O Mineirão se transformou em um imenso canteiro de obras, 100 dias depois do inicio da terceira etapa das obras de modernização do estádio. O término da reforma será em 31/12/2012
RETIRADA INTENSIFICADA DE CADEIRAS
Operários trabalham para tirar as cadeiras antigas, que serão substituídas por outras aceitas pela Fifa
Cadeiras antigas do Mineirão já retiradas e empilhadas à espera do transporte
Guyanne Araújo
Em Belo Horizonte
As antigas cadeiras do Mineirão, substituídas por não atenderem aos padrões Fifa, viraram objeto de disputa por parte de estádios e ginásios em Minas Gerais. Em dezembro do ano passado foi anunciado o repasse de 43 mil cadeiras para cinco instituições do interior, mas com a chegada de 20 ofícios requisitando-as, foram definidas 11 novas ‘casas’ para os objetos. O número final significa mais que o dobro de destinos pensados inicialmente.
O processo da retirada das cadeiras do estádio termina no próximo mês e no total 49,5 mil cadeiras serão reaproveitadas, levando maior conforto a ginásios e estádios. “É uma coisa muito legal, porque são três, cinco mil cadeiras, que fazem uma diferença muito grande para os estádios pequenos”, salientou o secretário extraordinário da Copa do Mundo em Minas Gerais, Sérgio Barroso.
De acordo com a assessoria de comunicação da Secopa, para atender à demanda completa seriam necessárias 100 mil cadeiras, ou seja, o dobro do material existente. Apenas um dos locais anunciados anteriormente desistiu de levar as cadeiras para casa. O Democrata de Governador Valadares, que ficaria com 5 mil cadeiras, foi obrigado a desistir, de acordo com a Secretaria Extraordinária, por falta de verba para arcar com a retirada e o transporte.
Em média, o processo de retirada custa R$ 9 reais por cadeira, sem contar com o transporte, sendo que os dois casos são de responsabilidade da instituição beneficiada com a doação. Outros quatro lugares que já iam receber as cadeiras permaneceram com o mesmo número destinado, mas os sete novos lugares receberão as cadeiras em menor quantidade. Algumas cadeiras estão ficando na capital mineira mesmo, como as 1.300 que foram para o ginásio do clube Mackenzie e as 2 mil para o Estádio Baleião.
“Estive em Ipatinga e vi três mil lá”, contou Sérgio Barroso. Segundo ele, esse número aumentou porque antes havia sido feita uma previsão de margem de quebras, que está acontecendo em número menor. “Felizmente a retirada está tão boa que não está quebrando e com o passar do tempo sobram algumas cadeiras. Qualquer cadeira que sobra estamos atendendo o pedido por ordem de entrada”, comentou.
Sérgio Barroso garante que não há ingerência política na definição do destino das cadeiras do Mineirão. “Não estamos privilegiando nenhuma cidade do interior, nenhum clube do interior. Os pedidos estão atendidos baseados na possibilidade e na ordem de entrada, que é a única maneira democrática que a gente vê para tratar o assunto”, explicou. As cadeiras, que serão substituídas por outras retráteis, foram instaladas em 2004 para o jogo entre Brasil e Argentina, pelas eliminatórias da Copa de 2006.
Segundo informações da Secopa, dos 11 lugares que receberão as cadeiras, sete já as retiraram e fizeram o transporte. Dos quatro que faltam, todos estão em processo de retirar as cadeiras: o Estádio do Villa Nova em Nova Lima com 8 mil cadeiras; o Estádio do Mamoré em Patos de Minas com 3 mil cadeiras; o Estádio do URT em Patos de Minas 2 mil cadeiras e o Estádio Parque do Sabiá, em Uberlândia, com 25 mil cadeiras.
O secretário de Obras da Prefeitura Municipal de Nova Lima, Antônio Bortoletti, informou que já foi providenciada a retirada de 3 mil das 8 mil cadeiras destinadas ao Estádio Municipal Castor Cifuentes. “As cadeiras já retiradas estão armazenadas lá no Mineirão e quando terminar iremos trazer para Nova Lima e colocar direto no estádio”, revelou. Ele ainda disse que tem encontrado algumas dificuldades, como parafusos enferrujados.
QUANTIDADE DE CADEIRAS JÁ RETIRADAS
LOCAL CIDADE NÚMERO
Estádio Usipa Ipatinga 3 mil
José Porfírio de Oliveira Pará de Minas 2 mil
Viva Barreiro Belo Horizonte 700
Ginásio Mackenzie Belo Horizonte 1.300
Estádio Baleião Belo Horizonte 2 mil
Esporte Clube Palmeirense Ponte Nova 1 mil
Estádio do Nacional Muriaé 1.500
O secretário destacou a importância dessas cadeiras para a cidade. “Elas representam muito. O Castor tem muita história em Minas e em âmbito nacional. Tem um time, o Villa Nova, de mais de 100 anos com uma rivalidade grande com os times da capital e agora é importante essa união”, refletiu. “Certamente vai trazer mais conforto e atrair mais o público, torcedor novalimense”, complementou.
Segundo o gerente de esportes da Usipa, Nilson Moura, as três mil cadeiras doadas pelo Governo de Minas ao clube. já foram retiradas. “Nós tivemos o privilégio de ter essa doação. Vamos aproveitá-las no ginásio, que sedia jogos de vôlei e lutas de judô, no estádio Lanari Junior e na pista de atletismo”, destacou.
Ele informou ainda que o estádio receberá a maior quantidade das cadeiras e explicou que um arquiteto está estudando os lugares que as receberão. “Estamos preparando cada lugar. O ginásio está sendo pintado e o piso vai ser trocado para receber as cadeiras. Vai ficar mais moderno e adequado para fazer frente às instalações das cadeiras que estão sendo preparadas”, afirmou.
O estádio Lanari Junior em Ipatinga é usado como palco de treinamento para o Ipatinga Futebol Clube e jogos de futebol regionais. “É um estádio bem antigo, vamos prepará-lo também para receber as cadeiras. Para o ano que vem receber os jogos da Usipa infantil e juvenil que voltamos para o Campeonato Mineiro”, afirmou. A instalação das cadeiras começará ainda neste mês.
Nilson Moura destacou ainda que o ginásio recebe competições mineiras de vôlei e judô e sonha com as partidas nacionais. “Como a Usiminas patrocina a equipe feminina de Vôlei do Minas, alguns jogos poderão ser realizados aqui pela Liga Nacional. Com maior conforto, esperamos trazer mais público”, sugeriu.
Visitas agendadas
Criado para envolver a população com as obras do estádio com reuniões, divulgações de informações sobre as obras e articular as visitas monitoradas ao Mineirão, o Centro de Referência teve que mudar de lugar com o avanço das obras. Segundo informações da Secopa, o local onde funcionava o centro de referência foi demolido e, com isso, as visitas reduzidas. O novo centro de referência fica no canteiro de obras, onde estão também refeitório, escritório e centro de convivência para os operários.
Com duração média de 30 minutos, os visitantes podem apreciar ainda uma maquete e assistir a um vídeo das obras. O contato com o centro de referencia pode ser feito por meio do site www.novomineirao.mg.gov.br . A demanda é atendida de acordo com o cronograma das obras.
Para intensificar o contato com moradores do entorno do estádio, foi contratada a ONG Rede Cidadã que fará a ouvidoria com caixas de sugestões para a obra. Funcionando desde 8 de novembro de 2010 no próprio estádio, o Centro de Referência integra o Plano de Mobilização e Comunicação Social para a obtenção da licença ambiental.
GOVERNO GARANTE QUE AS OBRAS DO MINEIRÃO ESTÃO 100% EM DIA
O secretário Sérgio Barroso garante que a obra do Mineirão continua 100% dentro do cronograma. Na parte externa estamos terminando a demolição, vamos tirar as árvores do entorno. Ai começa a construção da esplanada como na parte interna, contou. Segundo ele, só na construção da esplanada serão 73 mil metros quadrados de área construída. A construção deverá começar em 60 dias porque estamos recebendo licença de começar a tirar as árvores e vamos começar a moer o cimento sem a ferragem, disse.
Cerca de 50% da área externa no entorno já foi demolida onde será um espaço multiuso, circundando todo o estádio. A esplanada contemplará o novo estacionamento coberto. Já dentro do estádio, a antiga geral, a arquibancada inferior, lojas, escritórios e bares já foram derrubados. Cerca de 95% da demolição interna estão concluídos e em torno de 25% das escavações para sustentação da nova arquibancada já foram realizadas.
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