terça-feira, 16 de agosto de 2011

À espera de um milagre

Como ocorre no filme estrelado por Tom Hanks, Galo parece conformado com sua situação. Mesmo após mais uma humilhante goleada, nenhuma decisão é tomada
Paulo Galvão - Estado de Minas
Publicação:16/08/2011 07:00
A derrota por 3 a 0 para o Coritiba, a nona em 16 jogos pelo Campeonato Brasileiro, aumentou a tristeza e a revolta da torcida – que protestou na chegada da delegação, domingo à noite, no aeroporto de Confins e ontem voltou a reclamar na Cidade do Galo – , mas não provocou nenhuma mudança no Atlético, ao menos por enquanto. Ontem, o presidente Alexandre Kalil até almoçou com o técnico Cuca, que logo depois do jogo no Couto Pereira admitiu carências no grupo, bem como a possibilidade de dispensas, mas nenhuma decisão foi anunciada.
Um nome já indicado pelo treinador aos dirigentes é o do volante Pierre, que não vem sendo aproveitado pelo técnico Luiz Felipe Scolari no Palmeiras, conforme confirmado depois do jogo com o Coxa. Outros jogadores serão tentados nas próximas horas, como já havia adiantado o diretor de futebol Eduardo Maluf, que os mantém em segredo.
Já na via oposta, atletas poderão deixar o clube. Mancini teria sido oferecido ao Grêmio. Quem também ainda não fez sete partidas pelo Nacional – limite para se transferir para outro clube – e não vem sendo muito aproveitado é o volante Dudu Cearense, nem relacionado para o jogo com os paranaenses. O armador Daniel Carvalho também não consegue se firmar, mas já entrou em campo sete vezes com a camisa alvinegra, o que inviabiliza sua saída para um time brasileiro.
A dispensa e a contratação de jogadores, porém, não é a melhor receita, como já ficou provado no próprio Atlético. No ano passado, o então técnico Vanderlei Luxemburgo decidiu reestruturar a equipe depois de conquistar o título mineiro e acabou fracassando, sendo demitido depois de a equipe passar todo o Brasileiro na zona de rebaixamento ou nas proximidades dela.
Este ano a situação se repetiu, não apenas por decisão de Dorival Júnior. Se dispensou o volante Zé Luís e o armador Ricardinho, o treinador também perdeu atletas por outros motivos, como negociações, casos do atacante Obina e Diego Tardelli, além dos que pediram para sair, como o atacante Jobson e o armador Diego Souza.
Para tentar repor as perdas, já foram contratados 19 jogadores. O último deles foi o atacante André, que nem fazendo dois gols em cinco jogos impediu que o Galo caísse de produção e que Dorival Júnior fosse dispensado.
O substituto, Cuca, ainda não teve tempo para colocar em prática suas convicções. Afinal, chegou há nove dias e comandou a equipe em dois jogos, sendo que amanhã o Galo estará novamente em ação, dessa vez para pegar ninguém menos que o líder do campeonato, o Corinthians, às 21h50, em Ipatinga. No sábado, o Galo volta a campo para pegar o Botafogo, que também será adversário na quarta-feira, só que no jogo de volta da primeira fase da Sul-Americana – no de ida, os cariocas venceram por 2 a 1, no Vale do Aço. “O Cuca nem teve tempo para trabalhar, pois está sendo jogo em cima de jogo. Mas temos certeza de que quando tivermos uma semana livre o trabalho vai dar resultado”, afirma o zagueiro Werley, que não vê a hora de o Atlético iniciar a recuperação. “Temos de começar a ganhar jogos, pois o campeonato está passando e estamos só caindo. Já estamos na zona de rebaixamento e precisamos fazer alguma coisa diferente, ou vai complicar.”
COBRANÇA O jogador chegou a dizer, ao sair do campo do Couto Pereira, que a equipe alvinegra precisa “deixar de meiguice” e encarar os jogos com mais seriedade. Ontem, ele manteve o discurso, mas garante que suas palavras não tiveram alvo específico. “Falei a mesma coisa no vestiário para todos os jogadores e eu me incluo nisso. Claro que só vontade não ganha jogo, mas é preciso buscar dar algo a mais para mudarmos essa situação”, argumenta.

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