Ludymilla Sá - Estado de Minas
O dia de ontem amanheceu com um clima diferente para atleticanos e cruzeirenses. Desde cedo, carros enfeitados com bandeiras dos dois clubes buzinavam pelas ruas de Belo Horizonte. Era uma espécie de concentração para o último clássico do ano. Precavidos, eles saíram de casa mais cedo para chegar com tranqüilidade ao Mineirão. Mas não escaparam do engarrafamento. Por causa dos diversos eventos que ocorreram na região da Pampulha, o trânsito nas avenidas Antônio Carlos e Catalão, as duas principais vias de acesso ao estádio, já estava congestionado desde às 13h. Foi um verdadeiro exercício de paciência. Algumas figuras exóticas deram o tom saudável e familiar à festa anunciada. E chamavam a atenção de quem passava por causa dos ornamentos que vestiam, como chapéus de pierrô azul e branco, perucas e até uma melancia na cabeça. Com o corpo pintado com as cores do Galo, o cobrador de ônibus Anderson Marques, de 33 anos, fez um capacete com a fruta e pintou a palavra Paz. Só lamentou não ter podido assistir à partida com a fantasia. “A polícia não deixou. Disse que é proibido. Pena, porque é uma manifestação saudável. O que eu poderia fazer contra outra pessoa com essa casca de melancia?” O pequeno atleticano Iago Rodrigo, de 7, com uma peruca black power preta e uniformizado, fez sua estréia no estádio da Pampulha e esbanjava animação ao lado do irmão mais velho, Maicon Vinícius Marques, e do tio, Everaldo Marques. “É o nosso talismã”, afirmava Everaldo, confiante em um triunfo alvinegro. Mas, lamentavelmente, há sempre alguém disposto a estragar a festa, que foi marcada por conflitos entre policiais e torcedores antes mesmo do início do jogo. A massa atleticana estava concentrada na Avenida das Paineiras, localizada atrás do Mineirinho, quando, segundo torcedores, foi surpreendida pela Polícia Militar com bombas de efeito moral para dispersar a multidão. A torcida revidou, lançando sobre os policiais garrafas de água, pedras e latinhas de cerveja. Uma verdadeira praça de guerra. “Foi uma covardia. Havia pais com filhos lá, todos cantando o hino e chegaram os policiais soltando bombas. Uma atitude completamente desnecessária”, comentou o professor de educação física Alberto Andrade, de 30 anos. A confusão, no mesmo local, teve proporções ainda maiores depois da derrota atleticana. No ambulatório do estádio, 48 atendimentos médicos foram registrados, a maioria deles de torcedores embriagados. Comércio e drible Dia de clássico também é uma oportunidade de maior faturamento para os vendedores ambulantes, apesar da proibição da venda de bebidas alcoólicas ter comprometido consideravelmente o lucro. Dona Diva é dona de uma barraquinha próxima do portão 11, que vende tropeiro, sanduíche de pernil e refrigerante. Ela contou que fatura cerca de R$ 300. Em outras ocasiões, chega a faturar R$ 250. “Era muito melhor quando podíamos vender bebida”, lamentou. Mas houve quem conseguiu driblar a fiscalização da Polícia Militar. Com sacolas de feira cheias de latinhas de cerveja, alguns ambulantes espalhados pelo estacionamento do estádio vendiam a bebida para os torcedores. Já Rodrigo José Almeida, vendedor de réplicas de camisas do Cruzeiro a R$ 20, afirmou que, não fossem as brigas entre torcidas, o lucro poderia ser bem melhor
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