Brasileirão completa 10 anos de pontos corridos e cai no gosto do público
Luiz Martini - Superesportes
Publicação:04/12/2012 07:30
Atualização:04/12/2012 10:13
No domingo foi encerrado o décimo Campeonato Brasileiro de pontos corridos. Passada a desconfiança inicial dos amantes das decisões em mata-mata, o modelo que premia os times mais regulares ganhou milhões de adeptos e caiu no gosto do torcedor nessa primeira década. Uma enquete do portal Superesportes mostrou que 71,9% dos participantes preferem o formato atual aos jogos eliminatórios. Emoção não falta. Em seis edições, a decisão do campeão ficou para o fim. A exemplo do Fluminense este ano, apenas Cruzeiro, em 2003, e São Paulo, em 2006 e 2007, conseguiram garantir o título com antecedência. Já as definições de rebaixados e classificados para as Copas Libertadores e Sul-Americana sempre esquentam a última rodada.
O formato atual já é o mais duradouro da história dos Brasileiros. As únicas mudanças foram quanto ao número de participantes, que conta com 20 equipes desde 2006, e ajustes como a transferência dos clássicos regionais para a última rodada, justamente para assegurar mais emoção nas ‘decisões’.
O melhor aproveitamento da história dos pontos corridos é do Cruzeiro de 2003, quando havia 24 times na disputa: 72,46%. Nos Brasileiros com 20 clubes, o recorde é do São Paulo de 2006: 68,42%. O Atlético, atual vice-campeão, é dono do melhor desempenho em um turno: 75,44%.
Criado com a ideia de tornar o nacional mais justo, o sistema de pontos corridos, até aqui, concentrou os campeões no Sudeste. O Cruzeiro foi o único campeão fora do eixo Rio-São Paulo, indiscutivelmente mais forte economicamente. Paulistas levaram seis taças e cariocas, três.
“A garantia de título é de um time que soma em média dois pontos por jogo. O vice é sempre incapaz de fazer isso. Você pode até ser campeão com menos, mas não é garantido”, lembra o gaúcho Tristão Garcia, professor que há anos estuda os números do Brasileirão. Este ano, a média do vice-campeão Galo foi de 1,89 ponto por partida, contra 2,02 do campeão Fluminense, confirmando a tese.
Palavra dos ‘professores’
Muricy Ramalho, Vanderlei Luxemburgo, Antônio Lopes, Andrade, Tite e Abel Braga são os únicos treinadores que conquistaram o Brasileiro no novo formato. Ao Superesportes/Estado de Minas, o atual campeão definiu a chave do sucesso. “Tem que ter plantel. O segredo é ter dois jogadores muito bons para a mesma posição. Não joga o Deco, tem o Wagner. Se não tem o Wellington Nem, vou de Sóbis. Além disso, o tempo é que faz você conhecer características de cada um. O Thiago Neves faz mais de duas funções. Não adianta projetar isso antes. O tempo é que faz você conhecer tudo”.
Com quatro títulos no currículo, Muricy Ramalho, que levantou o caneco por São Paulo (três vezes) e Fluminense (uma vez), é o maior campeão no sistema. Ele resume as campanhas vitoriosas no grupo de jogadores e minimiza o papel dos treinadores. “A parcela de um técnico num time é de 20%. O restante (80%) é dos jogadores. Eles são as estrelas. Este ano, eu queria estar disputando lá em cima. Mas a direção fez uma escolha, que foi vender alguns jogadores”. O Santos terminou em oitavo.
O ex-cruzeirense Celso Roth costuma não terminar as competições nacionais com o mesmo fôlego do início. Para o gaúcho, ele é vítima do tempo curto de comando oferecido pelos dirigentes. Este ano, ele assumiu o time quatro dias antes da estreia e foi nono. “A montagem da equipe para o Brasileiro deve ser feita com antecedência, não no decorrer. Você tem que avaliar as necessidades do grupo antes e durante a disputa. Mas, para fazer isso, você tem que ter a convicção que continuará no ano seguinte. Toda a montagem passa por isso, para que no ano seguinte se tenha algo diferente”.
O atleticano Cuca, já com contrato renovado para 2013, também foi vice-campeão pelo Cruzeiro há dois anos e apoia seu trabalho no elenco. Mas, segundo ele, chegar ao título, depende ainda de detalhes. “É difícil montar um grupo de sucesso. Isso envolve orçamento, escolha do jogador, profissionalismo, exemplo para categorias de base. Tudo isso tem que encaixar com a formação tática que o treinador imagina. Você pensa que vai descansar nas férias e trabalha mais mentalmente. O grupo não pode ser inchado e nem ter poucas opções. Às vezes, a melhor equipe não ganha, ganha o melhor elenco”.
Entre os técnicos, o que tem o melhor aproveitamento nos pontos corridos é Cristóvão Borges (58%), mas apenas com um trabalho realizado, no Vasco. O tetracampeão Muricy Ramalho, com 381 jogos no currículo, tem mérito maior com seus 57% de rendimento. O bicampeão Luxemburgo, com 345 jogos, vem abaixo, com 56,66% de aproveitamento.
Os clubes mais regulares
Em dez anos, o São Paulo se consolidou como maior campeão do formato, com três taças, e também como maior pontuador. São 673 pontos. O Tricolor é seguido por Internacional, Cruzeiro, Santos, Fluminense e Flamengo, únicos clubes que disputaram todas as edições na Série A.
Em 400 rodadas de pontos corridos nesses dez anos, o São Paulo também foi o que mais liderou: 65 vezes. O Cruzeiro é o terceiro maior ponteiro, com 49 rodadas na liderança. Graças às 15 rodadas como líder este ano, o Atlético é o sétimo nesse ranking, com um total de 25 em nove edições, pois disputou a Série B em 2006.
Artilheiros dos pontos corridos
Mesmo sem ser atacante e sem disputar a Série A este ano, o meia Paulo Baier, atualmente no Atlético-PR, é o maior artilheiro dos pontos corridos. Com 91 gols em nove participações, ele fica admirado com esse desempenho. Parte de sua carreira foi como ala-direito. “Eu fico surpreso com isso. Tive uma sequência de jogos em bom nível e por isso vinha mantendo essa média. Mas a minha mudança para o meio-campo foi determinante para alcançar essa marca”, disse o veterano de 38 anos.
Entre os dez principais artilheiros dos pontos corridos, oito são atacantes. Além de Baier, o outro ‘invasor’ é o meia Marcinho, ex-Cruzeiro, o décimo, com 61 gols. O segundo da lista é o goleador Fred, do Fluminense, com 83 gols, 20 deles marcados este ano.
Desde 2003, o maior goleador em uma única edição foi o ex-atacante Washington. Ele marcou 34 gols com a camisa do Atlético-PR, no Nacional de 2004. Dentre os clubes mineiros, o Atlético teve um representante na lista de goleadores em 2009. Com 19 gols, Diego Tardelli dividiu o posto de artilheiro com Adriano, do Flamengo.
No quesito pontuação, as perfomances positivas do São Paulo garantem ao clube paulista o topo na competição por pontos corridos. Além de três títulos, o Tricolor esteve entre os classificados à Libertadores em sete oportunidades. Internacional, Cruzeiro, Santos, Fluminense e Flamengo ocupam os primeiros lugares na lista de equipes que somaram mais pontos nesse formato.
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