terça-feira, 18 de fevereiro de 2014


Milhões do Bernard vêm aí
Atlético afirma ter encaminhado acordo com a AGU para nos próximos 30 dias renegociar dívidas e desbloquear verba retida pela Fazenda Nacional. Parcelamento seria de 60 meses
Eduardo Murta - Estado de Minas
Publicação:
18/02/2014 08:38
Atualização:
18/02/2014 08:42
A novela dos bloqueios financeiros de recursos do Atlético deve ser encerrada nos próximos 30 dias. O clube anunciou ontem ter fechado um acordo preliminar com a Advocacia Geral da União (AGU) e a Fazenda Nacional, em Brasília, para repactuar suas dívidas tributárias, superiores a R$ 200 milhões. Os detalhes, conforme a diretoria alvinegra, serão acertados até a segunda quinzena de março. Até lá, as execuções fiscais seriam suspensas. O Galo vinha reclamando de discriminação, alegando que outras equipes haviam obtido renegociação, enquanto o time mineiro não obtinha sucesso em seus pedidos de reavaliação.
Por meio de sua assessoria de imprensa, a AGU foi mais cautelosa, antecipando que foi estabelecido um canal de negociação, mas que novos encontros serão marcados. A reunião entre o presidente do Atlético, Alexandre Kalil, e o Advogado-Geral da União, Luís Inácio Lucena Adams, ainda conforme a AGU, não teve caráter decisório, mas de encaminhamento. “Foram discutidas medidas e ações para equacionar as dívidas tributárias do Clube Atlético Mineiro. O tema não se esgotou e novas reuniões devem ocorrer”, diz a nota.
Desde agosto o Atlético trava uma batalha com a Fazenda Nacional para liberar parte do dinheiro da venda do meia-atacante Bernard ao Shakhtar Donetsk, da Ucrânia, bloqueado por causa de dívidas tributárias (R$ 35 milhões, de um total de R$ 72 milhões, segundo os dirigentes alvinegros). O diretor de Planejamento do Atlético, Rodolfo Gropen, está otimista: “Foi reaberta a negociação e a expectativa é finalizar esse acordo em 30 dias”, afirmou. “E uma vez feito o acordo, esperamos a liberação de pelo menos parte do dinheiro bloqueado”.
O passivo tributário inclui débitos até mesmo da década de 1990, observa o dirigente. O parcelamento seria feito em até 60 meses, em pagamentos cujo valor pode variar mês a mês. “Diante dos dados que o Kalil nos passou, estamos confiantes em resolver de uma vez por todas esse passivo”, declarou Gropen.
As contrapartidas que o clube apresentaria não foram definidas neste encontro de ontem. “Não se falou ainda em garantias. Vamos trabalhar nisso a partir de amanhã (hoje)”, afirmou Gropen. Nas negociações anteriores, a Fazenda Nacional não havia acatado as referências patrimoniais apresentadas pelo alvinegro para repactuar a dívida.
Antes da viabilização do entendimento, o diretor jurídico Lásaro Cunha sugeria existir discriminação ao Atlético, sustentando que os pagamentos foram suspensos porque ficaram inviáveis para o caixa atleticano. “O Atlético considera que está sendo discriminado. O governo federal não expôs nenhuma justificativa para não cumprir os termos acordados. O que nós queremos é um acordo nos mesmos modos de outros clubes do Brasil, como o Flamengo”, defendeu.
LEILÃO Sobre o possível leilão da sede do clube, em Lourdes, por causa da suspensão de pagamentos de dívidas – autorização concedida pela 25ª vara da Justiça Federal em Belo Horizonte, na sexta-feira –, Cunha disse que vai recorrer. “Temos um longo percurso jurídico para percorrer antes da execução do leilão. E quando não houver mais alternativas ao clube, temos a opção de retomar os pagamentos”, disse Lásaro, em entrevista ao Portal Superesportes.

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