segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Último ato do maior presidente

Dirigente fecha seu mandato com os títulos de expressão tão sonhados por todos os atleticanos
PRESIDENTE DO GALO Kalil da Massa. Presidente foi carregado quando eleito pela primeira vez. Seis anos depois, despede-se com títulos de expressão
PUBLICADO EM 30/11/14 - 04h00
THIAGO PRATA
A autenticidade por vezes transpassava as barreiras da conduta politicamente correta e da ética, e descambava para um tiroteio de provocações e ironias, sem um alvo definido. Mas, em meio ao tom sarcástico, ácido e sagaz, o amor a um clube que ele defendeu com unhas e dentes. A partida deste domingo, entre Atlético e Coritiba, às 19h30, no Independência, é a despedida de um presidente que reergueu um gigante e o colocou no topo do futebol brasileiro e sul-americano. Neste domingo, Alexandre Kalil irá assistir, pela última vez, um jogo do Galo como mandatário do clube alvinegro.
A personalidade forte se mostrou evidente desde o dia 30 de outubro de 2008, quando assumiu o cargo máximo do clube, no lugar de Ziza Valadares, que debandou sem terminar seu mandato. O temperamento de Kalil nem sempre foi visto com bons olhos pelos adversários e por uma parcela da Massa. Só que amigos e inimigos têm de concordar em algo: foi graças a Alexandre que o Atlético voltou a conquistar títulos de expressão e se tornou exemplo para outras agremiações no país.
Um personagem folclórico sim, o bastante para dizer que uma “taça de campeão é melhor do que mulher”. Mas foi e é também um trabalhador assíduo e incansável, e um vitorioso durante toda sua trajetória como presidente. Os títulos da Libertadores de 2013, e o da Recopa Sul-Americana e da Copa do Brasil, ambos de 2014, além do Mineiro de 2010, de 2012 e de 2013 estão aí para provar isso.
Responsável por modernizar a Cidade do Galo, eleita o melhor CT do Brasil, contratar vários nomes importantes, como Diego Tardelli, Victor e o ícone mundial Ronaldinho Gaúcho, e organizar as contas do clube mineiro, Alexandre deixará o Atlético no dia 3 de dezembro deste ano, data da eleição do novo presidente do Galo. O atual vice dele, Daniel Nepomuceno, será o próximo presidente.
Antes da partida deste domingo, haverá uma entrevista coletiva do mandatário, que, com toda certeza, irá reiterar o sucesso atingido dentro do Atlético. E das cadeiras do Independência, o estádio que ele transformou no poleiro do Galo, virá em forma de aplausos e gritos da Massa o maior de todos os reconhecimentos a esse que é considerado o maior presidente da história da agremiação mineira.
O próprio Alexandre, porém, não concorda com esse rótulo, sempre salientando que o maior presidente do Galo foi e sempre será seu pai, o finado Elias Kalil. E lá de cima, Elias deve estar muito orgulhoso do filho, que conseguiu resgatar o espírito vingador de um gigante e ajudou a lavar a alma de cada membro de uma família chamada Massa Alvinegra.
As marcas da era Kalil
O céu e o inferno. Com Vanderlei Luxemburgo como treinador, Kalil comemorou sua primeira taça como presidente, a do Mineiro de 2010. Mas demitiu Luxa pela campanha pífia da equipe no Brasileiro. Dorival Júnior salvou o time do descenso.
Ensaio para glórias. Manter Cuca no cargo foi uma decisão acertada de Kalil. A vinda de grandes nomes, em especial da do ícone mundial Ronaldinho, foi a alavanca. Com um esquadrão de encher os olhos, o Galo foi vice do Brasileirão de 2012.
Despedida épica. O primeiro semestre de 2014 foi muito ruim para Kalil e Atlético. Mas a segunda metade do ano foi marcante, com direito aos títulos da Recopa e da Copa do Brasil, essa última sobre o Cruzeiro.
O início. No dia 30 de outubro de 2008 começou a era Alexandre Kalil. O início não foi bom. O Atlético passou por uma reformulação no elenco. Chegou a brigar pelo título Brasileiro de 2009, mas a reta final foi trágica.
Aprendizado. O pior ano da era Kalil, 2011, foi também o embrião de um período de glórias. Graças a Cuca, o Galo não foi rebaixado no Nacional. Apesar de amargar a goleada por 6 a 1 para o Cruzeiro, Kalil acreditou no potencial de Cuca para o futuro.
A consagração. Após trazer Diego Tardelli, a “cereja” do bolo, Kalil viu o Atlético dar show e alcançar milagres em 2013, que culminaram com aa conquista da Copa Libertadores. O presidente dormiu com a taça de campeão na noite do título.

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