quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Em estado de graça

A torcida atleticana, que mais uma vez lotou o Independência, movimentou o bairro antes, durante e depois da partida. Respeitando a Lei Seca, muitos chegaram de táxi
Bruno Freitas - Estado de Minas
Publicação:20/08/2012 08:45
Atualização:20/08/2012 08:50
Confiante de que o Atlético sairia vitorioso diante do Botafogo, a torcida transformou o domingo no Horto em uma grande festa. Duas horas antes do início da partida, às 14h, milhares de alvinegros já ocupavam as ruas do entorno do estádio numa espécie de preparação a um dia santo. A reza, passados 90 minutos, mostrou que tudo acabou dando certo.
Com esse espírito quase que religioso o operador de máquinas Reinaldo Alves do Nascimento, de 32 anos, e o motorista Reginaldo Lopes, de 40, decidiram embarcar em duas vans e viajar quase 200 quilômetros entre Bom Sucesso (Região Sul de Minas) e Belo Horizonte para acompanhar o Galo de perto. Plenamente satisfeito com a campanha do clube no Campeonato Brasileiro’2012, Reinaldo apostava num placar de 2 a 0. “O desempenho está tão bom que talvez nem o maior atleticano sonhasse que fosse assim”, dizia, feliz. Já para Reginaldo, que sempre assistia aos jogos no Mineirão e Independência durante os cinco anos em que morou na capital, a atuação do Galo neste ano é comparável à dos anos 1970. O bom desempenho no segundo turno, para ele, depende das decisões de Cuca. “Tem dado certo, embora no segundo turno tudo seja diferente. Há chances de repetirmos o título de 1971. Confio no técnico”, apostou.
Motorista de uma das vans, Vicente Barcelos, de 55, uniu o trabalho à diversão. Ele aproveitou a viagem para ir assistir ao jogo e reencontrar o filho que mora na capital. “Espero que seja um belo confronto. De Bom Sucesso até aqui foi só alegria”, revelou.
Com a rigidez da Lei Seca, muita gente também aproveitou o dia para beber e comemorar indo ao estádio de táxi. Caso do arquiteto Felipe Morais, de 34, na companhia do amigo Roberto. Ele reconheceu a importância da fiscalização para evitar acidentes de trânsito. “Tem que ter muita blitz mesmo, porque o pessoal exagera e acaba multando muita gente inocente por aí. Dentro do estádio é a mesma coisa: falta educação para conter a violência. Se tiver policiamento, nada disso acontece”, alertou.
ESTRANHAMENTO O clima de descontração, contudo, não foi para todos. Botafoguenses que vieram de outras cidades criticaram a limitação na venda de ingressos para a torcida visitante. “Vim de Goiânia, gastei cerca de R$ 300 em passagens aéreas e quando cheguei aqui soube que a venda seria limitada a 200 bilhetes. O volume acabou apenas com uma das torcidas. Um absurdo”, reclamou o administrador Matheus Silvério Braga, de 21.
Minutos mais tarde as torcidas chegaram a se estranhar. Provocados por um atleticano que empunhou a faixa “quem vai ser o próximo freguês?”, botafoguenses de Juiz de Fora (Zona da Mata) começaram a gritar palavras de baixo calão. Um torcedor do Galo não identificado, então, revidou lançando uma garrafa entre os rivais e por pouco não houve vítima. A PM encerrou a confusão rapidamente.
PERSONAGEM DA NOTÍCIA
Profissão: sósia de Ronaldinho
. Robson Oliveira, torcedor do Galo
Parecidíssimo com Ronaldinho Gaúcho, um torcedor chamou a atenção da massa atleticana durante o segundo tempo do jogo. Perambulando pelas arquibancadas do setor Ismênia Tunes, Robson Oliveira, de 32 anos, distribuiu sorrisos, abraços, mas seu forte parece ser mesmo posar para fotos. Ele revelou adorar ser tratado como se fosse o ídolo do Atlético. “Esse assédio é bom demais. Realmente, eu me sinto como o próprio Ronaldo”, garantiu ele, que considera a semelhança entre ambos uma verdadeira profissão.
FALA, ATLETICANO!
Daqui para a frente, quais serão os obstáculos do Galo?
. Jesus Gonzalez Filho
. consultor de sistemas, 44 anos
“Manter a própria regularidade da campanha, o que é muito difícil por ser um campeonato longo”
. Leonardo Mascarenhas
. empresário, 42 anos
“O próprio Atlético, que pensa que é grande. O time tem de superar tudo o que for possível. Por isso considero que seja ele mesmo o seu inimigo”
. Eliseu Souza
. bancário, 42 anos
"Conseguir uma sequência de vitórias, fazendo o segundo turno como o primeiro, com raça e determinação. Além disso é preciso manter a união do grupo"
. Bianco Batista
. economista, 31 anos
“Lidar com a questão emocional do clássico. A torcida ainda está muito vinculada aos 6 a 1. Não vejo uma sequência de partidas que nos prejudique. Mas o placar do Galo vem diminuindo, o que exige atenção”

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