sábado, 27 de agosto de 2011

Kalil fala de planejamento, finanças e diz que jogar no Ipatingão foi 'estupidez'

Redação - Superesportes
Publicação:25/08/2011 18:29
Atualização:25/08/2011 20:58
Confira mais trechos da entrevista coletiva do presidente Alexandre Kalil, concedida na tarde desta quinta-feira, na Cidade do Galo.
Receita e dívida
“Tem coisas que a torcida não sabe e vai saber. Em 2008, a receita era a metade da do Cruzeiro. Era de 60 milhões e dívida, 300 milhões. Ou seja, 66% estava comprometido com a dívida. Em 2009, subimos para R$ 66 milhões e reduzimos para 23% a dívida. Em 2010, a receita do Atlético foi para 93 milhões e 20% do endividamento, ou seja, caiu para R$ 19 milhões. Este ano, tínhamos planejamento de R$ 103 milhões. O Atlético, hoje, vai faturar mais que o seu rival. Não tem a ver com a televisão. Isso é a partir do ano que vem. O contrato é o mesmo até agora”
Dívidas antigas
“Outra coisa que gostaria de dizer é que nos pagamos R$ 70 milhões em três anos de dívidas que não eram da minha administração. O Atlético pagou, de Timemania, R$ 20 milhões na minha administração. O Atlético, na Serasa, tínhamos 80 títulos protestados, hoje temos cinco que não achamos os fornecedores. As dívidas da Copasa, de 7 milhões, dos Correios, de mais um monte, não devemos mais nada. Importante dizer que, além do TRT, que o Atlético paga, nos acertamos 50 processos trabalhistas. O Atlético hoje tem todos os seus clubes superavitários”
Planejamento do futebol
“A respeito do futebol, o planejamento foi feito. Quando você pega um técnico que já está há cinco meses no clube e ele inicia uma temporada, isso é planejamento. Ele estava pronto, pediu os jogadores, dispensou, e não deu certo. Não vou falar do para trás. Houve uma planejamento. Essa mesma torcida que está ‘p.’, como eu estou, foi buscar o Vanderlei no aeroporto, o Réver, o Dudu, o Richarlyson, o André, o Guilherme. Tudo foi tentado para fazer o melhor. O Atlético não vai caminhar para o abismo. Organização, gente com coragem, com determinação igual essa minha diretoria, não vai deixar o Atlético ir para o abismo. O Atlético está a duas vitórias do Santos. Ontem o presidente deles disse que o Santos é candidato ao titulo. A torcida tem razão. Tem que protestar, eu não ligo para isso. Se tem coisa nova, vou propor o seguinte: vamos abraçar esse time, nosso treinador, nossa comissão técnica, e vamos fazer o que eu sempre fizemos. Na minha administração, 2/3 dela foram sem o Mineirão. Isso não é desculpa, mas não pode ser ignorado. O prejuízo financeiro e técnico de não jogar com a torcida do Atlético no Mineirão é muito grande. Mas não é desculpa. Estou colocando fatos e números para que todos saibam que aqui tem um presidente que vem, fala, não tem medo, tem mão limpa. Os contratos dos jogadores são feitos e passados para o jurídico, depois vai para o financeiro. A única coisa que me apavora é meu time não jogar e não ganhar. Hoje, tem um homem limpo, que organizou e saneou o Atlético”
Jogadores contra o presidente
Todos os jogadores que estão aqui, sentaram, acertaram, e tudo que foi acertado foi cumprido. Não tenho intimidade com jogador de futebol. Todos que precisaram de mim com problemas pessoais, fiz questão de resolver. Eles não têm nem contato, a não ser quando estão com algum problema. Tudo que eles precisam, como patrão, tento resolver. E tudo que combinei, eu cumpri. Não vejo nada contra o presidente. Acho isso surreal. Houve uma redução no grupo, que era necessária. Teve contratação, sobe a base, mas isso já foi resolvido. Não há divisão no grupo.
Folha de pagamento
A folha de futebol do Atlético, eu não vou falar, porque ninguém sabe de clube nenhum. Mas é uma folha relativamente modesta. Temos o que oferecer ao jogador. Haja vista, que quando vamos disputar lá fora, não precisamos pagar mais. A gente tem uma estrutura a oferecer, pagamento em dia, que nos deixa muito competitivos no mercado de futebol.
Grupo de jogadores
Já teve uma redução. Daqui a pouco o Cuca deve falar nisso. De seis ou sete jogadores. Ele quer trabalhar com um grupo menor. A gente esta carente de jogadores e estamos atrás. Estamos procurando e acho que vai dar tudo certo, se Deus quiser.
Aprendizagem com 2010
O ano de 2011 ainda não acabou. Estamos com mais de um turno para jogar ainda. Aprendemos muito com 2010. Não demoramos tanto a trocar o treinador. Acreditava que segurando ia mudar e cheguei quase no final. Isso foi um aprendizado e estou aprendendo todo dia. Hoje sou outro dirigente, mas ainda não lido bem com o imponderável. O que esta na minha mão, eu resolvo. Mas futebol fica imponderável. Trouxemos qualidade, não trouxe jogador de internet, que a torcida tinha que ir na internet para saber quem era. Quem eu trouxe, todo mundo sabia que jogava. É só o time jogar.
Fase ruim
O Atlético, no último jogo, melhorou um pouco. Não sei se é falta de vontade, se é pressão, a perna fica pesada. Quem já competiu uma vez na vida, e eu já, a perna pesa, o braço pesa, o pulmão pesa. Isso tudo influi muito no negócio. Esta sendo feito um trabalho muito bom. Estamos fechados e determinados. O Atlético não vai avacalhar. Estamos fechados para fazer uma coisa legal.
Sentimento do presidente
O Alexandre Kalil se questiona sobre tudo. Me cobro muito, até mais do que deveria. Como bom atleticano que eu sou, sou exigente, nojento, ponho a carga toda em cima de mim. Sou um atleticano. Tenho a essência atleticana. O que eu faço, não faço para torcida, mas para mim e para o clube. O Kalil se questiona 24 horas por dia, dentro e fora. Talvez se eu tivesse muito resultado dentro, aqui fora estaria melhor. Tenho certeza que vamos ajeitar e isso vai certo. Por isso peço o apoio, o abraço, que tem muita água ainda para passar debaixo da ponte.
Porque tem tanta certeza que o vai dar certo?
Acredito em organização, honestidade e trabalho. Isso para mim é fundamental. Acredito em elenco, que o Richarlyson não desaprendeu a jogar, nem o Dudu, nem o Guilherme e nem o André. Acredito nos jovens que subiram e estão indo bem. Não temos meio dúzia de bundões, mas jogadores de alto nível e que vão ter que jogar. Por isso que acredito.
Tem panelinha no elenco?
Não tem panelinha aqui. São homens e não tem isso. Não existe isso aqui dentro. Aqui a gente não questiona o caráter de ninguém. Aqui não tem isso. Se tiver, vai embora.
O que o presidente ainda pode fazer?
A diretoria pode fazer o que ela vem fazendo. O que o presidente pode fazer? O que está faltando? Eu que te pergunto, às vezes você pode me ajudar. O que eu posso fazer? Mais nada. Posso só manter a coisa organizada, com disciplina, mão de ferro. É isso que temos que fazer e estamos fazendo. Vim pedir o abraço da torcida. Aqui vai continuar em ordem. Até 31 de dezembro eu garanto que vai ter ordem.
Algum dirigente tem percentual de jogador?
Que eu tenho conhecimento, ninguém. Nenhuma pessoa. No meu tempo, nem pensar. Não vendi nenhum percentual de jogador para ninguém. O Atlético nunca vendeu um por cento de jogador nenhum. Respondo pela minha administração. Fomos fazer o acerto do lateral-esquerdo, o Eron. Para ele assinar um contrato de cinco anos conosco, pegamos e demos um percentual para ele. Ele pegou e vendeu e eu fiquei com raiva, porque queria que ele vendesse para mim. Foi o que eu fiz com o João Pedro. Dei 10% para ele e comprei de volta. Eu respondo por mim. Sobre o Ricardo Guimarães, como investidor, a empresa investidora, tem percentual em jogador. O Réver, eu pedi a ele para trazer para o Atlético. Ele tem percentual sobre ele, é da empresa dele. Agora, conselheiro do Atlético, com percentual do jogador, não tem.
Errou ao levar os jogos para o Ipatingão?
Foi uma estupidez fazer essa mudança. Foi um erro grosseiro, alias. Quem assistiu Atlético e Corinthians viu o erro. Ganhávamos de 2 a 0 e o estádio estava em silêncio. Esse foi um erro brutal, burro e deu errado. Agora sei que foi um erro. Se fosse tão a vista, alguém ia falar que era burrice. Sim (vamos ficar na Arena do Jacaré até o final do ano).
Qual a importância de ser o quarto clube que mais vende Pay-per-view?
Importante saber que é o quarto cube que mais vende no país. É aí que a gente mostra o tamanho do Atlético.
Porque os técnicos saem por baixo e dão certo em outros clubes?
Roth foi campeão em dois jogos, o Dorival em um. Vou responder pelo Vanderlei. Ele teve um problema aqui, que parece uma bobagem, mas foi grave. Ele passou quase a metade da temporada dele sentado em uma cadeira de rodas. E futebol é dentro de campo. Esse foi um dos motivos. Os outros são imponderáveis, mas temos que olhar para a frente.
Trocar tanto de jogadores é ruim, pois o atleta não cria vínculo com o clube?
Não sei onde tem vínculo, esse amor com o clube. Se algum jogador profissional tem vínculo com o clube, vou lá para saber. No futebol que estamos vivendo, falar em amor, vinculo, não. O atleta tem que ter compromisso com o profissionalismo. Quanto às contratações, atendemos ao treinador. Estamos trazendo o que todos os clubes trazem. O Atlético não derruba caminhão.
Em algum momento pensou em jogar a toalha?
Igual saiu que ia renunciar, não. Mas eu pensei sim. Pensei nisso. Primeiro quero dizer que apesar de tudo, vamos sair disso, e ser presidente do maior time de Minas Gerais é uma honra. Você é tratado como uma pessoa muito especial. Esse negócio de sacrifício, é uma bobagem. Me sinto o Lula do Atlético. O Atlético é um país. Sei o que o Lula sentiu, porque sinto igual. Aliás, não acredito que ele tem amor pelo Brasil como eu tenho pelo Atlético.
Depois de tanto criticar o Paulo Schettino, porque votou nele?
Primeiro, porque ele foi e me pediu o voto. Segundo, que não tinha outro candidato. Terceiro, que estou cheio de dar murro em ponta de faca. Desisti. No intervalo do jogo com o Botafogo já estava falando com o secretário de lá. Sou um dirigente um pouco mais espertinho agora. O bobão não está aqui mais não.
Tem projeto para liberar o CT para o torcedor?
Ter acesso ao clube não é entrar no local de trabalho na hora que quer. Escola vem aqui, vem deficientes. Há um trabalho social feito aqui dentro. Mas se a maior torcida de Minas Gerais for entrar aqui, vocês mesmo estão perdidos aqui dentro. Esse negócio de abrir CT, dá uma onda danada, mas isso aqui é lugar de trabalho. A gente já toma borrachada de todo lado e isso aqui tem que ser visto como lugar de trabalho. Vamos sortear quando tiver sócio torcedor. Mas a gente não pode colocar todo mundo aqui dentro.
Vai criar sócio torcedor ano que vem?
É claro.

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