segunda-feira, 30 de julho de 2012

Alegria em preto e branco

Liderança do Campeonato Brasileiro contagia atleticanos, que esperam ver a equipe manter a regularidade. Euforia se reflete nas arquibancadas, com estádio cada vez mais cheio
Roger Dias - Estado de Minas
Publicação:10/07/2012 07:00
O misto de alegria, orgulho e satisfação domina o torcedor do Atlético, que vive a euforia de ser líder do Campeonato Brasileiro. Desde as primeiras horas de ontem, diversas pessoas desfilaram com a camisa preta e branca nas ruas, praças e parques de Belo Horizonte. A fase da equipe é positiva e todos alimentam a expectativa de que a equipe, desta vez, mantenha o bom desempenho até o fim. Alcançar o primeiro lugar é o começo para que a esperança de dias melhores renasça na torcida. A cada vitória, a massa espera que os jogadores e o treinador Cuca tenham encontrado o caminho rumo ao sonhado segundo título do Nacional.
Cada torcedor expressa sua paixão pelo Galo de forma particular. Mesmo de longe, o pequeno Guilherme Macedo Cunha, de 11 anos, vibrava com os jogos da equipe pela TV em Bauru (SP), onde mora com a mãe, a coordenadora de cobranças Priscila Macedo, de 29. No domingo, eles viajaram cerca de 800 quilômetros até BH, para ver o time de perto: no Independência, assistiram à vitória sobre a Portuguesa por 2 a 0, na estreia do goleiro Victor. “Chegamos ontem (domingo) e vamos embora depressa, mas vale a pena ver o Atlético vencer. Gostei muito da estreia do Victor e da atuação do Ronaldinho Gaúcho”, diz Guilherme.
Ele aproveitou a curta passagem pela capital mineira para fazer compras na loja do clube no Centro da cidade. Em vez de escolher a camisa personalizada de Ronaldinho Gaúcho (com o número 49 às costas), Guilherme levou a 10, pertencente justamente ao atacante que é seu xará. Diferentemente das histórias nas quais o amor pelo clube passa de pais para filho, no caso dessa família, foi a paixão do filho pelo alvinegro que contagiou a mãe. “Passei a torcer pelo Atlético por causa dele. Ele sofre demais, chora e fica irritado só de ver o Galo jogar. Os dias de jogos se tornam motivos de festa ou tragédia.”
A euforia da torcida vem se refletindo no aumento crescente de público e renda nos jogos no Horto –14.740 na vitória por 1 a 0 sobre o Corinthians, 16.580 no empate por 1 a 1 com o Bahia, 16.367 na goleada por 5 a 1 sobre o Náutico e 18.875 no triunfo sobre a Portuguesa, recorde de pagantes do novo Independência (incluindo jogos de Cruzeiro e América). A redução dos preços dos ingressos na área vip, de R$ 200 para R$ 100, na partida contra a Lusa, também ajudou no incremento da receita. Os cofres do clube alvinegro agradecem, pois foram arrecadados cerca de R$ 2,4 milhões nesse período, só com as partidas do Galo.
Para o aposentado Aílton Corrêa dos Santos, de 52 anos, vale até provocar o rival Cruzeiro, que despencou na classificação e ocupa o sexto lugar: “Não gosto muito de tirar sarro, mas de vez em quando é bom insultá-los sadiamente. Faz parte da rivalidade. Mas temos de comemorar muito esta fase positiva. O time está bem e pronto para ser campeão brasileiro. Ninguém punha fé no Ronaldinho Gaúcho, mas ele vem mostrando vontade e nos levará ao título”. Ele acompanhou todos os jogos do Galo em casa, exceto a vitória sobre a Lusa.
FEITOS O Atlético tenta repetir os feitos do Cruzeiro (em 2003) e do Corinthians (no ano passado), que eram líderes na oitava rodada do Brasileiro, mantiveram o ritmo e chegaram com força ao fim, festejando o título. Em 2009, quando era comandado por Celso Roth, o Galo também arrancou bem e alcançou a ponta da classificação depois de oito rodadas, mas não se segurou – sofreu cinco derrotas nas últimas rodadas e terminou em sétimo lugar.
Baseado no exemplo do passado, as conversas de Cuca têm ajudado o grupo a rever os erros e a encarar todos os adversários com humildade e inteligência. “Ainda é cedo para qualquer constatação. Mas tudo tem funcionado até aqui, porque mantivemos a regularidade no Brasileiro. Vamos confiar na força do nosso grupo. Eu precisarei de todos, porque teremos problemas de contusão e lesão. Cabe a eles mostrar que querem ser titulares.”
Os jogadores fizeram um pacto de seguir o conselho do treinador. “Aqui não tem espaço para comodismo. A gente está vivendo um momento bom, mas não podemos nos acomodar. Não ganhamos nada. Estamos no caminho certo. Se a gente continuar com essa humildade, essa perseverança, essa luta e esse espírito de equipe, com certeza, vamos longe na competição”, observa o volante Pierre.
Com seis vitórias em oito jogos, o time alvinegro volta a campo diante do Figueirense no sábado, às 18h30, no Orlando Scarpelli, na estreia do uruguaio Loco Abreu pelo time catarinense. A expectativa é de que os ingressos se esgotem com poucas horas de venda. O Atlético se reapresenta hoje à tarde, na Cidade do Galo.

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