segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

29/11/2014 13h47 - Atualizado em 29/11/2014 15h06


De bicicleta, torcedor leva bandeira do Galo em aventura pela Patagônia

Ciclista mineiro Felipe Batista voa neste domingo de Belo Horizonte a Mendoza, de onde sai para aventura de 3 mil km até Bariloche, junto à Cordilheira dos Andes
Por Ricardo Welbert
Divinópolis, MG
PEDALADAS PELO MUNDOPLANEJAMENTOAPERTOS NA ESTRADA
A bandeira do campeão da Copa do Brasil está guardada com carinho na bagagem do ciclista Felipe de Alvarenga Batista, de 28 anos. O economista, aventureiro nas horas vagas, parte neste domingo para mais uma viagem sobre duas rodas. Ele vai sair de Formiga, no Centro-Oeste de Minas, voar até Mendoza e de lá pedalar pelas partes argentina e chilena da Patagônia. Ele vai até Bariloche levando com ele a companheira que simboliza o amor pelo Atlético-MG.
- O Galão vai junto com a massa para todo canto. É impressionante. Se você chega em um lugar e há uma bandeira, essa bandeira é do Galo. A segunda, se houver, é de Minas.
Feliz com a conquista nacional sobre o maior rival, Felipe apontou Leandro Donizete e Marcos Rocha como seus jogadores favoritos, e contou que assistiu à final ao lado dos pais, na terra natal.
- Agora o time está jogando o melhor futebol do Brasil, então dá gosto de ver. Lá em casa é todo mundo atleticano. Fui para Formiga me despedir da família e vi o Galo ser campeão ao lado dos meus pais. Melhor, só se tivesse os arrastado para a Praça Sete - brincou o ciclista, que planejava a viagem há dois anos.
PEDALADAS PELO MUNDO
Felipe se diverte nas pedaladas mundo afora
Atualmente, Felipe passa mais tempo no Rio de Janeiro, onde faz doutorado em Economia e treina para as aventuras. Sempre que sobra um espaço na agenda, ele visita os parentes em Minas ou – o que é mais comum – sai para pedalar por algum lugar do mundo.
– Na maior parte dos meses do ano, concilio trabalho e estudo com treinamentos que, normalmente, não envolvem bicicleta. Escalada, montanhismo e caminhadas, por exemplo – contou.
Depois de passar por lugares como Itália, Portugal e explorar várias regiões do Brasil (como o litoral nordestino), Felipe vai percorrer 3 mil km na Patagônia, passando por Chile e Argentina. Neste domingo, ele pega voo de Belo Horizonte para Mendoza, na Argentina. De lá, deverá pedalar até Bariloche, na Província de Rio Negro, junto à Cordilheira dos Andes.
– Em Bariloche devo me encontrar com dois amigos economistas, que seguirão comigo. Faremos a travessia dos lagos em direção ao lado chileno. Iremos até El Calafate, na província de Santa Cruz. Também é objetivo chegar ao Parque Nacional Torres del Paine - detalhou.
PLANEJAMENTO
Para cumprir o desafio, no entanto, é preciso muito planejamento e cuidado. Felipe explica que o condicionamento físico e o preparo psicológico são essenciais.
- Fazer um mapa de rotas de acordo com os seus interesses no momento, sejam naturais, históricos ou culturais. Neste caso, meu interesse é em conhecer uma parte do mundo bastante rica em montanhas e vulcões.
Tudo isso, ele faz sem patrocinador. O que mais pesa no bolso, são as passagens aéreas internacionais. Mas, depois que chega ao destino, ele não precisa de muita coisa para se virar.
- A possibilidade de fazer acampamentos me aproxima da natureza, me fortalece e me faz economizar. Isso é algo que gosto de fazer, geralmente, sozinho - revelou.
APERTOS NA ESTRADA
Histórias incluem apuros no litoral do Maranhão
Se alguém pensa que andar pelo mundo numa bicicleta é fácil, pergunte ao Felipe. Até encontrar a maneira certa de encarar diferentes ecossistemas e terrenos ele teve dificuldade. Ao percorrer os lençóis maranhenses, o mineiro passou por apuros.
– Já estava sem água e sem comida. Fui praticamente resgatado por nativos. Coloquei na minha cabeça que seria fácil percorrer o trecho do litoral, porque tinha o mar à minha esquerda e as dunas à minha direita. Mas, eu não conhecia a técnica certa de andar na areia nem de achar água doce. Logo, não pude beber água salobra. Estava começando a ficar desidratado nos primeiros 50 km de viagem. Fui acolhido em um oásis, onde me ensinaram artimanhas daquele ecossistema – relatou.
Na viagem seguinte, o ciclista aventureiro optou por conhecer a própria terra. Foram 2 mil km por estradas de terra em Minas Gerais, valorizando percursos históricos, dentre os quais a Garganta do Embaú, por onde os bandeirantes passaram no século XVII.
– Chuva, lama e o bom acolhimento mineiro foram uma constante. Chegar ao Pico da Bandeira, atravessar o Espinhaço e terminar às margens do Rio São Francisco, quase uma obrigação – recordou.
A terceira viagem, 5 mil km pela Europa, de Portugal à Itália, combinou dificuldades física e psíquica. Incluía percurso de 1.500 km pelos Alpes, onde se deparou com subidas diárias de 20, 30, 40 quilômetros.
– A opção recorrente por montar meus próprios acampamentos aumentou as dificuldades. Mas, como sempre, elas alimentaram a confiança – lembrou.
A missão agora será lutar contra os ventos e chuvas da Patagônia. O percurso de 3 mil km mescla estradas asfaltadas e de rípio, inclui travessias por montanhas e longo caminho deserto.
– Novamente, muito chão e muito acampamento. Nada fácil, mas, para quem tem o coração aberto, o caminho é reto e plano.

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