quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Alexandre Kalil:´Duvido que há um clube mais organizado`


Alexandre Kalil sonha com uma reeleição no Atlético-MG (Foto: Gil Leonardi)
Presidente demonstra, em conversa com o LANCENET!, confiança na reeleição e rebate acusasões de oponentes políticos
Frederico Ribeiro
Thiago Fernandes
Publicada em 14/12/2011 às 07:03
Belo Horizonte (MG)
Cigarro na mão, fisionomia amarrada e com um exemplar do LANCE! em cima de sua mesa. Foi assim que Alexandre Kalil, terceiro candidato à presidência do Atlético-MG a ser entrevistado, recebeu a equipe do diário na sala da presidência do clube, na sede administrativa, no bairro de Lourdes, zona centrosul da cidade de Belo Horizonte.
Em sua mesa, o presidente tem uma pequena bandeira do Atlético e dois porta retratos, um com a foto de seus filhos e o outro com a imagem de seu pai, Elias Kalil, mandatário alvinegro na década de 1980, quando o Galo formou um dos melhores times da História.
Com a presença do diretor de comunicação do clube mineiro, Domênico Bhering, o mandatário alvinegro respondeu a todas as perguntas feitas pelos repórteres da maneira mais direta possível.
Alexandre Kalil garantiu estar confiante em uma reeleição. O presidente ainda enalteceu o seu último mandato à frente do Atlético. Segundo o próprio, ele é responsável direto pela estruturação financeira do clube mineiro.
Durante toda a entrevista, o presidente fez questão de exaltar a sua gestão à frente do clube.
Confira, abaixo, como foi o bate-papo do LNET! com o atual presidente do Galo, Alexandre Kalil.
Por que você acha que deve ser reeleito? Sente-se preparado para mais esse desafio à frente do clube?
Se eu peguei o Atlético com 19 mil reais em caixa, com dois milhões e meio de dívida, devendo aos Correios, à Copasa. A água estava quase sendo cortada, com quatro meses de salário atrasado, sem vice-presidente, sem presidente, sem ninguém. Por que, agora, que está tudo arrumadinho eu não estarei preparado? Agora que eu quero ser o presidente.
Então, quer dizer que você pegou um clube totalmente desestruturado?
Completamente. Isso aqui ficou cinquenta dias sem presidente, sem ninguém. Então, a torcida não pode se esquecer do que aconteceu no Atlético nesses três anos. Não pode se esquecer o que era o Atlético e o que é hoje. Não é uma goleada que vai fazer um trabalho de três anos correr rio abaixo.
Você mudaria algo que fez em sua última gestão? Sente-se arrependido de alguma atitude?
Claro. Eu não sabia tratar como se deve tratar o futebol. Eu não sabia um monte de coisa. Eu, hoje, estou muito mais preparado para ser presidente e o Atlético está muito melhor para ser presidido do que na minha primeira gestão.
Então, sua primeira gestão serviu de aprendizado?
Não, serviu de aprendizado apenas no futebol, né? Porque, na organização, do clube não. Hoje, eu duvido que exista um clube mais organizado que o Atlético em todo Brasil.
Apesar da estruturação financeira, o time não foi tão bem em campo. Você acha que o que realmente pecou foi o futebol?
Exatamente. Eu acho que sim.
Em caso de reeleição, você pretende retornar com o departamento de marketing?
O Atlético se valorizou nesses últimos três anos. Eu não sei se é importante ter trinta caras trabalhando aqui no marketing ou se são importantes esses números, que eu vou te passar. No meu mandato, o Atlético aumentou 128% de arrecadação com o patrocínio, 157% no patrocinador master. São 157%! Aumentou 137,5% na manga e 81,6% com o patrocínio de material esportivo. Além disso, é o quarto do ranking no pay-per-view no Brasil.
Mas com um departamento de marketing forte não seria possível potencializar tudo isso?
O marketing do Atlético é feito, mas não é necessário ter vinte, trinta pessoas dentro do clube para fazer o marketing dar certo.
Então, há um departamento?
Nós quem trabalhamos com isso. Temos gente para cuidar disso, inclusive, o presidente.
Você pretende reativar o sócio-torcedor, Kalil?
Reativar não, fazer, né?
Antigamente, o Atlético tinha um sócio-torcedor...
É... Mas agora nós temos estádio para isso. Então, a partir de janeiro, nós começaremos a focar este projeto e vamos colocar isso na rua.
Já dá para adiantar algo sobre esse projeto?
Não, não. Está sendo feito. Vocês (imprensa) saberão na hora certa.
Você gostaria de acrescentar mais alguma proposta?
Olha, o trabalho que eu fiz no Atlético, os conselheiros e a torcida sabem muito bem. Todos, que acompanham, sabem o que eu fiz aqui.
Então, você acha que não é necessário fazer uma propaganda?
Eu não preciso disso. Eu vou continuar fazendo o que eu sempre fiz à frente do clube.
Você disse que iria ligar para os conselheiros. Já chegou a ligar para algum?
Liguei para alguns, falei com poucos conselheiros.
Então, você está confiante nesta reeleição?
Eu estou muito confiante.
O Irmar Ferreira te acusou de adiantar 42 milhões de reais correspondentes à receita do próximo ano. Além disso, ele disse que você recolhe os impostos dos salários dos funcionários, mas não repassa ao Fisco. O que pode dizer sobre isso?
Sobre esse assunto, é o seguinte. Olha, o que o Atlético adiantou de cota foi 20% do contrato que a Rede Globo passou para todos os clubes do Brasil para diluir durante os quatro anos. Então, a Globo não fez graça nenhuma. Todo mundo que assinou contrato com a Globo recebeu 20% adiantado e diluiu tudo isso em quatro anos. Isso é contratual. Quanto aos impostos, o Atlético deve impostos sim. Mas desde 1985. Pago o que posso, não pago o que não posso. Aqui, não tem vara mágica não. Nós não trabalhamos com vara mágica não. Então, quer dizer que se nós não pagamos os impostos devidamente é porque aqui não tem varinha de condão. Em dois anos da nossa gestão, nós tomamos 20 milhões de reais de prejuízo por ano, porque não tínhamos um estádio. No ano em que nós tivemos o Mineirão, que foi em 2009, a arrecadação do Atlético foi de 17 milhões de reais apenas com ingressos. Esse ano, arrecadamos apenas 700 mil reais. Então, quer dizer, não tem mentira nenhuma não. Mas ele acha que vai entrar alguém aqui e tirar dinheiro de folha de pagamento de funcionário para pagar imposto? Ele esteve aqui durante 45 dias com aquele pessoal que ocupou o Atlético. Ele estava, mas não conseguiu pagar uma folha de pagamento. Eles não conseguiram arrumar 50 mil reais aqui dentro. Por que eles não pagaram então? Eles ficaram aqui mais de um mês. Então, é o que eu digo: eram 19 mil reais em caixa, dois milhões em cheque pré datado e quatro meses de salário atrasado. Isso é o que era o Atlético quando cheguei.
O Fred Couto te chamou de incompetente após essa derrota para o Cruzeiro. Segundo ele, o revés vexatório pode ser colocado em sua conta. O que você pode dizer sobre tudo isso que seu oponente disse?
Olha, eu lamento que, naquele momento, alguém estivesse pensando em eleição. Aquele não era o momento. Ele foi muito infeliz no momento e na hora de falar sobre isso. Esperar o time tomar um tombo desse para agredir é chutar quem está caído. Então, o problema é o seguinte: eu acho que eles queriam uma tragédia maior. Então, eles ficaram decepcionados, porque a tragédia não veio. Agora, estão querendo qualquer pega de oportunismo para fazer isso.
A torcida pode esperar um Atlético vencedor?
É isso que nós queremos. Eu acho que nós temos de mudar apenas no futebol. Nós temos de melhorar e aprender no futebol cada vez mais, porque, hoje, o Atlético é um clube enxuto, que todo ano é superavitário, fica no azul. Não é necessário ter pavor para assumir o Atlético. Hoje, é um clube viável. Depois de três anos de muita luta, viabilizamos o clube.

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