quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Crise à espera do ponto final (30/10)

Paulo Galvão - Estado de Minas

O Atlético elege hoje o 49º presidente de sua história de 100 anos. Ao escolhido pelos conselheiros na sede de Lourdes caberá a difícil missão de pôr um ponto final na crise política deflagrada com a renúncia de Ziza Valadares, em 18 de setembro, pacificar as diversas correntes alvinegras e organizar o clube. Para isso, será obrigatório saneá-lo financeiramente e, sobretudo, reconduzir o time de futebol ao caminho das conquistas importantes.
Três chapas se habilitaram a participar do pleito, que começa provavelmente às 9h – para se iniciar às 8h, seria necessária a presença de pelo menos 188 conselheiros, o que não deve ocorrer – e termina às 17h. A apuração começa logo em seguida, com o eleito empossado imediatamente.
Dois dos candidatos são filhos de vitoriosos ex-presidentes. Alexandre Kalil, que tem como vice em sua chapa Daniel Diniz Nepomuceno, acompanhou de perto a gestão do pai, Elias, de 1980 a 1985, quando o Galo dominou o futebol mineiro e fez ótimas campanhas no Campeonato Brasileiro. Sérgio Bias Fortes, cujo vice é Frederico Peçanha Couto, se inspira em Valmir Pereira, que comandou o clube entre 1975 e 1979 e montou o time vice-campeão brasileiro invicto em 1977, no início da longa hegemonia estadual alvinegra. Correndo por fora, o sócio Itamar Vasconcellos, que não é conselheiro, não pode votar. Disputa o cargo pela quarta vez consecutiva, tendo agora como vice Ronaldo Ermelindo Ferreira.
Qualquer que seja o vencedor, as dificuldades que o aguardam são imensas. A primeira, quitar a folha salarial, atrasada desde agosto. Se não o fizer até quinta-feira da semana que vem, o Atlético corre o risco de perder os direitos econômicos de atletas, pois chegaria a três meses sem pagar salários.
“Estamos procurando tomar as medidas possíveis, mas é difícil, pois não podemos assumir nenhum compromisso antes do resultado da eleição. O certo é que não vamos deixar nossas promessas saírem por conta disso”, diz Bias Fortes. Os concorrentes também garantem não permitir que jogadores reivindiquem a saída na Justiça.
CRIATIVIDADE
O novo presidente terá ainda de arrumar recursos para pagar as demais despesas do clube, que tem déficit mensal de R$ 2 milhões e dívidas ultrapassando R$ 200 milhões, parte dela escalonada, como as trabalhistas. As contas se acumulam e a diretoria passada já tinha dificuldades para pagá-las. Tanto que houve antecipações de cotas de TV e negociação de parte dos direitos de jogadores com empresários.
Como o futebol é o carro-chefe do Galo, a formação de um time competitivo para 2009 é uma das principais preocupações dos candidatos. O vencedor precisará de muita criatividade, diante da falta de recursos que atrapalha qualquer plano.
Do grupo atual, muitos atletas mostraram potencial, mas outros certamente não permanecerão. O problema será manter revelações que despertam a cobiça de clubes do Brasil e, principalmente, do exterior, ávidos em tentar se aproveitar da situação financeira complicada para tirá-los do Galo em condições.

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