Devoção total
Alfredo Durães - Estado de Minas
Publicação:26/07/2013 08:57
A educadora física Laíza Milagre de Assis, 33 anos, se postava ajoelhada no templo do santo das causas impossíveis, o Santuário de São Judas Tadeu, no Bairro da Graça, na capital mineira, no meio da tarde de ontem,. Não estava ali por acaso. Por cerca de 20 minutos, com os olhos marejados, ela rezava em silêncio e beijava um pingente, repetindo a cena do técnico Cuca, tantas vezes vista na TV. Vestia a camisa do Galo e carregava uma bandeira, que, no fim das orações, ela depositou nos ombros de São Judas para tirar uma foto.
Foi o segundo dia seguido em que esteve na igreja. Na quarta-feira, ela foi para fazer uma promessa e rezar durante uma hora. O pedido, naturalmente, era para seu time se sagrar campeão da Libertadores. Caso o título fosse alcançado, ela voltaria para rezar e louvar São Judas. A história da devoção de Laíza começou em 2001, quando achou na rua um santinho de São Judas. Desde então, ela o tem na bolsa e sempre vai à igreja no Bairro da Graça: “É para pedir coisas boas, como saúde para eu e minha família”.
Na tarde de quarta-feira, quando Laíza esteve no templo, uma senhora acompanhada de uma criança viu que ela pedia pelo título e lhe afiançou que São Judas, logo ele, o das causas impossíveis, não a deixaria na mão. “Ela me disse: ‘Vai ser campeão’, e logo me veio um choro e a certeza de que o Galo ganharia o título”, disse, acrescentando que na tarde do jogo a igreja estava apinhada de atleticanos. Fato confirmado por Álvaro Soares, funcionário do templo. “Ontem e hoje, muita gente com camisas e bandeiras esteve aqui para pedir, rezar e agradecer.”
O autônomo Alecssandro Gomes de Brito, 40 anos, morador de Contagem, foi outro que esteve na igreja no dia do jogo e voltou ontem. Disse que na quarta-feira, assim que chegou à porta, um padre estava abençoando um grupo de atleticanos. “Aproveitei a benção e hoje estou aqui para rezar e acender velas”, contou, com um maço de seis delas na mão, compradas no santuário por R$ 0,50 cada uma.
TELÊ SANTANA Do outro lado da cidade, no Bairro Santa Lúcia, o engenheiro Mário Luiz Carvalho de Castro, 43 anos, começava a planejar o cumprimento de sua promessa, uma caminhada de BH a uma igrejinha em Congonhas. Atleticano fanático, ele resgatou uma história antiga para fundamentar sua promessa. “Não acredito em urucubaca, mas acho que isso do Telê pesou, pois o Galo ficou nesse longo jejum. Agora, eu e meu amigo Ricardo Resende vamos caminhar até lá. Pretendemos fazer em dois dias, talvez 7 e 8 de setembro. Esta não vai falhar”, assegurou.
E não deixou de fazer piada: “Não acredito que o papa vai embora do Brasil sem antes canonizar o São Victor”.
MEMÓRIA
Pela metade
Em 1971, antes de o Galo conquistar o título de campeão brasileiro, o técnico Telê Santana prometeu que faria a pé o trajeto de 65 quilômetros entre a capital e uma igrejinha no distrito de Pires, em Congonhas, caso o time triunfasse. Porém, não cumpriu integralmente a promessa. Consta que, cansado e com sintomas de insolação, Telê pegou carona num carro nos últimos 20 quilômetros.
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