terça-feira, 12 de julho de 2011

Tensão e, no fim, as pazes

Só liminar libera entrada de torcedores americanos, e atleticanos passaram dos protestos no começo para apoio e euforia na vitória convincente depois de três derrotas seguidas
Silas Scalioni - Estado de Minas
Publicação:11/07/2011 07:00
Além de toda a tensão comum às torcidas de Atlético e América, devido às más campanhas no Campeonato Brasileiro, a diretoria do Atlético conseguiu pôr mais lenha na fogueira e criar um clima de animosidade e nervosismo antes do jogo de ontem. Até a pouco mais de meia hora para o início da partida, torcedores americanos ainda não tinham acesso ao estádio porque o Galo, como mandante, não havia liberado ao adversário carga de ingressos para o portão 3, no valor de R$ 10, e sim apenas lugares em setores que custam R$ 50. O protesto foi generalizado, e o presidente atleticano, Alexandre Kalil, que não esteve presente à Arena do Jacaré, se tornou a maior vítima da ira americana, inspirando ofensivas rimas.
O problema só foi resolvido depois de o advogado do Coelho, Marco Lisboa, entregar liminar do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) e da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) concedendo 1,1 mil ingressos aos americanos, número mais do que suficiente para os poucos torcedores alviverdes que foram a Sete Lagoas. “O Atlético desrespeitou o Estatuto do Torcedor, que manda haver liberação de ingressos 72 horas antes da partida”, acusou o engenheiro e empresário americano Célio Martins. Ex-ídolo atleticano, Reinaldo José de Lima, coincidentemente, estava no estádio distribuindo cartilhas do Estatuto do Torcedor. E concordou com Célio Martins: “Foi uma grande bobagem da diretoria atleticana. Um total desrespeito”, disse ele, aproveitando para comentar a fase alvinegra: “O momento é ruim. Existe muita incompetência na contratação de jogadores e na organização do time”.
Problemas mesmo com a torcida o Galo teve apenas na chegada da delegação. Na entrada do estacionamento, o ônibus foi cercado por torcedores, muitos com nariz de palhaço, que pediam raça, maior empenho dos jogadores e reclamavam do posicionamento (ou falta dele) da diretoria atleticana.
Dentro do estádio, refrões como: “Não é mole não, tem de ser homem para jogar no meu Galão”; “Ei Galo, vamos jogar...” e “Se o Galo não ganhar, olê, olê, olá, o pau vai quebrar” eram entoados por atleticanos, além de outros impublicáveis. Esse clima agressivo, porém, durou somente até o início da partida, pois, ao dominar o Coelho quase o tempo todo, os atletas deixaram de ser alvo de críticas. Jonatas Obina, como é bem característico da massa atleticana, foi ovacinado, já saindo de campo como novo ídolo.
Se o clima antes era ruim, pelo menos pelo lado atleticano tudo terminou bem. Já os americanos foram embora com a cabeça quente e reclamando da falta de empenho do time. Discussão maior, porém, só com a PM na saída do estádio, que não queria permitir a evasão de torcedores vestidos com a camisa do clube. “Querem que a gente saia sem camisa. E os atleticanos não terão de tirar as suas não?”, protestou o advogado Luiz Antônio de Assis.

Nenhum comentário: