sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Em seis meses de Atlético, Levir Culpi supera seis anos de futebol japonês no quesito emoção

Admirador da cultura oriental, técnico admite que coração bate mais forte no Brasil
postado em 07/11/2014 16:10 / atualizado em 07/11/2014 15:05
Thiago de Castro /Superesportes
Em planejamento, organização e gestão o Brasil ainda não chega ao ponto que Levir Culpi aprendeu com a cultura japonesa. Mas em emoção, os seis meses que o treinador tem no seu retorno ao Atlético já batem tudo o que foi vivenciado em seis anos trabalhando no Japão.
Levir conseguiu a classificação para a Liga dos Campeões da Ásia de 2011 e 2013, com o Cerezo Osaka. Foram os momentos de maior emoção no futebol japonês. De volta ao Galo, o técnico foi campeão da Recopa Sul-Americana e comandou a equipe nas épicas disputas ante Corinthians e Flamengo pela Copa do Brasil. Jogos emocionantes o suficiente para testar o coração.
“A gente vai lá para aprender. Aprendi muitas coisas no Japão. Eu gosto e quero morar no Brasil. As emoções que vivi aqui, nunca vivi lá. Só duas vezes, nas classificações que tivemos para a 'Copa Libertadores' da Ásia. Todo mundo saiu se abraçando e chorando. Foi quando chegaram perto da nossa emoção. Eles são mais pragmáticos, mais organizados. Mas nós somos muito mais divertidos”, comenta o treinador atleticano.
A emoção tem sido uma companheira íntima de Levir em 2014. No segundo jogo da final da Recopa, no Mineirão, o Lanús chegou a deixar o placar em 2 a 1 no primeiro tempo e poderia ficar com o título, já que o Galo venceu fora de casa por 1 a 0. No fim das contas, deu tudo certo, com triunfo por 4 a 2 após a prorrogação.
Depois da histórica virada contra o Corinthians, nas quartas de final da Copa do Brasil, Levir admitiu que precisava controlar uma arritmia cardíaca. O treinador deixou o gramado do Mineirão muito emocionado com o triunfo por 4 a 1.
Já nessa quarta-feira, após mais um 4 a 1 emocionante, contra o Flamengo, o comandante se divertiu durante entrevista coletiva. Ao projetar a final contra o Cruzeiro, ele sacou uma caixa de remédios do bolso e mostrou para os jornalistas. Levir ainda vai ter o coração testado mais vezes: “Esse jogo contra o Cruzeiro vai ser mais uma vez histórico”.
Paralelo cultural
Vivenciando muitos sentimentos fortes no Brasil, Levir não deixa de chamar a atenção para diferenças culturais existentes entre o país e o Japão.
“A coisa que mais evoluiu no Brasil foi o atraso. Nós estamos retrocedendo. A falta de educação gera esse tipo de problema. Não temos esse controle que deveríamos ter. Realmente os problemas eram melhores no Japão. Chego a conclusão que estamos andando para trás. É um processo que vai demorar uma ou duas gerações para sumir. O Japão perdeu uma guerra, ficou arrasado, e se tornou a segunda maior economia do mundo. Depois vem a Coréia e países como Singapura, que investiram tudo em educação e hoje são exemplos”, comenta.

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