segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Reflexo da crise política (20/10)

Paulo Galvão - Estado de Minas

O Atlético começou a perder o clássico de ontem antes mesmo de entrar em campo. No vestiário, enquanto os jogadores se aqueciam para a partida, o atual responsável pelo futebol no clube, o ex-presidente Afonso Paulino, pediu que o diretor de futebol, Alexandre Faria, deixasse o local e os dois discutiram, em mais um capítulo da crise de comando pelo qual passa o alvinegro desde que o presidente Ziza Valadares renunciou, há um mês. Não poderia haver ocasião e local piores para o desentendimento. Confuso fora das quatro linhas, o mesmo ocorreu dentro de campo, onde o time nem de longe lembrou o que venceu o Flamengo por 3 a 0 na rodada anterior.
Paulino acusa Faria de ser empresário de jogadores e de comandar uma quadrilha dentro do Galo, intermediando negociações. Ele garante que vai demitir hoje o diretor e outros funcionários, que estariam envolvidos no suposto esquema. Promete apresentar provas. Faria se defende, dizendo que já recebeu comissões quando era responsável pela área internacional. Porém, desde que assumiu a diretoria de futebol, isso não ocorreu mais. “Ele vai ter de provar essas acusações”, declarou o diretor, argumentando que Paulino é “apenas um conselheiro” e não tem autonomia para demitir ninguém.
Evitando relacionar a discussão de dirigentes com a derrota, o técnico Marcelo Oliveira não deixou de reconhecer que tudo isso acaba prejudicando. Ele lembra que, além dos problemas para armar a equipe, com contusões e poucas peças de reposição, tem de conviver com toda sorte de obstáculos: “De dois meses para cá, as coisas não têm sido fáceis. Espero que quem assumir o clube ponha tudo nos devidos lugares”.
Bastante identificado com o Atlético, no qual se formou como jogador e onde tem vasta experiências nas categorias de base, o treinador foi chamado de burro por parte da torcida quando substituiu Marques por Pedro Paulo. Ele procurou mostrar-se tranqüilo, apesar de chateado com o resultado. “Como não podemos nos empolgar por causa de uma grande vitória, também não podemos nos desesperar por perder um clássico. Vamos continuar tentando fazer o melhor para levar o Atlético à melhor posição possível no Brasileiro”, disse.
Um dos motivos apontados por Marcelo Oliveira para a derrota foram as mudanças que teve de fazer. Ele não pôde contar com o zagueiro Marcos, o lateral César Prates, o volante Rafael Miranda e o armador Petkovic, contundidos. “Foi uma semana complicada e tivemos de improvisar. No primeiro tempo, passamos por dificuldades, mas no segundo, quando pus o Raphael Aguiar na esquerda e voltei o Élton para o meio, melhoramos. Mas, infelizmente, não foi suficiente”, afirmou.
ELEIÇÃO
Hoje é o último dia para as chapas que pretendem disputar as eleições para a presidência do Atlético se inscreverem. Até sexta-feira, nenhuma chapa havia se registrado, apesar de Alexandre Kalil, Sérgio Bias Fortes e Itamar Vasconcelos terem se declarado candidatos.
Um dos motivos para a demora nas inscrições pode ser a exigência do novo estatuto de que o candidato apresente o apoio de pelo menos 50 conselheiros. E há o apelo do presidente em exercício Antônio Passos para que haja consenso e se lance chapa única.

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