sexta-feira, 28 de março de 2014

28/03/2014 08h00 - Atualizado em 28/03/2014 08h00

Tímidos, brincalhões e focados: conheça as revelações do Atlético-MG
Oriundos das categorias de base do clube falam da experiência com ídolos do quilate de R10, das dificuldades impostas pelo mundo de futebol e dos planos para o futuro
Por Léo SimoniniBelo Horizonte
Apesar de viver um momento tecnicamente ruim, o Atlético-MG vem conseguindo a maioria dos resultados de que necessita para figurar bem nas tabelas do Campeonato Mineiro e da Taça Libertadores. Um dos fatores que podem explicar a situação está ligado à experiência de muitos jogadores do time, como Victor, Léo Silva, Pierre, Ronaldinho, Tardelli e Jô, só para citar alguns. Se eles têm dado conta do recado e podem ir longe nas competições de 2014, quando o número de jogos aumentar os mais experientes poderão precisar da ajuda de outros companheiros, no caso, os novatos entre os profissionais do Galo.
O goleiro Uilson, o lateral Alex, o zagueiro Jemerson, o volante Eduardo, o meia Dodô e o atacante Marion são algumas das apostas no clube, e já compõem o elenco profissional. Seriedade, determinação e foco são palavras-chave para eles quando estão sob a “tutela” do técnico Paulo Autuori, mas quando se juntam as brincadeiras são muitas, e só param quando câmeras e microfones, ainda fora da rotina deles, são ligados.
O maior exemplo dessa timidez na presença da imprensa é do volante Eduardo. Na concentração os colegas entregam que, apesar de ter apenas seis meses de clube, ele já está bem falante. Mas é só aparecer um microfone para Eduardo ficar totalmente travado e sem graça, ainda mais com as brincadeiras dos companheiros.
Dentro de campo é mais fácil, entrevista para mim é bem complicado. Quando for para uma coletiva vou me concentrar mais e vai sair na hora.
Eduardo
- Dentro de campo é mais fácil, entrevista para mim é bem complicado. Quando for para uma coletiva vou me concentrar mais e vai sair na hora. Vou tentar aprender com o Jacaré – conta rindo, ao revelar o apelido do lateral Alex Silva, que segundo ele, já vem tendo um bom desempenho diante das câmeras.
Um pouco mais “experiente” entre os profissionais, Alex Silva também se mostra o mais brincalhão do grupo. Porém, na hora de falar, ele já mostra ter aprendido alguns dos bordões corriqueiros dos veteranos.
- Passamos por muitas dificuldades, momentos difíceis, mas estamos superando e chegando ao objetivo. Agora, cada dia mais temos que trabalhar para irmos em busca dos nossos sonhos.
Mas ele deixa o “boleirês” de lado e cai na gargalha quando lembra de quando pensou em desistir por causa da falta de habilidade na cozinha.
- Quando sai de casa com 14 anos e fui para o Goiás, tinha a ajuda do ex-jogador Ailton, com hotel e comida. Só que quem tinha que fazer a comida era eu. Eu fazia um “rango” especial e mandava para dentro, mas chegou um tempo que não estava conseguindo, estava chegando para treinar fraco. Era arroz, batata e um feijãozinho duro, não sabia cozinhar, mas graças a Deus estou hoje aqui e agora é só crescer.
Parte do grupo campeão da Libertadores, Jemerson lembra e mostra um pouco de saudade da época em que ainda lutava pelo sonho.
- Dá um pouco de saudade, aqui na base tinha um pouco mais de brincadeira, séria, mas mais divertida, até pela idade. O pessoal bem novo e nesta idade a gente costumava brincar muito. Fui muito feliz e agradeço minha família e amigos que me ajudaram a chegar onde estou.
Nem tudo é alegria
Perto de completar 20 anos, o goleiro Uilson já se aconselha com Victor desde o ano passado. Atrás do titular e também de Giovanni e Lee na linha sucessória da meta atleticana, o jovem arqueiro fala dos problemas pelos quais muitos garotos passam antes de alcançar o sonho de chegar aos profissionais.
- Não só eu, como todos os atletas que saem de casa mais cedo passam por muitas dificuldades. Meus pais eram pescadores e não tinham uma renda boa para nos oferecer, e vim em busca do futebol para ajudar. Eu sou um, mas há casos piores, alguns meninos passam fome, não tem nem água em casa. Graças a Deus demos um passo a mais, estamos realizando um sonho só de estar no grupo, e isso é importante nesta caminhada.
O meia Dodô, cujo apelido é inspirado no ex-jogador de São Paulo e Fluminense, concorda com Uilson, e confessa o prazer de treinar ao lado de ídolos como Ronaldinho e Tardelli.
- Para mim é um sonho realizado. Desde pequeno estou aqui, passava para trocar de roupa, via os caras treinando e sonhava estar ali. Agora estou tendo esta experiência e ao lado de ídolos como o Ronaldinho Gaúcho e o Tardelli. Por isso, treinar e participar com eles é gratificante para mim.
Passo à frente
Marion ainda não foi relacionado para tantos jogos como Jemerson ou Alex Silva, mas diferentemente da dupla, já ouviu o nome gritado pela torcida, que o queria ver em campo. O jovem atacante não esconde a alegria pelo fato ocorrido no último jogo, diante do América-MG.
- Fico feliz dessa torcida maravilhosa gritar meu nome, todo jogador sonha ver um dia isso acontecer e já tive essa felicidade - destaca.
Mas antes desta alegria, o mais velho do grupo, com apenas 22 anos, relembra outras épocas, em que teve que deixar o clube para ganhar experiência.
- Foi boa essa saída que eu dei para amadurecer como jogador e como pessoa, pelas dificuldades que tive. Fico feliz de agora trabalhar com esses profissionais de alto nível, como o Paulo Autuori, o Carlinhos Neves. Agora vou trabalhar mais para ser reconhecido.

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