terça-feira, 29 de março de 2011

Ricardinho diz ter superado frustrações com Marcelinho e S. Paulo e ainda quer Libertadores 29/03/2011 - 07h00


ARMADOR AVALIA TRABALHO DE DORIVAL
Cada treinador tem o seu estilo, a sua maneira de trabalhar, a sua comissão técnica, o Dorival tem a sua condição de trabalhar, gosta de um estilo que a sua equipe jogue, ele passa para os jogadores aquilo que ele quer, ele deixa os jogadores à vontade para exercer a sua função dentro da característica, o trabalho é bem tranqüilo, é bom. A relação com o Dorival é muito boa, o grupo não tem dificuldade de assimilar, até porque, a dificuldade vivida no ano passado, a gente assimilou o trabalho dele muito rápido a adaptação teve de ser rápida para conseguir os resultados e acho que trouxemos isso para este ano.

Ricardinho tem liderado o Atlético dentro e fora de campo no início de temporada
Bernardo Lacerda
Em Vespasiano (MG)
Em bom momento no Atlético-MG de Dorival Jr., o veterano Ricardinho acena esticar a carreira em nome do sonho de incluir uma conquista de Libertadores ao seu currículo de taças. Aos 35 anos, o meio-campo comemora o bom início de temporada da equipe mineira e diz que ainda não consegue projetar um ponto para o encerramento de sua trajetória nos gramados.
Em entrevista exclusiva ao UOL Esporte, o titular atleticano ainda relembra os episódios mais polêmicos de sua carreira, como o entrevero que culminou na saída de Marcelinho Carioca do Corinthians e a passagem sem títulos pelo São Paulo, quando acabou "sacrificado" por torcida por ser, na época, o jogador mais caro do elenco.
Com passagens por equipes estrangeiras, incluindo Bordeaux, da França, em 1997, e o inglês Middlesbrough, em 2004, o armador reconhece ter vivido suas melhores oportunidades profissionais no Brasil, onde defendeu as cores do Paraná, Santos, São Paulo e, agora, Atlético-MG. Foi no Corinthians, no entanto, onde viveu o melhor momento, sagrando-se bicampeão brasileiro e campeão do Mundial de clubes da Fifa, além de ter chegado à seleção brasileira, disputando as Copas do Mundo de 2002 e 2006
UOL Esporte: Como você analisa o começo da temporada atleticana?
Ricardinho: Nós tivemos um início bom, se nós analisarmos como resultado, o Atlético iniciou muito bem a temporada, pelos meus cálculos, temos até este momento dez jogos, sete vitórias, dois empates e uma derrota, ou seja, um aproveitamento altíssimo (76,66%). Agora, se nós analisarmos a produção, ou apresentação da equipe, a gente tem de ser coerente em colocar que nós iniciamos as competições com boas apresentações e nestes últimos jogos a nossa equipe ficou distante daquela que iniciou a temporada. O que temos de fazer é procurar acertar a nossa equipe, o que o Dorival está tentando fazer, para que nós possamos continuar com índice alto de resultados, mas ao mesmo tempo melhorarmos as nossas apresentações, em termos de produtividade, ter uma equipe coesa, equilibrada.
UOL Esporte: Qual a grande mudança entre o Ricardinho de 2010, que teve bons números em campo, mas não se firmou como titular absoluto, sendo criticado pela torcida em alguns momentos, para o de 2011, que é o principal articulador do meio-campo atleticano?
em todos os clubes que eu joguei nunca tive rejeição. Lógico que quando você não tem o resultado, o torcedor reage, dependendo do torcedor, de uma forma. Tem o que gosta de aparecer, tem o que cobra do time de uma maneira pacifica, com respeito, tem momentos que há a necessidade de uma cobrança e existem aqueles que não são torcedores, vão lá para tumultuar, querer aparecer. Em todo lugar tem isso, rejeição nunca teve.
RICARDINHO FALA SOBRE AS TORCIDAS
Ricardinho: Tenho 17, quase 18 anos de carreira e sempre tive a mesma característica, lógico que a gente fica mais experiente, mais vivido no futebol, mas o trabalho e a dedicação são os mesmos. Ano passado eu me contundi no segundo semestre, isso me deixou um pouco mais de um mês parado, quando voltei faltavam poucas rodadas e a gente tinha de procurar ajudar para que a equipe pudesse sair da zona de rebaixamento. Aí participei das últimas rodadas, mas sempre no final das partidas, até porque a minha preparação não foi adequada para poder suportar o ritmo da partida, mas a gente podia contribuir com 30 minutos, uma parte do jogo e foi isso que eu fiz. O primeiro semestre foi tranquilo, pude ajudar. Este ano com tempo de fazer a pré-temporada o trabalho foi feito com tranquilidade como sempre a gente faz. O importante é que está dando certo nesses primeiros meses de trabalho.
UOL Esporte: Seu contrato se encerra no final desta temporada, estuda uma renovação de contrato com o Atlético?
Ricardinho: Isso a gente ainda não conversou, no momento certo isso será conversado, tem que primeiro esperar uma decisão do Atlético, até porque é o clube que a gente defende e gosta de trabalhar. Mas isso ainda está indefinido.
UOL Esporte: Aos 35 anos, já tem planos de encerrar a carreira?
Ricardinho: Todo final de temporada cabe uma reflexão e também um posicionamento de como foi a temporada, de como a gente está se sentindo. Acho que pela forma que a gente trabalha, que procura se cuidar, ainda tem um tempinho dentro do futebol que a gente pode jogar, procurando agregar ao Atlético, sempre se colocando à disposição, realizando bom trabalho. Não sei o período, mas pelo menos um tempinho legal ainda como profissional, mas como todos uma hora vamos parar de jogar, mas ainda não é o tempo de se pensar.
UOL Esporte: Você tem grande identificação com o Paraná, pensa em voltar ao time antes de encerrar a carreira?
Ricardinho: O Paraná é uma equipe que neste momento está procurando se reestruturar, voltar a ter uma condição que tinha há alguns anos atrás e que infelizmente perdeu, devido a uma série de más administrações consecutivas e que fizeram com que o Paraná chegasse a este momento. Hoje, o Paraná tenta se reestruturar mais uma vez e a gente torce para que isso volte a acontecer. Mas em relação a passagem, ainda não tenho uma previsão de parada, me sinto bem, tenho condições de trabalhar em um nível bom, vamos ver mais para frente como também o Paraná reage neste momento de reestruturação.
UOL Esporte: Você jogou por três grandes clubes paulistas, Santos, Corinthians, onde teve maior destaque e São Paulo, como foi vestir estas camisas? Sofreu algum tipo de problema com torcedores?
Ricardinho: Não, eu não, em todos os clubes que eu joguei nunca tive rejeição. Lógico que quando você não tem o resultado, o torcedor reage, dependendo do torcedor, de uma forma. Tem o que gosta de aparecer, cobra do time de uma maneira pacifica, com respeito, tem momentos que há a necessidade de uma cobrança e existem aqueles que não são torcedores, vão lá para tumultuar, querer aparecer. Em todo lugar tem isso, rejeição nunca teve. O único clube que eu não consegui conquistar títulos foi no São Paulo, isso é uma situação que não me agrada, que me deixa chateado, foi o único clube sem título, mas isso faz parte da profissão. O atleta não pode estar preparado apenas para treinar e jogar, tem de estar preparado para dificuldades, como tivemos ano passado.
UOL Esporte: Você concorda que teve maior destaque atuando no Brasil do que no exterior?
Ricardinho: Na verdade, eu sempre tive boas oportunidades aqui no Brasil, durante a carreira tive a oportunidade de jogar fora, como joguei, estive no Al Rayyan, Bordeaux, eu na verdade joguei mais tempo no Brasil devido às oportunidades profissionais, eu tinha realmente o interesse e condições de ir para fora, mas acabei atuando mais tempo aqui. Profissionalmente não valeria a pena para mim e assim foi durante um período da minha carreira, disputei a Copa, o motivo foi este, as oportunidades que tive no Brasil.
UOL Esporte: Qual a avaliação de sua trajetória na seleção brasileira? Fica algum sentimento de que poderia ter feito mais?
Ricardinho: Na verdade, profissionalmente para mim, falta uma Libertadores, joguei com o Corinthians, São Paulo e Santos não consegui, espero jogar com o Atlético. Na seleção, fui a uma Copa do Mundo, é o ponto máximo de um atleta profissional, disputar uma Copa do Mundo para o país, não que isso tenha me deixado satisfeito, a busca tem sempre de continuar enquanto for atleta profissional, mas falou até agora uma Libertadores que completaria a carreira.
UOL Esporte: Viveu muitos problemas ao longo da carreira com treinadores e jogadores? Tem mágoa de alguém?
Ricardinho: Problemas acontecem como em todas as profissões, sendo atleta, sendo jornalista, isso sempre tem, mas nada que fosse uma coisa que mudasse a minha carreira, pelo contrário, tive muitos momentos alegres, de conquistas, isso é o que acaba ficando.
UOL Esporte: O meia Marcelinho Carioca na época de Corinthians, disse que você era traidor e contava as conversas do grupo para Vanderlei Luxemburgo. Como era a relação de vocês dois? Como era a relação do grupo do Corinthians naquela época?
Ricardinho: Isso faz muitos anos, aquele time ganhou tudo, não dá para você pontuar, não dá para falar de um time que em quatro anos ganhou sete títulos, não dá para analisar outra coisa a não ser isso. Aquilo são situações da carreira que acontecem e que a gente tem de saber administrar, nada que fique para a história, para a nossa carreira, foi superado.

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