sábado, 26 de setembro de 2009

Entre o paraíso e o inferno (25/09)

Eugênio Moreira - Estado de Minas
Paulo Galvão - Estado de Minas

Eles são amigos, começaram a carreira no mesmo clube e, depois de algum tempo, se reencontraram em Belo Horizonte. Com retrospectos diferentes, chegaram a clubes rivais e viram a situação se inverter completamente em poucos meses. Hoje, enquanto Diego Tardelli, de 24 anos, vive seu melhor momento profissional no Atlético, Kléber, de 26, enfrenta grave crise no relacionamento com a torcida e pede para sair do Cruzeiro. Os dois atacantes foram companheiros no São Paulo, de onde saíram para o exterior. Tardelli atuou no espanhol Bétis e no holandês PSV Eindhoven, sem muito sucesso. Voltou ao Brasil (São Caetano, São Paulo e Flamengo) sem conseguir se firmar e criando má fama, com problemas extracampo. Kléber defendeu o ucraniano Dínamo de Kiev, igualmente sem maior destaque, mas retornou a seu país, para o Palmeiras, onde reencontrou o bom futebol. Ambos foram contratados por clubes mineiros. Tardelli vinha de temporada ruim no Flamengo, que não fez força para segurá-lo. Uma fratura no braço direito, sofrida em jogo diante do Cruzeiro, o deixara de fora por quatro meses. A afinidade com o técnico Emerson Leão era a esperança de que, no Galo, voltaria a ter bom desempenho. Já Kléber chegou com moral, como a grande contratação para a Copa Libertadores, depois de boa temporada no Verdão, e logo caiu nas graças da torcida celeste, apesar das expulsões nos primeiros jogos. Seus gols e o espírito de luta contribuíram para a empatia. Mas não demorou para tudo mudar. Mesmo com a troca de treinador no Atlético, sob a direção de Celso Roth, Tardelli continuou a se destacar, com muitos e belos gols – já tem 34 em 2009. A sequência de boas atuações foi premiada com inédita convocação para a Seleção Brasileira, que disputou amistoso contra a Estônia, em agosto. Entrou e atuou bem. Novamente chamado, para enfrentar o Chile, em Salvador, pelas Eliminatórias Sul-Americanas da Copa do Mundo de 2010, voltou a mostrar desenvoltura. O técnico Dunga convocou novamente o atacante atleticano, para os dois últimos jogos das Eliminatórias, contra Bolívia (11 de outubro, em La Paz) e Venezuela (três dias depois, em Campo Grande), aumentando sua esperança de disputar o Mundial na África do Sul. “Se fui lembrado, é porque deixei algo de bom, mas ainda é longe para estar garantido no grupo. Vou continuar buscando o espaço, fazendo meu trabalho, para tentar assegurar a vaga. Acho que é uma oportunidade decisiva para ir à Copa. Lamento pela contusão do Robinho, mas tenho de pensar em mim. Então, é ir com tudo para buscar meu lugar”, avisa. Devido à convocação, Tardelli não poderá enfrentar Botafogo (dia 8) e Cruzeiro (dia 12), pelo Brasileiro. O atacante afirma que, fora isso, ir para a Seleção não o atrapalha: “Claro que jogar no clube é diferente de jogar na Seleção, são esquemas diferentes, mas não há qualquer problema. Ao contrário, acho que você volta até mais motivado. Um exemplo é o Adriano, que voltou para a Seleção e desde então tem feito boas partidas”. QUEDA A perda do título da Libertadores para o Estudiantes, em 15 de julho, foi o estopim para os problemas de Kléber. De imediato, ele acusou companheiros de não se empenharem e se preocuparem mais com a discussão do prêmio pela conquista. Para complicar, o atacante declarou que gostaria de disputar a Libertadores de 2010 pelo Palmeiras e, sábado, foi a uma festa da Mancha Verde, maior torcida organizada do clube paulista. Vestiu camisa, bateu bola e tirou fotos com torcedores. Tentou se desculpar com os torcedores do Cruzeiro, prometeu marcar dois gols quarta-feira, mas não teve boa atuação e saiu vaiado por grande parte da torcida. Ainda cumprimentou a torcida palmeirense, que gritava seu nome. Ao embarcar com a delegação, ontem à tarde, no aeroporto de Confins, Kléber declarou que deseja deixar o clube: “Não posso ficar onde não querem que eu fique. Torcedor faz parte do clube. São 7 milhões pelo país. E, se o torcedor não quer que eu fique…” O jogador, no entanto, fala em cumprir seu contrato, que vai até 2 de fevereiro de 2014, com multa rescisória fixada em 10 milhões de euros (cerca de R$ 27 milhões). Kléber admite que já viveu melhores momentos com a camisa celeste: “Já estive muito mais feliz no Cruzeiro e me arrependo de algumas coisas, como ter imitado um galo no clássico (na goleada por 5 a 0 sobre o Atlético, pela decisão do Estadual), por ter jogado algumas partidas sem a mínima condição física, de não ter feito minha lua de mel para que pudesse jogar e partido sempre para a superação quando estava em campo. Estou muito magoado com tudo. Não esperava que em dois meses o mundo virasse desta forma”.

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