segunda-feira, 26 de setembro de 2011

ESPECIAL Mineiro Ailton, ex-Atlético, é um dos artilheiros da Liga dos Campeões


Após sair da Suécia, Ailton foi tricampeão do Campeonato Dinamarquês pelo Copenhague

Desconhecido no Brasil, atacante de Santa Maria de Itabira é destaque no APOEL
Thiago Madureira - Superesportes
Publicação:26/09/2011 17:45
Atualização:26/09/2011 17:48
Ele é um dos destaques entre os 64 jogadores brasileiros que disputam o mais importante torneio interclubes da Europa, a Liga dos Campeões. Aos 27 anos, atuando pelo modesto APOEL, do Chipre, o até então desconhecido atacante Aílton Almeida, revelado pelo Atlético, é o vice-artilheiro da competição com cinco gols – somando os feitos nas fases preliminares –, dois a menos que o eslovaco Marek Bakoš, do Viktoria Plzen, da República Tcheca.
O mineiro de Santa Maria de Itabira, município que fica a 130 km de Belo Horizonte, está empolgado com o melhor momento da carreira e traçou uma meta ambiciosa: desbancar o atual artilheiro das últimas três edições do torneio, Messi, e conquistar a Chuteira de Ouro.
A título de comparação, Messi fez 12 gols na última Liga dos Campeões.
“Já ganhei alguns títulos, mas disputar a Liga dos Campeões é muito especial, uma vez que reúne os melhores do mundo. Procuro sempre fazer o máximo de gols em todos os campeonatos e com certeza seria muito especial ser o artilheiro”, pondera o camisa 8 do APOEL, que chegou ao clube em 2010 por apenas 800 mil euros.
Para alcançar seu objetivo, Aílton terá que superar, além dos goleiros, o modesto retrospecto dos atacantes brasileiros na competição. Das 55 edições, apenas em cinco o artilheiro do torneio nasceu no Brasil: Mazzola (1962/63); Romário por duas oportunidades (1989/90, 1992/93); Rivaldo e Jardel (1999/00); e Kaká (2006/07).
A despeito de estar em um grupo sem times do primeiro escalão, Porto, Shakhtar Donetsk e Zenit, e ocupar a vice-liderança, com o mesmo número de pontos do líder, o APOEL é considerado o grande azarão da chave G. “Estamos bem preparados e confiantes de que podemos fazer uma boa campanha na fase de grupos, apesar de sermos considerados a equipe de menor prestigio. Acredito que podemos alcançar uma boa pontuação”, analisa o jogador, destacando também a fácil adaptação ao estilo de vida da população cipriota. “É um lugar bom de se viver. E eles também são apaixonados por futebol”, complementa.
Ailton voltará a campo pelo APOEL nesta quarta-feira, em Donetsk, na Ucrânia, onde enfrentará o Shakhtar.
Trajetória
Ailton trilhou um caminho pedregoso para conseguir um lugar ao sol. “Enfrentei muitas dificuldades. Morávamos, eu e minha família, em uma cidade (Hematita) muito pequena e não havia recursos. O município mais próximo ficava a 22 km, Santa Maria de Itabira. Lá, havia uma escolinha de futebol onde comecei minha jornada esportiva”, conta. Em busca do sonho, aos dez anos, Ailton já vivia uma rotina pesada para um garoto: “Saía de casa pela manhã no único ônibus que passava em meu distrito. Estudava, treinava na escolinha e voltava à noite para casa”, relembra.
Habilidoso, Ailton logo conseguiu chamar a atenção dos olheiros do Atlético. “Cheguei a jogar no juvenil e juniores. Entretanto, não atuei pela equipe profissional, creio que seja em função da forte concorrência”, explica. Foram quatro anos no Galo. “Pra mim, foi um período de muita aprendizagem e oportunidade de poder mostrar o meu potencial. Sou grato ao Atlético”.
Sem chance entre os profissionais, Ailton foi emprestado ao Tupi e, depois, repassado ao Corinthians-AL, onde representantes do Örgryte, da Suécia, contrataram-no. “Meu passe pertencia ao Atlético, não me lembro do valor da negociação. Embolsei uma quantia muito pequena”.
Depois de um período de adaptação, o atacante alcançou uma posição de evidência no futebol sueco. “O começo foi difícil principalmente por causa do frio. Meu time não era de ponta, mas me destaquei e fui vendido ao Copenhague”. A negociação de Aílton para a Dinamarca, onde foi tricampeão dinamarquês, é considerada a mais cara da Suécia: três milhões de euros.
Com a possibilidade de jogar a Liga dos Campeões, o atacante brasileiro trocou o frio da Suécia pelo clima agradável do Chipre - ilha localizada no Mar Mediterrâneo -, como ele próprio descreve. Em pouco tempo, Aílton foi considerado o melhor jogador do Campeonato Cipriota 2010/11 e atraiu a atenção dos grandes da Europa. “Estou muito feliz e satisfeito tanto profissionalmente quanto pessoalmente aqui”, diz o atacante, que não pretende, pelo menos por enquanto, voltar ao Brasil.
Aílton José Almeida
Nascimento: 20/08/1984 (27 anos)
Naturalidade: Santa Maria de Itabira (MG)
Altura: 1,80 metro
Clubes: Atlético-MG, Tupi-MG, Corinthians-AL, Orgryte-SUE, Copenhagen-DIN e APOEL-CYP
Títulos:
Campeonato Dinamarquês (2006/07, 2008/09, 2009/10), pelo Copenhagen
Copa da Dinamarca (2008/09), pelo Copenhagen
Campeonato Cipriota (2010/11), pelo APOEL
Supercopa do Chipre (2011), pelo APOEL

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