quinta-feira, 30 de agosto de 2012


Em vez da violência, o incentivo

Torcedores recepcionam o Galo com festa na chegada ao Horto, em clima totalmente diferente do encarado pelo time domingo

Bruno Freitas - Estado de Minas
| Tags: celular 

Publicação:

30/08/2012 07:00
  

Atualização:

30/08/2012 08:22
Rodrigo Clemente/EM/D.A.Press
Ônibus atleticano foi alvo só de manifestações de apoio na chegada ao Independência
Completamente diferente de domingo, quando a chegada do ônibus do Atlético ao Independência foi marcada por verdadeiras cenas de terror no confronto entre cruzeirenses (em torcida única) e a Polícia Militar – minutos antes do início do clássico pela 19ª rodada do Campeonato Brasileiro –, nessa quarta à noite o clima na recepção aos jogadores do Galo na Rua Pitangui, principal acesso ao estádio, era de festa, tranquilidade e confiança. Tudo isso reflexo da boa campanha alvinegra no Nacional e da expectativa dos torcedores, que acreditavam na vitória sobre a Ponte Preta.

Exceto pelo empurra-empurra diante dos portões de entrada, os atleticanos provaram, sem brigas, como manter um ambiente saudável fora de campo. Felizes e confiantes na manutenção da invencibilidade alvinegra em casa, e mais, sonhando com o bicampeonato brasileiro, muitos foram além da camisa. Empunhando faixas, bandeiras e até máscaras do ídolo Ronaldinho Gaúcho, chegaram cedo ao Horto para acompanhar de perto o time do coração.

Foi o caso das amigas Luciana Bossi, de 30 anos, e Juliana Viana, de 24. Atleticanas fanáticas ao ponto de não perder nenhum lance, elas aprovaram a adoção da torcida única nos clássicos na arena para evitar episódios de violência como o do fim de semana, embora lamentem a limitação. “Aqui tem de ser assim. Frequento o Independência desde antes da reforma e multidão é uma coisa séria”, aponta Luciana. Para Juliana, o maior problema são as vias de acesso. “O fluxo de torcedores é muito grande. Queria muito ver as duas torcidas unidas aqui, mas a polícia não dá conta de conter todo mundo”, destaca, certa de que o Galo levantará o caneco depois de “quebrar todos os tabus possíveis”.

Embora também seja contra a torcida única, o médico Marcelo Sternick, 48, outro antigo frequentador de estádios – exceto nos dias em que o trabalho exige –, alimenta a mesma opinião. “Na atual situação não tem jeito. Por mais que o poder público dê alguma segurança, as ruas do Horto são muito fechadas.”

PAZ Já o estudante André Roitberg Baratz, de 16, que aproveitou a noite livre na quarta-feira para ir ao estádio na companhia do amigo Ilan Kuperman, 15, pensa que o comportamento no próximo clássico – quando o mando será do Atlético – será diferente. “Acho que vamos dar uma aula de comportamento. Até que dá para colocar atleticanos e cruzeirenses juntos dentro da arena, mas não há a menor condição de todos chegarem juntos pelas mesmas ruas”, afirmou.

Orientação da PM à torcida

Durante a chegada dos atleticanos pela Rua Pitangui, a PM instalou um alto-falante numa das viaturas alertando sobre a importância de acessar o Independência de forma rápida e pacífica. O mesmo tipo de alerta foi dado minutos mais tarde, quando vários torcedores acenderam sinalizadores na chegada do ônibus da delegação do alvinegro. Embora várias pessoas tenham insistido em empunhar o instrumento pirotécnico até que a luz brilhante se dissipasse, outros torcedores advertidos preferiram simplesmente largar os sinalizadores sob o asfalto, causando risco de ferimentos diante do seu calor intenso.

FALA, ATLETICANO!
A violência entre torcedores no último clássico o faz temer o próximo?

“Se for de uma torcida só, não. O principal confronto ocorre entre duas torcidas, apesar de as brigas entre torcedores de um mesmo clube sempre ocorrerem”
Hugo Mendes, empresário, 36

“Sempre. O torcedor que gosta e curte de futebol sempre vai temer. Quem é adepto de violência não gosta de futebol, pratica bagunça”
Marco Brito, gerente comercial, 44

“Sim. Não vou ao estádio em dias de clássico justamente por causa disso. Comportamento é uma questão cultural no Brasil. A PM não pode deixar as torcidas organizadas se aglomerarem”
Zacharias Ferreira Neto, contador, 54

“Não. A polícia pode aprender com os erros do último jogo, planejar e tentar solucionar o que deu errado. Mesmo com uma só torcida, os torcedores já brigam entre si”
Ikaro Kelles, assistente financeiro, 24

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