quarta-feira, 28 de outubro de 2009

'Vamos buscar o caneco' (28/10)

Jaeci Carvalho - Estado de Minas

“Olê, Marques; olê Marques.” Depois de quase um ano no estaleiro por conta de contusões, finalmente o maior ídolo da torcida atleticana nos últimos tempos, o atacante Marques, voltou ao Mineirão e ouviu da massa o cântico que o emociona: “Confesso que não esperava que fosse assim. Fiquei muito tempo longe dos gramados, mas essa torcida me ama de verdade. Só posso retribuir com meu futebol”. Quis o destino que Marques voltasse na 31ª rodada do Campeonato Brasileiro e ajudasse o time no triunfo por 1 a 0 sobre o Vitória, sábado. Será que o destino reserva para ele o título da competição? “Acredito em destino e em trabalho. Pelo que tenho sentido desse grupo, acho que podemos chegar. Esses jogos contra Fluminense e Goiás serão decisivos. Se vencermos, ninguém nos segura no Mineirão.” Marques diz que vai encerrar a carreira em dezembro de 2010, quando então parte para a carreira política, tendo como sonho maior tirar as crianças das ruas. “Seria fantástico encerrar a minha trajetória com um título nacional. O torcedor pode acreditar. Estamos fechados nesse objetivo”, destacou ele nesta entrevista, feita na Praça da Assembleia Legislativa, que deverá ser a sua nova casa. Marques fala com orgulho do amor da torcida e da possibilidade do título.
PARALELO Em 1999, o campeonato era disputado na fórmula mata-mata e hoje é diferente. Vejo que essa equipe está bem focada no título. Aquele time de 11 anos atrás era fantástico. Tinha um excelente meio-campo e um ataque forte. Acho que dá até para comparar e há uma semelhança. O Guilherme era um artilheiro nato e o Tardelli faz o mesmo. Vive um grande momento. Tínhamos o Belletti e o Robert, hoje temos o Correa e o Ricardinho. Sinceramente, acho que os dois grupos se equivalem muito. Claro que era outra época, com grandes times, o que não ocorre hoje. Mas o futebol mudou e com ele a falta de espetáculos melhores e de jogos que tiram o fôlego do torcedor.
SURPRESA No princípio havia muita desconfiança, mas desde o começo o Atlético está entre os primeiros colocados. Claro que se fortaleceu, contratando muito bem na janela, e hoje é candidato fortíssimo ao título. Deixamos de ser zebra e hoje somos realidade. Aproveitamos que havia outras equipes disputando a Libertadores e fomos marcando pontos. O Atlético é hoje respeitado nacionalmente e, no Mineirão, com a torcida fantástica, somos muito fortes.
EXPECTATIVA O torcedor não tinha muita esperança no começo, mas percebeu que entramos na competição para ganhá-la. Aí é Mineirão lotado, pois esse é o nosso maior combustível. Com a força do grupo e o grito da massa, acho difícil alguém nos tirar do nosso objetivo. Vamos para cima de Fluminense e do Goiás e, se vencermos esses dois jogos longe do nosso território, vamos partir para o título. Vão faltar cinco jogos, do quais faremos três em casa, e, no Mineirão, acho difícil sermos batidos. A torcida não deixa.
DESTINO Fiquei quase um ano parado, mas lutei para voltar e disputar esse campeonato. Consegui e fiquei emocionado no jogo contra o Vitória. Eu não esperava que fosse daquela forma. Há muito tempo eu não pisava no Mineirão, não vestia o uniforme, e saí quase carregado do estádio. Essa torcida é fantástica e é meu maior motivo de estar aqui. Se o destino me trouxe de volta nessa reta final, não foi à toa. Vamos trabalhar ainda mais em busca do título.
GARÇON Fazer o Tardelli marcar mais 12 gols e chegar aos 28 de Guilherme, em 1999, acho difícil, porém, estou consciente de que é o treinador quem vai decidir o que vou fazer. Se ele quiser que eu jogue 1 minuto, 10, 30 ou 90 minutos, não há problema. Quero ajudar o grupo. Estamos a sete jogos do título tão sonhado, dependemos somente de nós e ninguém vai querer atrapalhar isso. É hora de se doar, de trabalhar, de unir. Vamos correr um pelo outro para atingirmos o nosso objetivo.
ATLÉTICO Foi o clube que me deu a maior oportunidade na carreira. Cheguei aqui em 1997 e não havia sido pedido pelo Leão. Cheguei com certa desconfiança da torcida, mas fui vencendo cada etapa, cada barreira. Fiquei quase seis anos da primeira vez, saí, voltei, saí novamente, e esse amor foi sendo construído ao longo desse tempo. Sempre me preparei para encerrar a carreira aqui e queira Deus que seja com o título de campeão brasileiro, tão sonhado por todos nós e pela torcida, que representa muito na minha vida. O torcedor do Atlético tem um carinho por mim incomparável. Não conheço torcida que demonstre tanto amor por um atleta como ela faz comigo. Só posso agradecer o carinho, a cumplicidade, o amor verdadeiro.
POLÍTICA Tenho uma vontade muito grande de tirar as crianças das ruas. Tive uma infância difícil e sei o que é isso. Tenho vontade também de ajudar os ex-atletas. Minha intenção é a melhor possível e, se eu puder ser eleito deputado, vou ficar feliz, já que escolhi Minas Gerais para viver. Sei que há maus e bons políticos, como em todas as profissões, mas quero entrar na política para mudar a vida, principalmente das crianças. Essa é a minha vontade e do Aurélio, meu procurador e grande amigo. DIA SEGUINTE Se ganharmos o título a cidade vai parar não só no dia seguinte, como o mês inteiro. E acho que o torcedor tem, sim, que sonhar com esse momento. É isso que nos movimenta a buscar o objetivo. Fico pensando lá na frente e sonhando também. Acredito muito no nosso time e acho que dessa vez vamos buscar o caneco. Os jogadores que chegaram sãos vencedores, como o Correa e o Ricardinho, e vieram para escrever os nomes na história do clube. O torcedor tem de acreditar sim e eu acredito como nunca.NÍVEL O nível do Campeonato Brasileiro realmente é ruim. O problema é que os jogadores saem muito jovens daqui e não criam identidade com os clubes. Há interesse dos clubes, dos dirigentes, do jogador, de sair cedo. Mas acho que nesta reta de chegada, mesmo com o nível técnico ruim, o campeonato está interessante e emocionante. Não há como apontar um campeão, mas o Atlético vai chegar. O torcedor pode confiar na gente.
UMA PALAVRA Acredite. Acredite que nós vamos até o fim e colocaremos o troféu de campeão brasileiro na sede do Galo.

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