domingo, 4 de setembro de 2011

Triunfo de um homem só

O clássico mineiro que fechou o turno ficou aquém do esperado tecnicamente. Melhor para o Cruzeiro, que tinha um camisa 10 capaz de decidir %u2013 e de afundar ainda mais o Atlético
Antônio Melane - Estado de Minas
Publicação:29/08/2011 07:00
Atualização:29/08/2011 10:28
Um clássico é sempre aguardado com muito interesse pelo torcedor. Na atual conjuntura do futebol mineiro, um Atlético x Cruzeiro pelo Brasileiro ainda mais, pela necessidade de vencer de ambos. Esperava-se alta técnica, jogadas emocionantes, gols para arrancar lágrimas e momentos para fazer heróis, e nem o tempo seria capaz de apagar da memória os lances mais emocionantes. Mas o jogo de ontem, vencido pelos celestes por 2 a 1, na Arena do Jacaré, pela 19ª rodada, que encerrou o primeiro turno, pode ser resumido a um único nome: o craque argentino Walter Montillo. Com dois gols e atuação de garra e técnica, o camisa 10 mostrou que, no que depender dele, a Raposa pode chegar longe na competição.
Quem vence um clássico como esse não pode deixar de pensar no melhor. “Vamos subir muito na classificação”, disse orgulhoso o personagem da partida. Ele deveria ser carregado pelo torcedor cruzeirense. Pena que seu show não tenha sido no Mineirão, onde aliás nunca atuou pelo Cruzeiro, e só tenha ocorrido diante da torcida rival em Sete Lagoas.
Outros estrangeiros, como o colombiano Aristizábal, o argentino Sorín e o uruguaio Revétria, também fizeram história no clássico. Mas o que Montillo fez ontem foi especial, ainda mais com o futebol apresentado por sua equipe: bem abaixo de sua capacidade, sobretudo no segundo tempo. Para o valente armador, não havia bola perdida. Iludiram-se aqueles que imaginavam que ele ficaria apenas esperando lançamentos. Mas o craque brigou tanto pela bola, que levou cartão amarelo (o terceiro) por falta em Fillipe Soutto.
Quando mais se acreditava que o Atlético poderia fazer o segundo gol ou o jogo terminar em empate, Montillo pegou a bola pela direita, livrou-se de um adversário e chutou para superar Renan Ribeiro. No primeiro tempo, em lance rápido, já tinha balançado a rede para abrir o marcador. O Galo só igualou na segunda etapa, em chute de Fillipe Soutto de fora da área, no ângulo esquerdo de Fábio.
Pode-se dizer que o alvinegro comandou as ações. Teve mais a posse de bola, mas foi um domínio falso. Tanto que ficou praticamente o segundo tempo inteiro no campo do Cruzeiro e não conseguiu penetrar. Seu gol foi em lance isolado.
A Raposa, sob o comando de Joel Santana, chegou perto do objetivo do técnico: “Precisávamos terminar a primeira metade com 30 pontos. Sabemos que não daria, mas três a menos é a certeza de que estamos na briga por uma vaga na Libertadores. Basta ter proveitamento um pouco melhor”. Ninguém falou em arrancada rumo ao título, mesmo com a segunda vitória consecutiva sobre o rival.
Ainda a exaltar na vitória celeste a capacidade de se defender, destacada pelo armador Roger no intervalo: “Estamos fazendo um jogo inteligente, mas não podemos permitir o empate, porque aí o jogo ficará perigoso”. Ele foi preciso, parecia profetizar o que iria acontecer. Só que se esqueceu de Montillo.
FRUSTRAÇÃO Para o torcedor atleticano, fica a decepção de mais uma derrota. Mas não uma qualquer. É a sétima rodada sem vencer no Brasileiro e a sexta derrota sob o comando de Cuca (duas delas pela Copa Sul-Americana). Quem apostava que a recuperação seria a partir de ontem foi embora de cabeça ainda mais baixa. O torcedor atleticano não consegue acreditar no que está ocorrendo: seu time fechando o turno em penúltimo lugar, à frente do também mineiro América. A reação tem de começar já na quarta-feira, diante do Atlético-PR, na Arena da Baixada.
Na ânsia de encontrar um vilão, parte da massa ficou atrás do gol de Renan Ribeiro depois do segundo gol de Montillo, no qual ele falhou. Mas o que mais está faltando mesmo ao Galo é futebol.

Nenhum comentário: