Em jogo o futuro alvinegro

Três chapas disputam amanhã a presidência do Atlético, com o desafio maior de superar a carência histórica de títulos de peso. Conheça as principais propostas dos candidatos
Paulo Galvão - Estado de Minas
Publicação:14/12/2011 07:00
O Atlético decide amanhã, por voto de seus conselheiros, a diretoria que irá comandar o clube no triênio 2012-2014. Encabeçadas por Alexandre Kalil, candidato à reeleição, Fred Couto e Irmar Ferreira, três chapas disputam o pleito e têm pela frente, caso eleitas, muitos desafios. Se as receitas aumentarão, por outro lado a dívida continua grande, exigindo maturidade administrativa.
Já para a torcida, o mais importante é saber o que pretende cada um dos candidatos no que se refere ao futebol. Há uma carência que vai se tornando histórica quanto a grandes conquistas. Qualquer que seja o eleito na disputa das 9h às 17, na Sede de Lourdes, o sonho dos torcedores é que tenha a capacidade de formar uma equipe que leve o clube a figurar entre os maiores vencedores do futebol brasileiro. Confira as respostas de Kalil, Couto e Ferreira a cinco perguntas formuladas pelo Estado de Minas:
Alexandre Kalil
Qual a primeira medida a ser tomada caso reeleito?
Vamos manter o que estamos fazendo desde o fim de 2008. Todo mundo sabe a revolução que houve no Atlético e agora é manter a estrutura do clube enxuta, organizada e tocar o futebol da melhor forma possível, tirando lições de nossos erros. Queremos, no início de março, ter o time pronto para o ano inteiro, com uma ou outra peça para ser encaixada.
O clube contratou bastante, mas não conquistou títulos importantes. O que deu errado?
O presidente fez o que podia ter feito e o que a torcida queria: mostrou que o Atlético é um clube de ponta, que tem condições de contratar qualquer jogador. Apesar dos prejuízos com as arrecadações, apesar de dois terços do meu mandato ter sido nômade, sem estádio, foi competitivo.
Como os demais grandes clubes brasileiros, o Atlético terá aumento substancial nos valores pagos pela TV a partir de 2012. Onde o dinheiro será aplicado?
Em todos os nossos investimentos a prioridade é o futebol, pois o Atlético é futebol. Mas vamos fazer o futebol mais focado na organização, olhando os erros, tudo isso. Até porque o Atlético está pronto. Quando a equipe estava em 1º lugar, falei que (os outros candidatos) estavam esperando a tragédia para ter chance na eleição. Como não ocorreu, não terão chances. Só peço aos conselheiros que votem no Atlético.
Com a reinauguração do Independência e, depois, do Mineirão, entra nos planos criar algo como o programa de sócio-torcedor?
Em 2009, disse que não seria irresponsável de lançar sócio-torcedor sem que o Atlético tivesse uma casa. Considero esse um plano ousado, bacana e que vai gerar receita de aproximadamente R$ 25 milhões ao ano e que não está em nosso orçamento. Ou seja, caminhamos para a tranquilidade absoluta.
Como a questão da dívida, que continua alta, será tratada?
A dívida já foi tratada. No meu mandato, conseguimos descontos no valor total e pagamos R$ 70 milhões. Ou seja, sendo superavitários como estamos sendo há três anos, a tendência é a dívida diminuir cada vez mais até acabar.
Fred Couto
Qual a primeira medida a ser tomada caso eleito?
Dia 16/12 estarei em São Paulo conversando com pessoas do futebol. Nesse dia solicitarei ao presidente do Conselho Deliberativo que coloque, junto à administração, minha equipe de transição para termos o panorama real do que encontraremos.
O clube contratou bastante, mas não conquistou títulos importantes. O que está errado?
Tenho dito reiteradas vezes que todas as ações da atual administração não têm nenhum critério. Essa falta de critério nas contratações traz reflexos em campo. Não podemos admitir que contratemos quatro goleiros em uma só temporada. Isso é um absurdo, é amadorismo.
Como os demais grandes clubes brasileiros, o Atlético terá aumento substancial nos valores pagos pela TV a partir de 2012. Onde o dinheiro será aplicado?
Este dinheiro estará à disposição do futebol – profissional ou amador. Teremos critérios definidos para aplicar esses recursos. Tenho acompanhado o futebol brasileiro de perto. O Internacional, quando criou a diretoria de marketing, houve, no clube, quem questionou o investimento. Depois de certo tempo, ele se transformou em receita substancial para o futebol.
Com a reinauguração do Independência e, depois, do Mineirão, entra nos planos criar algo como o programa de sócio-torcedor?
Acho que estamos atrasados. Teríamos que ter começado a planejar esse sócio-torcedor três anos atrás, ter visão de futuro. Todos nós já sabíamos a previsão de entrega das obras desses dois estádios. Seria tempo suficiente para se fazer um planejamento benfeito, baseado em pesquisas. É um pensamento errôneo dizer que precisava de um estádio para falar de sócio-torcedor. Hoje, se houver um bom planejamento, deveremos demorar de um a dois anos para tirarmos esse assunto do papel.
Como a questão da dívida, que continua alta, será tratada?
Temos que sentar para negociar. O Atlético tem que honrar seus compromissos. A intenção é irmos diminuindo gradativamente esse passivo, sem que haja prejuízo ao nosso negócio, que é o futebol. Vamos conseguir. Eu acredito.
Irmar Ferreira
Qual a primeira medida a ser tomada caso eleito?
Nos primeiros dias de nossa gestão detalharemos nosso planejamento estratégico com o objetivo de sanear o clube financeiramente. Quanto aos profissionais, manteremos apenas aqueles que demonstrarem competência e que saibam trabalhar em equipe, pois, ao contrário da atual gestão, a nossa será caracterizada de forma a que todos tenham voz e vez.
O clube contratou bastante, mas não conquistou títulos importantes. O que está errado?
Foram contratados 72 jogadores e trocadas as equipes técnicas várias vezes. Porém, o time não deu certo. Nos três anos da atual gestão o Atlético disputou 12 campeonatos e ganhou somente um Mineiro, mesmo assim porque a final foi contra o Ipatinga. Está claro que errado é o comando do clube.
Como os demais grandes clubes brasileiros, o Atlético terá aumento substancial nos valores pagos pela TV a partir de 2012. Onde o dinheiro será aplicado?
Embora a atual gestão já esteja gastando antecipadamente esses recebíveis, esperamos que sobre alguma coisa para que possamos realizar uma ótima gestão. Além disso, nossa gestão terá criatividade para gerar novas receitas para o clube e fazer do Atlético um time vencedor, tudo que o atleticano mais quer.
Com a reinauguração do Independência e, depois, do Mineirão, entra nos planos criar algo como o programa de sócio-torcedor?
A instituição do sócio-torcedor é uma das nossas metas prioritárias. Porém, de forma diferenciada. Queremos inovar e fazer um programa inteligente e que será a redenção do Atlético. Queremos dar o direito ao sócio-torcedor de votar nas eleições do clube.
Como a questão da divida, que continua alta, será tratada?
Apesar de o Atlético ser um clube muito grande, com patrimônio imenso, não se pode brincar com uma dívida de cerca de R$ 320 milhões ou R$ 500 milhões (se vender o imobilizado, terá de pagar impostos gerados pela reavaliação de patrimônio). Em nosso planejamento estratégico está previsto um capítulo programando o pagamento da dívida em determinado prazo.