sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Horizonte pouco belo para 2009 (19/09)

Paulo Galvão - Estado de Minas

A renúncia do presidente Ziza Valadares surpreendeu os atleticanos, que reagiram de forma diferente. Enquanto funcionários lamentavam pelos corredores da sede de Lourdes e nas instalações da Cidade do Galo, alguns torcedores se mostravam preocupados com o futuro do clube. Mas houve também quem comemorasse nas ruas de Belo Horizonte, com queima de fogos e a promessa de voltar a apoiar a equipe no Mineirão.
Os primeiros têm razão, pois a saída abrupta de Ziza pode abortar vários projetos em curso. Ao anunciar a renúncia, o dirigente anunciou que havia iniciado negociações para a volta do técnico Levir Culpi no ano que vem. Já tratava também com empresas como a Traffic a contratação de jogadores, para a montagem de um time forte em 2009. Além disso, pretendia seguir domingo rumo à Europa, com o objetivo de estudar modelos de gestões de estádio por dois clubes, a ser processada no Mineirão, ao lado do rival Cruzeiro, por meio de cessão do governo de Minas Gerais.
“Nada disso adiantou. Mas deixo o clube com salários em dia, deixo muito mais ‘administrável’ do que encontrei. Quero parabenizar aqueles que foram presidentes do Atlético, que passaram por essa mesma sina que estou passando, não faço distinção a quem quer que seja, porque agüentar essa pressão não é fácil”, declarou.
Um dos maiores problemas de Ziza foi o confronto com grupos organizados de torcedores. Os mais radicais defendiam que ele deveria ser impedido de continuar no cargo. Outros recorreram a protestos para demonstrar a indignação, como passeata, enterro simbólico, invasão da sede e abraço no Mineirão.
A idéia de impeachment do presidente ganhou apoio de conselheiros, que começaram até a tentar reunir as 150 assinaturas necessárias para que o assunto fosse levado ao Conselho Deliberativo. A iniciativa não foi aprovada por líderes de importantes correntes políticas do Galo, como Alexandre Kalil. Ex-diretor de futebol e ex-presidente do Conselho Deliberativo, ele fazia oposição a Ziza, mas defendia a finalização do mandato, desde que bem fiscalizado.
FUTURO INCERTO
Agora, caso seja convocada nova eleição, as vertentes políticas alvinegras devem se agitar novamente. Além da comandada por Alexandre Kalil, há a de Ricardo Guimarães, que apoiava Ziza, e a do também ex-presidente Afonso Paulino. Qualquer que seja o sucessor, o desafio será grande. O clube tem dívida superior a R$ 200 milhões, vê novas e altas faturas serem apresentadas quase diariamente em Lourdes, e a equipe não consegue se acertar em campo.
O primeiro passo deve ser detectar as boas iniciativas da administração que está indo embora. Independentemente de vaidades, o interesse do clube deve ser preservado. Da mesma forma, os erros precisam ser corrigidos e, sobretudo, identificados, para que não se repitam.

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