
Val Baiano e Magno Alves chegaram a Flamengo e Ceará e não resolveram problema de falta de gols
Especialistas creditam baixo número de gols aos esquemas defensivos e às trocas de comando técnico, que já chegam a 29 em só 20 rodadas
Está faltando bola na rede. Desde 1994, o Campeonato Brasileiro não tinha tão poucos gols. A média atual até o fim da 20ª rodada está em 2,45 - foram marcados 485 gols em 198 partidas. Na edição do ano em que o Brasil conquistou o Tetra nos Estados Unidos, a média ficou em 2,40.
A edição de 2010 é, de longe, a que tem menos bolas na rede se compararmos apenas os campeonatos disputados no sistema de pontos corridos. Em 2005, foram 3,14 gols por jogo. No ano passado, 2,88. Uma diferença grande.
A 20ª rodada, disputada neste meio de semana, teve apenas 22 gols em 10 jogos. Mas outras cinco jornadas conseguiram ter desempenho pior até aqui, principalmente a 16ª, quando foram anotados apenas 15 tentos (média de 1,5 por jogo).
16ª rodada - 15 gols 15ª rodada - 20 gols
11ª rodada - 16 gols 6ª rodada - 21 gols
13ª rodada - 17 gols (9 jogos) 20ª rodada - 22 gols
Os principais responsáveis por isso são Flamengo e Ceará, donos dos piores ataques do Brasileirão, com 14 e 16 gols marcados, respectivamente. Sete equipes têm média inferior a 1,2 gols por partida, incluindo aí o Cruzeiro que, apesar de ser 4º colocado, fez só 23 gols.
Flamengo - 14 gols / 20 jogos (0,7) Vasco - 20 gols / 19 jogos (1,05)
Ceará - 16 gols / 20 jogos (0,8) Palmeiras - 22 gols / 20 jogos (1,1)
Goiás - 19 gols / 20 jogos (0,95) Cruzeiro - 23 gols / 20 jogos (1,15)
Grêmio-PP - 20 gols / 20 jogos (1,0)
Para se ter uma ideia de como os atacantes estão em baixa, basta ver quem são os artilheiros: Bruno César, do Corinthians, e Elias, do Atlético-GO, com 9 gols, jogadores que atuam no meio-de-campo. Outra estatística que comprova o desempenho ruim dos ataques está no número de placares baixos repetidos (já tivemos 21 jogos que terminaram em 0 a 0). Veja abaixo.
1x0 - 41 vezes 3x1 - 15 vezes
2x1 - 32 vezes 2x2 - 14 vezes
1x1 - 26 vezes 3x0 - 9 vezes
0x0 - 21 vezes 3x2 - 8 vezes
2x0 - 18 vezes 4x1 e 4x2 - 4 vezes
Por coincidência - ou não -, o baixo desempenho ofensivo das equipes coincide com o alto índice de trocas no comando técnico dos clubes. Até a 20ª rodada, foram 29 trocas - sem contar os que assumiram interinamente o número é de 21. Com a demissão de Antônio Carlos Zago do Grêmio Prudente, anunciada nesta sexta-feira, já chega a 16 o número de técnicos que foram mandados embora.
OPINIÃO DOS ESPECIALISTAS A média de gols do Brasileiro é a pior desde 1994. A que você credita esse desempenho tão ruim? Os apoiadores Elias e Bruno César são os artilheiros até aqui. É um sinal?
Álvaro Oliveira Filho
Colunista do L!
"Os técnicos estão cada vez com mais medo de perder. A cada rodada vê-se técnico perdendo emprego por causa de derrota. A tendência maior é ver esquemas 3-5-2, com três zagueiros, três volantes... Nessa rodada, Fluminense e Botafogo usaram o 3-6-1 e venceram. Os esquemas estão cada vez mais defensivos. Os técnicos estão optando primeiro por não perder para depois tentar fazer gol." "Sem dúvida é um sinal claro. Isso não vai durar muito tempo, a tendência é que jogadores como Washington (Fluminense) e Jonas (Grêmio) acabem passando. O Bruno César é um jogador promissor, Elias é mais experiente. Os técnicos estão valorizando pouco o ataque."
Carlos Alberto Vieira
Editor do L!
"É uma tendência muito clara que os times estão adotando esquemas cautelosos, seja o 3-5-2 ou o 4-4-2 com três volantes. Isso faz o jogo ficar muito truncado. Além do mais, o campeonato é equilibrado, não há aquela história de supertime pegando bambala, o que faz da goleada ser uma raridade." "Aí há duas situações. Tanto o Elias no Atlético-GO como o Bruno César no Corinthians são muito favorecidos pelos esquemas. No time goiano, Elias é o cara que chega ao ataque e tem muita liberdade, como era o Zico no Flamengo. Já o Bruno César aproveita o fato de o Corinthians jogar com atacantes que abrem para a chegada de dois meias. Entretanto, é muito claro que quase todos os atacantes estão devendo. Um ou outro vive um momento de eficácia e logo em seguida some. Nenhum (exceto Washington no Flu e Obina no Atlético) estão com boas médias de gol."
A MÉDIA DE GOLS DO BRASILEIRÃO:
1971 - 1,83
1972 - 2,08
1973 - 1,83
1974 - 2,13
1975 - 2,26
1976 - 2,23
1977 - 2,47
1978 - 2,24
1979 - 2,34
1980 - 2,69 1981 - 2,46
1982 - 2,75
1983 - 2,70
1984 - 2,38
1985 - 2,43
1986 - 2,09
1987 - 1,77
1988 - 1,88
1989 - 1,90
1990 - 1,89 1991 - 2,22
1992 - 2,29
1993 - 2,53
1994 - 2,40
1995 - 2,52
1996 - 2,71
1997 - 2,76
1998 - 2,86
1999 - 2,85
2000 - 2,92 2001 - 2,86
2002 - 3,02
2003 - 2,88
2004 - 2,78
2005 - 3,14
2006 - 2,71
2007 - 2,76
2008 - 2,72
2009 - 2,88
2010 - 2,45
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