quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Sem teto

Com o Mineirão e o Independência simultaneamente em obras, tanto Atlético quanto Cruzeiro se veem obrigados a jogar em estádios do interior. E acabam pagando preço muito alto por isso

Antônio Melane - Estado de Minas

Publicação:17/08/2010 07:00

Por não ter ainda uma casa que seja sua referência, como nos 45 anos do Mineirão, que vai ser reaberto somente para a Copa das Confederações, em 2013, e Mundial, em 2014, Atlético e Cruzeiro, que estão na Série A do Campeonato Brasileiro, vêm pagando um preço muito alto. Tanto que o técnico celeste, Cuca, afirma que só depois de uma grande vitória, como visitante, diante de um dos credenciados para a disputa do título, é que seu time vai se firmar como um dos concorrentes fortes na competição.
“Temos tudo para entrar firmes na briga pelo primeiro lugar. Mas a chave de tudo pode estar lá fora”, ressalta Cuca. Ele queria muito que este primeiro momento de certeza ocorresse no Morumbi, diante do São Paulo. Faltou muito pouco, depois do empate por 2 a 2, porque o jogo esteve nas mãos dos cruzeirenses e a vitória escapou por um triz nos instantes finais. É certo que, jogando na Arena do Jacaré, em Sete Lagoas, e no Ipatingão, o Cruzeiro ainda não perdeu. Mas falta o algo mais.
Já o retrospecto do Atlético é bem abaixo, pois soma duas vitórias e duas derrotas como mandante, depois da paralisação para a disputa do Mundial da África do Sul, também aproveitando os palcos usados pelo Cruzeiro. Está sentindo muito a falta do calor de sua torcida no Mineirão. Tenta uma identificação com o Ipatingão, onde seu retrospecto é excelente. Em 25 partidas no estádio do Vale do Aço, conquistou 16 vitórias, empatou sete vezes e sofreu apenas duas derrotas – ambas para o Ipatinga, pelo Campeonato Mineiro de 2008, por 1 a 0 e por 3 a 1. O ataque marcou 50 gols e a defesa levou 20. Mas a torcida ainda não abraçou esta troca de casa. Tanto que apenas 5.748 torcedores pagaram ingressos para ver a vitória sobre o Guarani (3 a 1).
Para ter o apoio do torcedor, os dirigentes falam até em fixar em R$ 10 o preço dos ingressos em determinados jogos, para que a média possa chegar a 15 mil pagantes em Ipatinga, onde a equipe vai atuar na maioria das vezes, ou novamente em Sete Lagoas, já que a Arena do Jacaré não está totalmente descartada pelos dois clubes.
O Cruzeiro, de olho mais voltado para os cofres e acreditando em uma pesquisa que o aponta como o clube que tem mais de 20% da preferência do torcedor do Triângulo Mineiro, vai jogar no Parque do Sabiá, em Uberlândia, contra Corinthians, dia 25, e, depois, Flamengo e Internacional. Espera mais de 25 mil pessoas em cada um desses confrontos. Está seguro de que, mesmo enfrentando times de um apelo popular muito forte no país, como Flamengo e Corinthians, não jogará como visitante em Minas.
DIFERENÇA DE PONTOS Hoje, o Cruzeiro está 11 pontos atrás do líder, Fluminense. Cuca gostaria que a diferença fosse de, no máximo, nove pontos, mas está absolutamente seguro de que a equipe vai subir no momento certo, principalmente pelas opções que tem hoje: “O Flu tem um time seguro, há peças de reposição, está muito bem. Vai ser difícil tirar a diferença, mas em futebol tudo é possível. Do mesmo jeito que eles deram uma arrancada, ninguém tem 100% de momento bom no campeonato”.
É a esperança também do Galo. São 19 pontos atrás do tricolor carioca. Tem apenas quatro vitórias e o líder, 10. Há um divisor, em princípio, intransponível. Mas o técnico Vanderlei Luxemburgo acredita. Não tem como ser diferente: “Com calma e tranquilidade, as coisas vão ocorrer, a equipe vai sair da zona de rebaixamento, buscar o melhor espaço no Brasileiro e se preparar bem para a Sul-Americana”. Terá o reforço do zagueiro Réver e a diretoria garante que vai buscar ainda um volante. Já o Cruzeiro está preparando mais quatro caras novas: o atacante Wallyson, o armador Jones, o zagueiro Leo (a apresentação deve ser amanhã) e o atacante argentino Ernesto Farías.
O América, na Série B do Brasileiro, com um público reduzido na Arena do Jacaré, perdeu para o Náutico por 2 a 1, mas venceu o Icasa (2 a 0), Duque de Caxias (2 a 1) e Paraná (1 a 0).

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