Independência ou poleiro do Galo?

A arena do Horto, que foi modernizada com investimentos de R$ 120 milhões, deve ser reaberta em 18 de março, no jogo entre América e Boa pelo Campeonato Mineiro'2012
Novo contrato de administração do estádio preveria parceria compartilhada entre Atlético e BWA, que venceu a licitação para ser o consórcio administrador pelos próximos 27 anos
Roger Dias - Estado de Minas
Publicação:14/02/2012 07:00
Atualização:15/02/2012 21:00
A celebração pela reabertura do Estádio Independência era toda do América, mas a revelação sobre o contrato de administração da arena apontou o Atlético, numa parceria com a BWA, como futuro dono do espaço por 27 anos. O acordo foi assinado em 19 de janeiro e registrado dia 8 no 1º Cartório de Ofícios e Documentos, sob o número 1.342.071. Embora os dirigentes alvinegros não confirmem oficialmente a informação, o clube receberia parte do aluguel caso uma equipe atue no estádio ou receba eventos, mas ficaria responsável, com a BWA, pelas despesas de manutenção.
O Atlético deve divulgar os detalhes contratuais nos próximos dias. O Galo ficaria responsável pela administração do Independência e teria lucro integral sobre a renda de suas partidas. No caso de Raposa e Coelho, os valores seriam divididos pela metade com a BWA. A proporção de lucros ficaria em 45% do Atlético; 45% da BWA; 5% do América e os 5% restantes do governo estadual, responsável pelo financiamento das obras, que custaram cerca de R$ 120 milhões.
O presidente do Atlético, Alexandre Kalil, afirmou desconhecer a existência do acordo com a BWA, embora o contrato tenha sua assinatura: “O Atlético não tem nada a declarar sobre isso. Nosso objetivo é nos concentrar em vencer o Campeonato Mineiro. Mas fazemos tudo dentro da lei e temos advogados competentes para cuidar disso. Cabe a quem descobriu essa informação prová-la. Nossas atitudes são legais. Até fiquei surpreendido e constrangido com essa notícia.”
Durante a cerimônia de entrega do Troféu Guará, da Radio Itatiaia, o governador Antonio Anastasia (PSDB) disse ainda não ter detalhes sobre o possível acordo, mas ressaltou que qualquer solução para a administração do estádio ou de serviços ligados a ele respeitará a legislação.
No ano passado, o Independência teve sua administração privatizada e a BWA, que trabalhou na confecção dos ingressos do Galo nos últimos anos, ganhou a licitação. Como arrendatário do estádio antes das obras de infraestrutura para receber partidas na ausência do Mineirão, o América poderá atuar quando quiser, e sem ônus. Já o Cruzeiro ou qualquer outro time teria de acertar o aluguel quando receber seus jogos pelo Mineiro, Copa do Brasil e Brasileiro, incluindo possíveis confrontos em que for mandante contra o alvinegro.
Críticas
Embora tenha declarado ser prematura uma avaliação sobre a “especulação”, o presidente do Cruzeiro, Gilvan de Pinho Tavares, já enxergava vícios no suposto acordo e possibilidade de contestação judicial. O vice-presidente José Maria Fialho reforçava : “Vou pedir ao departamento jurídico para analisar o contrato”, antecipou. O dirigente celeste sustenta que, de acordo com o edital da licitação para a administração do Independência, não seria permitido que clubes de futebol ou pessoas ligadas a clubes participem da gestão. José Maria só espera que isso não seja mais um empecilho para a liberação: “Estamos precisando logo de um estádio”.
Um dos integrantes do Conselho Gestor do América, Alencar da Silveira Júnior disse ignorar os termos do acordo revelado ontem, mas afirma que não haverá prejuízo para o alviverde. “Não sabemos como é o contrato do Atlético com a BWA, mas o América sabe perfeitamente o que assinou com o governo estadual. O contrato tem validade de 20 anos e nos dá a preferência nos camarotes e o direito de mando de nossos jogos. O América tem 50% dos direitos do estádio e não seremos prejudicados em absolutamente nada”. O estádio está em fase de conclusão, com previsão de ser reaberto em 18 de março, na partida entre América e Boa pelo Estadual.
(Com Antônio Melane e Eugênio Moreira)