segunda-feira, 11 de julho de 2011

Recepção de 'gala' aos alvinegros

Depois da goleada para o Ceará e a queda para a zona de rebaixamento, torcedores foram ao aeroporto de Confins, ontem à noite, protestar
Ludymilla Sá - Estado de Minas
Publicação:08/07/2011 07:00
Atualização:08/07/2011 10:34
As três goleadas seguidas no Campeonato Brasileiro – Flamengo (4 a 1), Internacional (4 a 0) e Ceará (3 a 0) –, que valeram a queda do time para a zona de rebaixamento ao término da oitava rodada do Campeonato Brasileiro, tiraram o atleticano do sério. Mais de 50 pessoas, entre torcedores e curiosos, foram ao desembarque da delegação alvinegra, ontem à noite, no aeroporto de Confins, e não pouparam ninguém. Sob forte esquema de segurança, a recepção aos jogadores e comissão técnica foi com vaias, pipocas e xingamentos de todo tipo.
As ofensas mais incisivas foram desferidas contra o volante Richarlyson. Nitidamente nervoso, o jogador tentou agredir um torcedor quando questionado pelo desempenho do time. Mas foi contido pelos policiais. “Apenas perguntei para ele por que tinha dado tanto mole assim no Ceará. Ele enlouqueceu e veio para cima de mim. Quase levei um soco no rosto. Lamentável como jogadores de futebol se tornaram intocáveis. Busquei o diálogo, por acaso com o Richarlyson, e veja o que aconteceu”, contou Márcio Murari, de 31 anos, desconcertado.
Diante de tanta confusão, ninguém parou para falar com a imprensa. Desolados, os jogadores entraram no ônibus e seguiram para a Cidade do Galo acompanhados pela PM. Os torcedores ameaçaram seguir em comitiva e dar sequência à manifestação na portaria do CT. Mas foram intimidados pelo número de policiais que acompanharam a delegação.
Pior que o Luxa O técnico Dorival Júnior chegou ao Galo em setembro do ano passado e conseguiu livrar o time da zona da degola, onde Vanderlei Luxemburgo o havia colocado. Este ano, chegou à decisão do Campeonato Mineiro, perdendo o título para o Cruzeiro. No Campeonato Brasileiro, a equipe até que começou bem, mas hoje Dorival tem feito campanha pior que a do antecessor, atualmente no Flamengo. Na era Luxa, passadas oito rodadas, o Atlético havia somado nove pontos. Agora tem um ponto a menos, sem contar que levou três goleadas seguidas, o que revolta a torcida.
Mesmo com o vexame em Fortaleza, Dorival permanece no cargo. Pelo menos por enquanto. Segundo o diretor Eduardo Maluf, não há motivos para mudança de comando, uma vez que o clube está se reestruturando. Ele confia na reabilitação e recomenda tranquilidade. “Estamos em um momento ruim e precisamos ter tranquilidade para avaliar, pois teremos um jogo no domingo”, destaca, referindo-se ao clássico com o América, às 18h30, na Arena do Jacaré.
Maluf afirma que o campeonato está no começo e qualquer mudança no momento seria precipitada, embora admita preocupação. “Estamos em um momento ruim, mas no começo da competição. Temos tudo para reverter, não podemos apagar os três últimos jogos, mas nesta hora precisamos ter sabedoria para mostrar que sabemos conviver com esse tipo de momento.”
O zagueiro Leonardo Silva emenda o discurso de Maluf. Ele aponta méritos no trabalho de Dorival Júnior e não acha benéfica a mudança de treinador. “No futebol, já foi provado que não adianta ficar mudando, que aí mesmo é que o resultado não vem. A gente tem de confiar no grupo e no comando, que tem feito tudo para nos ajudar e nos passar o melhor. Infelizmente, as coisas não vêm acontecendo. No momento não é hora de mudança. A gente tem é que mudar nosso espírito em campo.”
E é justamente uma mudança de postura que Dorival Júnior exige da equipe. Passando pelo pior momento no clube, o treinador assegura que tem feito o melhor possível. “O trabalho não está sendo simples desde o começo do ano. Eu não consigo a manutenção de uma equipe de um jogo para o outro. Tenho perdido jogadores importantes em momentos importantes, precisando recompor a equipe dentro da competição.”
E Dorival não conseguirá repetir o time também diante do Coelho. No clássico, o treinador não terá o lateral-esquerdo Leandro e o atacante Guilherme. Os dois saíram de campo em Fortaleza machucados e estão vetados pelos médicos. O primeiro machucou a coxa esquerda. O segundo, a direita. Eles farão ressonância magnética hoje. O volante Serginho machucou o tornozelo esquerdo, mas não deve ser problema. Por outro lado, retornam o lateral-direito Patric, o esquerdo Guilherme Santos e o armador Daniel Carvalho, que cumpriram suspensão automática contra o Ceará.
INGRESSOS A venda de ingressos para o clássico com o América começa hoje nos postos tradicionais. A diretoria atleticana convoca os torcedores, diante da necessidade do triunfo alvinegro para sair da situação crítica no campeonato. Cadeira comum custa R$ 10 e cadeira lateral R$ 50. Há meia-entrada para os dois setores.
A Confederação Sul-Americana de Futebol confirmou ontem as datas e os locais dos confrontos pela Copa Sul-Americana, que assegura ao campeão uma vaga na Libertadores do ano que vem. O Galo vai enfrentar o Botafogo, em 10 de agosto, às 21h50, inicialmente, na Arena do Jacaré. A partida de volta, no Rio, será no dia 23 do mesmo mês.
Fica, Dorival?
Sílvio Scalioni
Muitos pregam a injustiça que se comete no Brasil de, sempre que um time vai mal, sobrar para o técnico. Mas, ao analisar a atual situação do Atlético, fica a pergunta: compensa, para o clube e até mesmo para o próprio Dorival Júnior, que ele continue como treinador? Ninguém nega a seriedade do trabalho, mas quem pode resistir a uma fase tão ruim como esta? Ricardo Guimarães, em 2005, quando presidente, disse que morreria abraçado com Tite, defendendo a permanência deste, em situação idêntica à atual. Mudou tarde e o Galo acabou caindo para a Segunda Divisão. No ano passado, Alexandre Kalil disse coisa semelhante em relação a Luxemburgo. E quase que a tragédia se repete.

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