segunda-feira, 2 de dezembro de 2013


Química perfeita
Embalo das torcidas de Cruzeiro e Atlético foi fundamental para transformar o Mineirão e o Independência em caldeirões para triturar adversários e encher os cofres
Paulo Galvão - Estado de Minas
Roger Dias - Estado de Minas
Publicação:
29/11/2013 08:36
Atualização:
29/11/2013 08:44
(Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)
(Juarez Rodrigues/EM/D.A Pres)
Com estruturas de Primeiro Mundo, planejamento, treinadores competentes e jogadores de qualidade, Atlético e Cruzeiro tiveram razões sólidas para conquistar neste ano, respectivamente, a Copa Libertadores e o Campeonato Brasileiro. Mais do que isso, contaram com um reforço extra: o apoio de suas torcidas apaixonadas para ter uma temporada acima da média. O grito vindo das arquibancadas foi determinante para ajudar a transformar os estádios de Belo Horizonte em verdadeiros alçapões, onde os adversários viraram presas e poucos conseguiram escapar. Na última reportagem da série, o Estado de Minas destaca o papel da Massa e da China Azul na boa fase das equipes.
O primeiro a se dar bem com a volta a Belo Horizonte, depois do exílio em Sete Lagoas em virtude das reformas do Independência e do Mineirão, foi o Galo. Desde a reabertura, em maio de 2012, o time vem fazendo vítimas quando atua no Horto, onde só perdeu uma partida – para o Atlético-PR por 2 a 1, em 31 de julho, na despedida de Bernard. Em 49 confrontos, foram 35 vitórias e 13 empates.
Assim, foi vice-campeão no Nacional de 2012 e atingiu sua maior glória neste ano: ganhou pela primeira vez a Copa Libertadores – a decisão contra o Olimpia foi no Mineirão, comprovando a força de um time que se tornou famoso por atropelar os adversários em seus domínios. “Sempre disse nas preleções que a torcida era a mais merecedora dessa conquista, por tudo que ela nos ajudou e proporcionou. Pedi ao grupo que atuasse pelos torcedores que se mobilizaram em torno da fé e da religião. O título foi para eles”, afirma o técnico Cuca.
Já o Cruzeiro teve de esperar até fevereiro para “voltar para casa”. Mas o fez em grande estilo, vencendo por 2 a 1 o maior rival no clássico que marcou a reabertura do Gigante da Pampulha. A exemplo dos alvinegros, os celestes se mostraram muito sólidos como mandantes e perderam apenas uma vez no estádio onde recebem seus jogos – para o São Paulo por 2 a 0. “Nossa equipe se sente muito à vontade atuando no Mineirão. E tinha de ser assim mesmo, pois lá sempre foi a casa do Cruzeiro. Esperamos continuar assim, tendo o apoio da torcida, que vem sendo fundamental”, afirma o armador Éverton Ribeiro.
LUCRO Se tecnicamente voltar a Belo Horizonte foi muito bom, o mesmo pode-se dizer da parte financeira. Em arenas mais confortáveis e com grupos bem montados, os tradicionais rivais passaram a contar com cada vez mais gente em seus jogos.
Por atuar em um estádio menor, mas mais central e do qual é coadministrador, o Galo conseguiu uma vantajosa relação custo-benefício. Na campanha da Libertadores, o clube alcançou rendas superiores a R$ 1 milhão por partida e equilibrou os cofres com o programa Galo na Veia, que conta com mais de 25 mil adeptos e garante mensalmente mais de R$ 1,5 milhão para ser investido.
O armador Ronaldinho Gaúcho, um dos mais vibrantes da equipe, estabeleceu relação de fascínio com a Massa, que lhe enviou milhares de mensagens de apoio durante a recuperação da lesão no músculo adutor na coxa esquerda nos dois últimos meses. “Essa torcida é maravilhosa, fantástica e tem uma força incrível. Ela merece tudo isso”, afirmou o camisa 10.
O sucesso na competição internacional e a paixão da torcida fizeram o Atlético estabelecer o recorde de renda no futebol brasileiro em todos os tempos na decisão contra o Olimpia, no Mineirão: R$ 14.176.146, com público de 56.557. Mesmo com o acordo com a BWA, empresa que administra o Independência, o presidente Alexandre Kalil vem tendo uma série de reuniões com integrantes da Minas Arena para atuar também no Gigante da Pampulha – desde que haja um acordo viável para ambas as partes.
Já o Cruzeiro, mandando seus jogos no Gigante da Pampulha, incrementou as receitas com bilheteria depois de dois anos e meio de penúria, como sempre ressalta o presidente Gilvan de Pinho Tavares. Fundamental para isso foi a maior adesão do programa de sócio-torcedor, que já ultrapassou a marca de 46 mil adeptos entre os que têm bilhetes garantidos e os que gozam de preferência na aquisição das entradas.
O clube celeste arrecadou R$ 35.324.505,65 com bilheteria em 2013 e certamente ultrapassará R$ 36 milhões com a partida de domingo, com o Bahia. Os números não são revelados, mas o clube deve ficar com algo próximo a R$ 24 milhões do montante – o restante é destinado a cobrir as despesas do estádio.

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