o Atlético no 4-2-3-1, mas, a menos de 48 horas da estreia no Estadual, o técnico Cuca se viu obrigado a mudar o esquema. Ele não poderá contar com o armador Danilinho, expulso na segunda partida da final do Estadual’2008, contra o Cruzeiro, e obrigado a cumprir suspensão quase quatro anos depois. A diretoria alvinegra anunciou ter conseguido transformar a pena em doação de cestas básicas, mas, por precaução, optou por não escalar o jogador, titular da equipe desde que retornou ao clube este mês, depois de passagem pelo futebol mexicano. Quem saiu ganhando foi o atacante Guilherme, que fica com a vaga.
O treinador admitiu ter sido pego de surpresa com o impedimento de Danilinho. Mas se mostra confiante que a equipe continuará forte para a estreia. “Claro que esperávamos contar com o Danilinho, tanto que treinamos praticamente duas semanas com ele. Algumas vezes abrimos mão do Escudero por conta da documentação não estar registrada (o que ocorreu quarta-feira) e isso acabou sendo bom, pois testamos o Guilherme. Ainda que não tenha sido no lugar do Danilinho, ele está preparado”, declarou Cuca, que considera exagero fazer o jogador cumprir suspensão automática por uma expulsão ocorrida há tanto tempo: “Se fosse um cheque, com mais de um ano caducava”.
Se lamenta não ter Danilinho, ele espera que Guilherme aproveite a oportunidade. Tanto que já deixou claro que, caso o ex-jogador do Dínamo de Kiev-UCR, se saia bem, poderá mantê-lo na equipe, o que não quer dizer que Danilinho será barrado. “Quem se escala é o próprio atleta. Para bom jogador a gente sempre acha um espaço”, afirmou.
O atacante lamenta o impedimento do companheiro, mas garante só pensar em ajudar a equipe. Afinal, assim, vai conquistar a vaga de titular. “Esperava que o Danilinho jogasse, mas estou pronto para entrar, pois vinha me preparando, sendo utilizado pelo Cuca. Agora é procurar fazer minha parte e estrear com vitória”, disse o jogador.
Coincidência
O curioso é que a expulsão de Danilinho em 2008 ocorreu em um lance em que Guilherme, então no Cruzeiro, também esteve envolvido. Depois de provocações, o atleticano trocou empurrões com o cruzeirense Charles, que também recebeu o cartão vermelho.
O atacante considera que isso faz parte do futebol. Já Cuca brincou com a situação ao dizer que o agora seu comandado planejou tudo para ficar com a vaga do armador na estreia do Atlético em 2012.
Quem não esteve presente no treino de ontem à tarde, na Cidade do Galo, foi o zagueiro Réver, liberado para acompanhar o enterro de uma tia em Ariranha (SP). Ele é aguardado hoje e está garantido amanhã.

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