quarta-feira, 27 de abril de 2011

Na Páscoa, quem brilhou foi o Galo

Alvinegro começa em desvantagem, mas, depois de mudança no ataque, vira sobre o Coelho e quebra jejum de quatro anos
Roger Dias - Estado de Minas
Publicação:25/04/2011 07:00
Atualização:25/04/2011 10:17
Um jejum de quatro anos encerrou-se de forma heroica. Com inteligência, habilidade e, principalmente, maturidade, o Atlético praticamente encaminhou sua classificação à decisão do Campeonato Mineiro ao vencer o América por 3 a 1, ontem à tarde, na Arena do Jacaré. A virada mantém o sonho do bicampeonato estadual do Galo, além de sinalizar a evolução gradativa da equipe comandada por Dorival Júnior. Ainda falta muito para o alvinegro tornar-se um time competitivo e capaz de chegar ao título, mas os torcedores certamente deixaram o estádio satisfeitos.
Atração à parte da competição, graças ao brilhante desempenho do goleador Fábio Júnior, o América deixou o campo de cabeça erguida, confiante de que dias melhores virão em breve. O título mineiro ainda é obsessão entre os jogadores, certos de que terão uma semana de trabalhos intensos no CT Lanna Drumond. “Temos que acreditar sempre. Tudo pode ocorrer. É difícil reconhecer a derrota, mas temos condições de tirar a vantagem do adversário”, lamentou o goleiro Flávio.
O alto índice de acidentes e mortes nas estradas mineiras provavelmente desmotivou os torcedores a comparecer na Arena do Jacaré. No fim de Semana Santa, motoristas perderam a paciência com os congestionamentos e as péssimas condições das rodovias e não quiseram arriscar a vida na perigosa BR-040, de Belo Horizonte a Sete Lagoas.
Americanos e atleticanos preferiram assistir à partida em casa, em companhia da família e saboreando ovos de Páscoa. Contudo, a paixão do torcedor ainda é grande o suficiente para acompanhar o time do coração. Apesar de cansado por causa da longa viagem, o aposentado Eustáquio Lúcio Freitas, de 62 anos, deixou São Paulo a tempo de acompanhar o Coelho de perto. “De certa forma, o feriado prolongado prejudicou a partida. Pessoas preferiram viajar a ir ao estádio. Eu ainda quis pegar estrada, mas outros não animam.”
O público foi pequeno, decepcionante, que jamais lembraria o tradicional Clássico das Multidões nas primeiras décadas do século 20, época do futebol romântico, com lindas jogadas, craques inesquecíveis, gols memoráveis e muita vibração das torcidas. O preço salgado dos ingressos (entre R$ 30 e R$ 50), justamente em fim de mês, também afastou o cidadão do estádio. Por isso, apenas 3.298 pessoas acompanharam o clássico (2.818 pagantes).“A maioria das pessoas recebe o salário no quinto dia de cada mês. Então, ninguém tem muito para gastar hoje”, considera a doméstica Janaína Nonata Teixeira Lopes, de 36 anos, moradora de Sete Lagoas e atleticana.
Todavia, alguns fanáticos presentes na Arena do Jacaré ainda arriscaram gritos de incentivo aos jogadores sob o forte calor da cidade. Menos para o atacante Ricardo Bueno, que definitivamente não se acertou no time atleticano. Alvo de críticas das arquibancadas, em nenhum momento lembrou a grande promessa do Oeste, no Campeonato Paulista do ano passado, quando foi artilheiro (16 gols). Quando ele deixou o gramado sob vaias para a entrada do veloz Neto Berola, o técnico adversário, Mauro Fernandes, com sábias palavras de motivação, tentou animar o jogador: “Força, rapaz, pois futebol é assim mesmo. Você tem que se levantar”.
DIA DE BEROLA O jogo foi bom tecnicamente, com oportunidades claras para ambas as equipes. O árbitro Luiz Flávio de Oliveira deixou a partida correr tranquilamente, apesar de as torcidas reclamarem de algumas jogadas violentas nos dois lados. Em pelo menos três lances nos primeiros minutos de jogo, o América demonstrou força nas jogadas aéreas, justamente o ponto forte do alvinegro. Controlou o ritmo de jogo nos primeiros instantes e abriu o placar na metade da etapa inicial. Na cobrança de escanteio de Irênio, Gabriel Santos testou com precisão.
Todavia, o dia era definitivamente atleticano. Embora o número de passes errados tenha sido alto, o Galo administrou a partida. Nos acréscimos do primeiro tempo, Patric fez bela jogada pela direita, passou por Rodrigo e marcou belo gol. Na etapa complementar, a festa foi completa, graças à boa atuação de Neto Berola. O promissor atacante atleticano virou o placar aos 11min, de cabeça, depois de escanteio (lance semelhante ao gol americano). Depois, Patric cruzou da direita e Serginho mandou para o fundo das redes. O sonho do bicampeonato estadual segue vivo.

Nenhum comentário: