terça-feira, 14 de junho de 2011
Mineirão completa um ano fechado e muda hábitos de torcedores dos rivais de BH06/06/2011 - 07h01
GOVERNO INFORMA QUE OBRAS DO MINEIRÃO ESTÃO TOTALMENTE EM DIA
De acordo com a Secretaria Extraordinária da Copa do Mundo, a Secopa, as obras no Mineirão continuam dentro do cronograma. As obras já estão na terceira e última fase e o prazo de conclusão é dezembro de 2012. Essa fase é a maior e corresponde a adequação do estádio aos padrões da Fifa. As cadeiras já foram totalmente retiradas e os reparos das estruturas foram concluídos. Além disso, o rebaixamento do gramado em 3,4 metros e a retirada dos antigos amortecedores também já foram concluídos. A demolição da área interna do Mineirão já chega aos 95% onde haviam a antiga geral, arquibancadas, escritórios, lojas e bares. Na área externa chegam a 80% de conclusão da demolição para a construção da esplanada no entorno do estádio. Na área externa, a terraplanagem, para deixar o terreno plano para a construção da esplanada, já está em execução e escavações continuam tanto dentro quanto fora do estádio
O diretor de futebol do Atlético-MG, Eduardo Maluf, informou que em 2010, o clube perdeu em torno de R$ 10 milhões e acredita que este ano o prejuízo seja de R$ 13 milhões. "É o que a gente vai perder por não ter um estádio para jogar em Belo Horizonte", alegou o dirigente alvinegro, em recente entrevista à Rede Globo. Já o técnico atleticano, Dorival Júnior, evita lamentar a ausência de estádios em Belo Horizonte. "Temos obrigação de nos adaptar, até porque vai continuar a ser o nosso campo, ali vai ser o nosso Mineirão ao longo de mais esta temporada, não tem porque não ter adaptação", refletiu.
O atleticano Sideral ainda não conseguiu levar o filho Igor para assistir um jogo na Arena do Jacaré
Governo de Minas promete entregar Mineirão no dia 31 de dezembro de 2012
Guyanne Araújo*
Em Belo Horizonte
Há um ano, o último torcedor que saía da partida entre Atlético-MG e Ceará, vencida pelo time visitante, por 1 a 0, sabia que só poderia voltar ao Mineirão, em 2013. Nesta segunda-feira, dia 6 de junho, completam exatamente 365 dias em que o “Gigante da Pampulha” assistiu sua última partida antes de fechar as portas para a grande reforma visando a Copa do Mundo de 2014. A capital ficou sem futebol, o que obrigou muitos torcedores a abandonar o hábito de ver jogos ao vivo.
Antes do fechamento do Mineirão, o Independência, segundo estádio existente em Belo Horizonte já havia sido fechado para ser reformado. Por causa de sucessivos atrasos, motivados pela mudança no projeto original, incluindo a necessidade de uma segunda licitação, que foi suspensa, semana passada pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE), os clubes belo-horizontinos ficaram sem campo para mandar seus jogos na capital.
A maioria dos jogos de Atlético, Cruzeiro e América, desde então, têm sido disputados na Arena do Jacaré, em Sete Lagoas, a cerca de 70 quilômetros de Belo Horizonte, mas praças mais distantes também já foram tentadas, como Parque do Sabiá (Uberlândia), Ipatingão (Ipatinga) e Melão (Varginha). Neste domingo, o América mandou o jogo contra o Internacional, pela 3ª rodada do Brasileiro, no Morenão, em Campo Grande (MS).
Torcedor atleticano, o cantor e compositor Wilson Sideral conta que ainda não teve oportunidade de assistir a uma partida na Arena do Jacaré em Sete Lagoas. Sideral, que é irmão do também atleticano Rogério Flausino, vocalista do Jota Quest, disse que já foi a muitos jogos no Mineirão, mas que fatores como violência no estádio o afastaram de acompanhar as partidas.
Além disso, sua agenda cheia e a distancia da Arena do Jacaré, fizeram com que o músico considerasse complicado acompanhar as partidas no campo. “Para mim lá é mais difícil por conta de agenda, shows, tem que pegar estrada”, lamentou.
Entretanto sua paixão pelo Atlético é tanta que o artista tem tatuado o escudo do time em uma das pernas e já escreveu um livro ‘Meu Pequeno Atleticano’ da série meu pequeno torcedor, onde ele relata a primeira vez em que levou seu filho Igor, hoje com 8 anos, ao estádio. “Já tive épocas que já fui mais aos jogos. Ia com amigos toda a semana, com meu irmão em jogos do Atlético e da seleção também”, destacou.
O torcedor cruzeirense Messias Antônio Lemos Duarte, frequentemente presente nos jogos do Cruzeiro no Mineirão, agora acompanha as partidas do time apenas em casa. “Antes de o Mineirão fechar para reforma ia a 99% dos jogos com filhos, sobrinhos e afilhados”, garantiu. Desde então, o torcedor só vê os jogos do seu time pela televisão, em casa. Ele critica o fato de os estádios da capital estarem fechados ao mesmo tempo e lamenta o fim para ele do momento de convívio familiar e social no estádio.
“Fui uma vez na Arena do Jacaré, mas não animei a voltar mais. Pegamos fila, chuva na volta e gastei uma hora e quarenta minutos pata chegar em Belo Horizonte. O risco por pegar estrada é muito grande”, explicou Messias. Segundo ele, o estádio é bom, mas não comporta muitos torcedores. “Um lugar que era para descarregar o estresse, acaba deixando a gente estressado com a volta”, ressaltou.
Messias conta que já teve amigos que levaram multas no caminho do estádio e que também se preocupa com a segurança. O torcedor disse que conhece muitas pessoas que deixaram de ir por esses motivos. Ele lamenta que a ‘turma familiar’, que ia junto ao Mineirão, se dispersou e conta que agora cada um faz uma coisa diferente.
“Socialmente foi péssimo. Foi o maior erro do futebol mineiro dos últimos tempos. Era extremamente saudável, íamos e encontrávamos com outros torcedores que sentavam sempre nos mesmos lugares. Era um ponto de encontro, mas agora não sei onde eles estão. Agora está cada um na sua. A família ficava mais próximo também”, destacou Messias.
Cartão cancelado
A torcedora cruzeirense Fabiana Andrade Penido não faltava a nenhuma partida do time celeste no Mineirão. “Eu era sócio-torcedora desde que surgiu o projeto e ia em todas as partidas, mas desde que o estádio fechou para a reforma, cancelei meu cartão”, informou. Fabiana, sobrinha de Messias, que ia acompanhada de seu marido, primos e tios nos jogos ainda não assistiu a nenhuma partida na Arena do Jacaré.
A torcedora explica que a distância e o fato de precisar enfrentar longas filas para a compra de ingressos pesam em sua decisão de não ir ao campo. “Tentamos ir à final do Mineiro, mas meu marido foi tentar comprar ingressos e na hora que ele foi já não tinha mais”, alegou.
O atleticano Délio Ferreira da Conceição também era assíduo no Mineirão. “Brincava com amigos que tínhamos ‘cadeira cativa’. Chegávamos e sentávamos bem em frente à linha do meio de campo e lá encontrava com amigos de torcida. Era muito difícil perder jogo lá. Fui até o último para despedir do Mineirão”, lembrou o atleticano, que ainda não foi a Arena do Jacaré.
Filho de Antonio Ferreira da Conceição, de 105 anos, também atleticano, Délio recorda que antigamente seu pai sempre contava sobre a história do clube. “Hoje ele vê os jogos quando está lá em casa, mas não é sempre. Mas acha que o futebol de hoje está violento e não gosta muito. Mas ele sempre foi muito entusiasmado com o time”, ressaltou.
Délio conta que quase sempre ia com a companhia do filho mais novo, que hoje está com 22 anos, e amigos, disse que vontade não falta para ir a Arena do Jacaré, em Sete Lagoas, para conhecer. Entretanto a preocupação com a estrada e a distância de 70 quilômetros de Belo Horizonte fizeram o torcedor acompanhar os jogos de casa mesmo. “Prefiro assistir os jogos no campo, mas agora temos reunido o pessoal em casa para assistir as partidas”, observou.
Ele também critica o fato de os dois estádios da cidade estarem em reforma ao mesmo tempo. O Mineirão fechou suas portas em junho do ano passado enquanto o Independência está sendo reconstruído desde 22 de Janeiro do ano passado. “Achei um absurdo. Faltou um bom planejamento. Deveriam mexer no Independência e depois no Mineirão”, sugeriu.
Para Carlos Mayer das Silva, outro torcedor alvinegro, o custo e o estádio pequeno sem conforto também são empecilhos para ir a Sete Lagoas. “Só fui duas vezes. Agora, fico acompanhando as partidas pela televisão e rádio, na torcida de uma outra forma”, afirmou.
* Colaboraram Bernardo Lacerda e Gustavo Andrade
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