sexta-feira, 8 de abril de 2011

Ricardo Bueno: o alvo da vez

Vexame na Copa do Brasil enfurece ainda mais a massa. Torcedores pegam no pé de quem ocupa posições carentes no time, principalmente Ricardo Bueno, substituto de Tardelli
Paulo Galvão - Estado de Minas
Publicação:08/04/2011 07:06
Hostilizados pela torcida no empate sem gols com o Prudente quarta-feira, em Sete Lagoas, que causou a eliminação do Atlético da Copa do Brasil, alguns jogadores terão de mostrar muito mais com a camisa do Atlético do que têm feito. O lateral-direito Rafael Cruz e, principalmente, o atacante Ricardo Bueno são os alvos da vez da ira da massa, por ocuparem posições em que há nítida carência de futebol.
O caso do camisa 9 ainda é mais grave, pois os torcedores ainda têm fresca na cabeça a memória dos gols de Diego Tardelli, o principal artilheiro do país em 2009, recentemente vendido ao russo Anzhi. Contratado no meio do ano passado, com a credencial de artilheiro do Campeonato Paulista pelo modesto Oeste, de Itápolis, Ricardo Bueno em nenhum momento justificou o investimento. Já está barrado para o jogo de domingo contra a Caldense, em Poços de Caldas.
Este ano, com a saída de Obina, seguida das de Tardelli e Jóbson (insatisfeito, pediu para retornar ao Botafogo), ele recebeu as oportunidades que até então não vinha tendo. E, apesar de prestigiado pelo técnico Dorival Júnior e de dois gols de cabeça, contra Villa Nova e Uberaba, não conseguiu fazer com que a torcida se esquecesse dos ídolos que se foram.
Para complicar, o time caiu de produção e tem encontrado dificuldades para transformar em gol as chances criadas. Resultado: a torcida direciona seus protestos a quem deveria solucionar a falta de mais bolas na rede. O empate com o Prudente foi o clímax desse sentimento de revolta. No meio do segundo tempo, Ricardo Bueno acabou substituído por Mancini. Nem depois do 0 a 0 na Arena do Jacaré nem antes do treino de ontem à tarde, na Cidade do Galo, ele deu entrevistas.
PREJUÍZOS A eliminação precoce do Atlético na Copa do Brasil vai causar prejuízos dentro e fora do campo. Se o técnico Dorival Júnior, os jogadores e a própria diretoria, que veem a pressão crescer assustadoramente, precisarão dar resposta no Campeonato Mineiro, o clube deixará de arrecadar valores que poderiam ser úteis, mesmo que os cofres estejam cheios depois da negociação de Tardelli e do armador Diego Souza.
Dentro de campo, a queda logo na segunda fase da competição mata-mata significa que o período de turbulência, marcado pela queda de rendimento da equipe e pela saída de jogadores importantes, ainda está longe de terminar. Dorival Júnior se esforça para remontar o time a tempo de brigar pelo título mineiro, que amenizaria um pouco a dor da torcida, já bastante machucada e vinda de mais um duro golpe com o tropeço diante do Prudente, praticamente rebaixado no Campeonato Paulista.
Independentemente da conquista do bicampeonato estadual, o desejo dos atleticanos é que a equipe entre minimamente estruturada no Campeonato Brasileiro. Os últimos acontecimentos devolveramcom força o temor de que se repita o desastre de 2005, quando o Galo foi rebaixado à Série B.
O técnico, porém, tenta buscar otimismo. “Ficamos tristes por perder a vaga, mas pelo menos ganhamos uma coisa que faltou em outros jogos, que foi a vibração. Fiquei muito satisfeito com o empenho mostrado pelos atletas, que honraram a tradição do Atlético. Tenho certeza de que vamos retomar nosso caminho e chegar aonde queremos.” Para Dorival Júnior, o fiasco na Copa do Brasil vai ajudar no amadurecimento do grupo.
A comissão técnica parece atenta à possibilidade de o fracasso no segundo torneio mais importante do Brasil não aumentar ainda mais a ansiedade dos jogadores. De qualquer forma, é certo que ele torna a conquista do Estadual imprescindível para o time iniciar o Brasileiro com a tranquilidade desejada.
Fora das quatro linhas, o maior prejuízo é no bolso. Se conquistasse o título inédito, o Atlético receberia R$ 3,3 milhões no total, mais do que sua folha salarial mensal. Só pela participação nas oitavas de final, seriam R$ 250 mil; nas quartas de final, subiria para R$ 330 mil, chegando a R$ 430 mil nas semifinais. O campeão receberá R$ 2,2 milhões; o vice, R$ 1,2 milhão.
O valor pode ser considerado pequeno, mas não quando se pensa quanto o clube poderia arrecadar de patrocínio – ainda não tem patrocinador para a manga das camisas, por exemplo. E, principalmente, se voltasse a participar da Copa Libertadores, direito assegurado a quem conquista a Copa do Brasil.
Para completar o prejuízo da disputa com o Prudente, o Galo não contará com o zagueiro Leonardo Silva e o volante Serginho na estreia no Brasileiro em 21 de maio, contra o Atlético-PR, na Arena da Baixada. Expulsos na quarta-feira, terão de cumprir suspensão automática.

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