Estreante de personalidade
Depois de um único treino, o argentino Otamendi atuou com segurança ao lado de Leonardo Silva. Zagueiro recebeu elogios de Autuori e, com contusão de Réver, será mantido no time
Lilian Monteiro - Estado de Minas
Publicação:
17/02/2014 08:30
O nome dele é Nicolás Otamendi. O argentino, que fez um treino na sexta-feira e foi titular na zaga do Atlético no clássico de ontem sem conhecer o Independência, sem nunca ter jogado no futebol brasileiro e, bem provável, sem saber o nome de todos os seus novos companheiros, caiu numa fogueira e saiu ileso. Com personalidade, bom passe e posicionamento correto, ele mostrou como cartão de visita um futebol seguro.
Tranquilo, Otamendi contou com Dátolo para formar uma barreira argentina pelo setor esquerdo da defensa, onde o Cruzeiro concentrou boa parte do jogo. Leonardo Silva também procurou auxiliá-lo com aproximação, já que em jogos com o rival a pressão é dobrada. Ao fim, deu tudo certo para o estreante, que deve ser titular com a cirurgia de Réver no tornozelo.
Mesmo sob o impacto da partida, o novato, de 1,83m, exibiu a tradicional raça argentina, aliada a um toque de futebol que os hermanos conhecem bem. O zagueiro gostou do que produziu. “Estou muito contente. Fiquei impressionado com o clima, do primeiro ao último minuto. Estou feliz.” Aliás, só não saiu mais satisfeito porque “queríamos a vitória”. Ele fica no Galo por empréstimo, em princípio, até 30 de junho.
Aos 26 anos, está confiante em ajudar o Atlético a chegar longe na Libertadores, o que lhe daria a chance de ficar até agosto, e também buscar o tricampeonato mineiro. “Vou trabalhar para chegar o mais longe possível em todas as competições.”
O técnico Paulo Autuori, que exaltou a evolução da retaguarda do Atlético, “defensivamente a equipe foi mais sólida”, rasgou elogios a Otamendi. “Ele chegou, fez um treino e jogou. Diante disse, exibiu toda a sua experiência e competência. Ajudou também entrar num time mais organizado defensivamente.”
Para o comandante atleticano, vale destacar na atuação de Otamendi o “altíssimo nível competitivo, que impressiona a todos”. E ainda sua postura de jogo inteligente. “Ele tem uma leitura de jogo muito alta, o que me deixa tranquilo. É o estilo, o perfil de jogador que eu gosto.”
Autuori ficou realmente satisfeito com o futebol apresentado pelo estreante. “Com experiência e qualidade, parecia que ele jogava no Atlético havia algum tempo. O que mostra seu valor.”
REFERÊNCIA E tanto Atlético quanto Paulo Autuori, que sofre pressão desde o anúncio do seu nome em substituição a Cuca no comando do Galo, vão precisar do futebol de Otamendi, já que depois de Emerson, com ruptura dos ligamentos do tornozelo direito e fratura na fíbula, fora de combate, o time também fica sem Réver.
Por isso, o zagueiro argentino terá de buscar entrosamento recorde para garantir atuações cada vez melhores e seguras. E terá de fazer isso jogando. A próxima partida do Galo é quarta-feira, 6ª rodada do Campeonato Mineiro, contra a URT, no Zama Maciel, em Patos de Minas. Mas, para quem estreou num clássico com a torcida em cima e segurou a pressão, passou no teste.
ENQUANTO ISSO...
Réver será operado
O zagueiro Réver será operado nos próximos dias. Ele segue com dores no tornozelo esquerdo e a recuperação com tratamento padrão não foi a esperada. “O Réver, apesar de todo o tratamento conservador, ainda sente dor no tornozelo esquerdo, tem um impacto que gera uma inflamação com edema ósseo. Será submetido a um procedimento cirúrgico nesta semana para correção dessa lesão. Todo o tratamento feito até então não surtiu efeito desejado. O quanto antes ele for submetido a esse procedimento, mais cedo teremos o atleta de volta”, explicou o médico Rodrigo Lasmar. Segundo Lasmar, a recuperação pode durar até três meses. O defensor se machucou no tornozelo pela primeira vez em novembro, durante o jogo contra o Santos no Horto.
DAQUI PARA O FUTURO
Não bastasse a dívida...
O presidente do Atlético, Alexandre Kalil, estará hoje em Brasília, onde se reúne com membros da Advocacia Geral da União (AGU) na tentativa de chegar a acordo com a Fazenda Nacional para parcelar dívidas tributárias e finalmente receber os R$ 54 milhões da venda do atacante Bernard ao Shakthar Donetsk, da Ucrânia. Os recursos estão bloqueados. Mas esse não é o único problema do alvinegro, pois uma decisão da 25ª Vara da Justiça Federal, em Belo Horizonte, autorizou o leilão da sede do clube, em Lourdes, por causa de débitos fiscais. Segundo a medida, o bem precisa primeiro ser reavaliado, o que deve ser feito no prazo de cinco dias.