quinta-feira, 31 de março de 2011

Pimenta, língua e nome errado: as aventuras de Obina na China 31/03/2011 10h49 - Atualizado em 31/03/2011 11h21


Obina recebe a camisa 10 na apresentação: nome
escrito errado nas costas (Foto: Divulgação)

Obina no treino do Shandong: atual campeão
chinês joga nesta sexta-feira (Foto: Divulgação)

As aventuras de Obina na China: comida apimentada é o terror do baiano (Imagem: Cláudio Roberto)
Bem-humorado, ex-jogador do Atlético-MG conta detalhes do primeiro mês no Shandong Luneng. Atual campeão estreia nesta sexta no Chinês
Por Thiago Dias
Rio de Janeiro
Pouco mais de um mês na China, duas partidas - uma saindo do banco - e nenhum gol. Mas muita história para contar. Principal contratação do atual campeão Shandong Luneng, que estreia nesta sexta-feira no Campeonato Chinês de 2011, Obina ainda sofre para se adaptar com idioma, alimentação e o futebol do país. Por exemplo: para falar com o técnico croata, Branko Ivankovic, o atacante tem que passar por dois tradutores. Mas apenas duas coisas são motivo de uma bem-humorada reclamação do baiano até agora na aventura: a comida muito apimentada e o nome escrito errado no uniforme.
Obina foi apresentado pelo Shandong no dia 24 de fevereiro e recebeu a camisa 10. Em seu primeiro jogo, o time perdeu por 1 a 0 para o Jeonbuk FC, da Coreia do Sul, pela Liga dos Campeões da Ásia. Na rodada seguinte, o ex-jogador do Atlético-MG começou no banco, entrou no segundo tempo e jogou bem na vitória de 2 a 0 sobre o Cerezo Osaka, mas teve o que lamentar: perdeu um pênalti e ainda viu um gol legítimo não ser validado pelo árbitro. Obina achou um "culpado" para o azar inicial: em vez do apelido, o clube escreveu "Manoel" nas costas do uniforme.
- Adoro meu nome, dado pelos meus pais. Mas sou conhecido como Obina (risos). Já falei com eles para mudarem, só que na Liga da Ásia só vai dar para trocar na segunda fase... Esse "Manoel" vai ficar para os próximos jogos, vamos ver se a sorte muda (risos). Tem um detalhe: meu nome é com "u". Ainda tem isso... Mas já falei com eles (risos) - contou Manuel, ou melhor, Obina, por telefone ao GLOBOESPORTE.COM.
Hoje me consideram o atacante mais famoso da China"ObinaObina foi apresentado pelo Shandong no dia 24 de fevereiro e recebeu a camisa 10. Em seu primeiro jogo, o time perdeu por 1 a 0 para o Jeonbuk FC, da Coreia do Sul, pela Liga dos Campeões da Ásia. Na rodada seguinte, o ex-jogador do Atlético-MG começou no banco, entrou no segundo tempo e jogou bem na vitória de 2 a 0 sobre o Cerezo Osaka, mas teve o que lamentar: perdeu um pênalti e ainda viu um gol legítimo não ser validado pelo árbitro. Obina achou um "culpado" para o azar inicial: em vez do apelido, o clube escreveu "Manoel" nas costas do uniforme.
O atacante tem contrato de três anos com o Shandong. No clube, consegue conversar facilmente apenas com dois companheiros: o brasileiro Renato Silva (ex-São Paulo) e o português Ricardo, zagueiros da equipe. O contato com o treinador é mais complicado: dois tradutores fazem a ponte entre Obina e Ivankovic.
- Nosso tradutor é o Afonso, um espanhol. Para conversar com o técnico, falamos com o Afonso em português, que traduz para o tradutor chinês do treinador. Esse tradutor fala em croata com ele depois. Se chegar uma mensagem errada, eu mato o Afonso! (risos)
Sem tempo para passear, o atacante diz que a principal diversão até o momento é observar os chineses no trânsito, por causa da diferença para os motoristas brasileiros. Na hora da refeição, nada de sorrisos.
- A língua a gente se vira como dá, com mímicas, gestos... Mas a alimentação é algo complicado. A comida é muito apimentada! E eu sou baiano (risos). Baiano reclamando de pimenta? Eu como arroz, salada, frango. Tenho que comer o que tem, olhar o que tem e me virar. Não dá para arriscar e comer carnes diferentes, de tartaruga, essas coisas (risos).
No último final de semana, Obina viajou ao Brasil para buscar a filha Sayonara e a esposa Luciene, que ainda finalizavam a documentação para morar na China com o atacante. Apesar de ter jogado bem contra o Cerezo Osaka, o camisa 10 acha que voltará para o banco de reservas nesta sexta, já que teve menos tempo para treinar. Porém, garante que vai corresponder às expectativas criadas com sua contratação.
- É tudo novidade aqui. Mas o profissional tem que encarar essas aventuras. Estou começando a me adaptar agora, fiz dois jogos. Estou pegando o jeito, a forma como eles jogam. Mas vai demorar um pouquinho para jogar como jogava no Brasil. Estou tranquilo, pelo meu passado no Brasil, de fazer muitos gols, hoje me consideram o atacante mais famoso da China. A camisa 10 ainda tem o peso de ser a do melhor jogador do clube (risos). Eu falo para eles: "Segura um pouquinho aí, tenho que me adaptar" (risos) - contou.
Com 11 horas na frente no relógio por causa do fuso horário, Obina brinca e diz que tem que acordar cedo para matar a saudade da família pelo telefone, para não ligar para o Brasil de madrugada. Quando procura informações na internet sobre o futebol brasileiro, o primeiro clube na cabeça é o Atlético-MG, onde deixou saudades na torcida.
- Acompanho o Galo sempre. Vejo todas as notícias, mas olho mais o Galo. Isso é normal, acabei de sair de lá, tive uma identificação grande, deixei amigos. Vejo Atlético, Flamengo, Vitória... Um pouco de todos.
Ah, para quem ficou curioso, o nome de Obina em chinês se escreve assim: 奥比纳.

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