terça-feira, 21 de junho de 2011
Filho de árbitro, lateral do Atlético-MG pega dicas para não levar cartões08/06/2011 - 07h01
LATERAL-DIREITO VALORIZA DICAS DO PAI
DESEJO NÃO REALIZADO DE SER JOGADOR
Lateral-direito Patric em ação pelo Atlético-MG contra o Cruzeiro, seu ex-clube
Bernardo Lacerda
Em Vespasiano (MG)
O lateral-direito Patric, titular do Atlético-MG, não é o único em sua família ligado ao futebol. O pai dele, José Reginaldo Lalau, é juiz da Liga Amadora de Futebol em Santa Catarina há dez anos. O jogador atleticano revela que procurou dicas com ele de como se comportar em campo diante de árbitros, e garante não se importar com os “gritos de juiz ladrão” dirigidos ao pai.
No caso de Reginaldo Lalau, os gritos provocativos não se referem necessariamente às suas atuações, mas também ao sobrenome, que remete ao juiz Nicolau dos Santos Neto, o Lalau, preso por fraude na Justiça do Trabalho, e a uma gíria utilizada de forma pejorativa. De acordo com o dicionário Houaiss, ‘lalau’ é um regionalismo, usado informalmente, que significa ‘quem furta, rouba, se apodera do que é alheio, ladrão’.
Reginaldo Lalau apita jogos de futebol de campo, de diferentes divisões amadoras, e também futebol de praia. Ele tem apitado partidas em diferentes campeonatos promovidos pela Liga Atlética da Região Mineira (LARM), em Santa Catarina.
O lateral atleticano afirma já ter se acostumado com o comportamento do torcedor e não se importa em ouvir manifestações relacionadas ao sobrenome. “Isso já vem de anos e anos, todo mundo sempre comenta, quando meu pai apita já vem falar do sobrenome, ‘juiz Lalau, vai roubar, já tem o roubo no nome. Mas vai acostumando. A gente sabe que a vida é assim mesmo, é tranquilo, faz parte da rivalidade do futebol”, afirmou.
Mas nem sempre foi assim. Patric reconhece que nas oportunidades em que seu pai apitou jogos de seus times, ainda na época de escolinhas de futebol em Santa Catarina, quando criança, ele tinha de escutar ofensas e brincadeiras dos adversários e torcedores. O jogador atleticano não esconde que isso já o incomodou.
“No começo era difícil, quando a gente jogava na escolinha os adversários o chamavam de juiz ladrão, falavam que meu pai ia apitar meus jogos para roubar, mas com o passar do tempo nós vamos aprendendo”, disse Patric, que procura valorizar a figura do juiz. “Nós que somos jogadores de futebol sabemos da importância do árbitro”, salientou.
Para apagar a fama de juiz caseiro e se impor até mesmo perante a família, Reginaldo Lalau mostra rigor também com o filho. O árbitro advertiu o filho com cartão amarelo simplesmente por ter sido chamado de pai na frente dos adversários. E pior, de acordo com Patric, ele o chamou de pai “sem querer”. “Fui reclamar com ele, chamei de pai e ele me deu amarelo, pai é em casa, aqui é juiz”, contou o lateral atleticano, reproduzindo a resposta do pai.
Se em campo Patric já teve a oportunidade de conhecer o estilo de apitar do pai, ele nunca Reginaldo Lalau trabalhar, na condição de torcedor, das arquibancadas dos campos catarinenses. “Não, meu pai nunca gostou que a gente fosse lá assistir, pois é perigoso, pode acontecer alguma coisa. Então, nem eu e nem minha mãe ou meus irmãos nunca o assistimos apitando”, explicou o jogador.
O lateral-direito lembra que no início da carreira do seu pai no futebol amador, a família demorou a se adaptar, porém, aos poucos foi se acostumando e aprovando a profissão abraçada por ele. “Às vezes a gente fica um pouco preocupado, pois é perigoso o futebol amador, mas ele gosta é a profissão dele”, destacou.
“Sempre tem confusão, os jogos finais são mais complicados, o torcedor fica insatisfeito, tenta agredir, mas nunca chegou a ter algo mais sério, ele nunca tomou uma surra, até porque tem todo o policiamento”, comentou Patric.
A arbitragem não era o objetivo de Reginaldo Lalau. Antes de começar a apitar partidas de futebol amador em Santa Catarina, há dez anos, ele tinha o sonho de ser jogador de futebol, passos seguidos posteriormente por filho Patric. “Ele sempre teve o sonho de ser jogador de futebol, porém antigamente era mais difícil, pois teve de trabalhar para ajudar a família”, contou o atleta.
“Com o passar do tempo muitas pessoas falaram que era para ele apitar, ele experimentou, foi gostando, entrou na Liga Amadora de Árbitros, e tem mais de dez anos que apita o futebol amador”, salientou Patric.
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