terça-feira, 5 de fevereiro de 2013


Festival de erros

Torcedores botam a boca no trombone e reclamam do tratamento recebido na reinauguração do estádio

Bruno Freitas - Estado de Minas

Publicação:

05/02/2013 10:32
  

Atualização:

05/02/2013 10:42
Passado o jejum de quase três anos de obras para as Copas, das Confederações, este ano, e do Mundo em 2014, tudo o que torcedor queria era um grande reencontro, com a emoção do clássico Cruzeiro x Atlético nas quatro linhas. Mas a alegria só durou enquanto a bola rolou. A entrega de um novo Mineirão inacabado e ausente de itens básicos para um grande evento – como comida, água para beber e para usar em banheiros, que estavam sujos e sem iluminação – levou grande parte dos 60 mil pagantes do jogo reinaugural a viver um dia de caos, estresse e, por fim, decepção.
A sucessão de erros de planejamento iniciada com a problemática venda de ingressos foi tomando corpo a medida que o Gigante da Pampulha ia sendo tomado por uma multidão celeste e alvinegra. Quem atendeu ao pedido de autoridades e procurou ir ao estádio mais cedo, sofreu ainda mais com a falta de organização, sob o forte calor de domingo. Sem poder se assentar no lugar adquirido e saborear o popular feijão tropeiro, o jeito, depois do jogo, foi ir embora com um sentimento de indignação. Confira o que deu errado no estádio e deve ser solucionado:

VENDA DE INGRESSOS
Comercialização restringe acesso

O início da concorrida venda dos bilhetes a apenas três dias do clássico resultou numa série de desrespeitos ao torcedor: imensas filas nos pontos de venda, atrasos, problemas de acesso e troca dos vouchers disponibilizados para a compra de ingressos pela internet. Cerca de 600 sócios-torcedores do Cruzeiro Sempre ficaram impedidos de ver o jogo depois de a Outplan, empresa contratada pela Minas Arena, comercializar os bilhetes reservados pelo clube aos membros do programa.

Comentário
Dirson Andrade Lima – Falta de respeito ao torcedor. Má organização. A venda de ingressos na internet foi boicotada, uma falta de respeito. Eu, que sou do interior, não consegui ingressos. Esta é a organização para a Copa das Confederações e a Copa do Mundo?

TRÂNSITO
Orientação leva a engarrafamentos

A divisão das torcidas em duas avenidas com capacidade de fluxo distintas resultou num grande gargalo na Avenida Catalão, via de acesso dos cruzeirenses, a partir das 13h. Antônio Carlos e Abrahão Caram, itinerário dos atleticanos, tiveram impacto menor, mas semelhante. O transporte coletivo funcionou de forma eficiente, apesar do movimento ser baixo depois das 15h: a maioria dos ônibus chegou vazio ao estádio.

Comentário

Eugênio Assis – E ainda querem uma Copa do Mundo aqui. Começou no sábado, com o gramando parecendo uma lagoa. No domingo, toda a água dessa lagoa sumiu das torneiras. Bares fechados. Falta de orientação de funcionários. Trânsito uma porcaria e desorganizado. Foi ridículo. Ridículo. Minas Arena amadores.

ESTACIONAMENTO
Portões fechados e preços abusivos

Não bastasse o número de vagas reduzido de 4.500 para 2.640 depois da reforma – capacidade aquém da demanda – quem acatou a recomendação da Secopa e da Minas Arena para chegar mais cedo ao estádio encontrou os portões do estacionamento fechados. A abertura ocorreu apenas às 14h (três horas antes do jogo), deixando os torcedores na fila, sob forte calor, complicando ainda mais o trânsito. Flanelinhas e vizinhos faturaram alto, cobrando até R$ 50 por carro por vagas em terrenos baldios e outros locais.

Comentário
Ronei Ribeiro – Ponto 1: desorganização e congestionamento para entrada do estacionamento, polícia inventou. Ponto 2: banheiros alagados e falta de lixeiras. Ponto 3: bares fechados e falta de água (passamos sede). Por sorte apareceu um saquinho de gelo. Ponto 4: se eu quis ver o jogo, foi todo o tempo de pé. Tudo por não ter os setores separados, fechados.

LUGARES MARCADOS
Desrespeito e pouca orientação

A estreia do sistema de lugares marcados, uma das exigências da Fifa para a realização das copas no estádio, foi desastrosa. Sem o apoio dos cerca de 400 orientadores e 600 seguranças da Minas Arena, a maioria dos torcedores não respeitou os assentos informados nos ingressos. Teve até gente que foi expulso do seu lugar por integrantes de torcida organizada. Muitos dos orientadores pareciam mais perdidos que os próprios torcedores: não sabiam solucionar dúvidas básicas, indicando outro colega para resolver. A atuação dos seguranças também não funcionou com torcedores que insistiram em assistir o jogo de pé, prejudicando a visão dos demais.

Comentário
Rick Oliveira – Cheguei ao lugar marcado no bilhete e uma pessoa já estava lá. Quando reivindiquei o assento, a pessoa disse que era sócio torcedor e que poderia sentar em qualquer lugar. Sem encontrar um segurança, desisti e sentei em outro lugar. Bares fechados, sem lixeira, longas filas nos poucos bares abertos. Muita sujeira de restos de construção.

FALTA DE ÁGUA
Fornecimento deixa torcida na seca

No fim do primeiro tempo já não havia água nos bebedouros e banheiros do estádio, impossibilitando que os torcedores tivessem acesso a uma necessidade básica do ser humano. A Copasa atribuiu o problema à Minas Arena, afirmando que o fornecimento ao estádio foi normal durante o fim de semana. “A administração da água fornecida pela Copasa dentro das instalações internas do estádio é responsabilidade técnica da Minas Arena, como ocorre em qualquer outra unidade que receba água da empresa. Mesmo assim, a Copasa reafirma que está à disposição para dar apoio técnico aos administradores do estádio”, declarou a empresa, através de nota.

Comentário
Anderson Duarte – Na verdade, comentar pontos específico seria uma perda de tempo, é fácil fazer um relato geral. O estádio é lindo, mas estava longe de ter condições de ser inaugurado. Os torcedores foram tratados como animais. Cheguei ao disparate de ter de dividir água da torneira do banheiro com pessoas da arquibancada que estavam com sede, à beira de passar mau.

BARES FECHADOS
Feijão tropeiro ficou só no sonho

A expectativa era saborear o popular feijão tropeiro, mas somente dois dos 40 bares previstos abriu e não deu conta de demanda. A justificativa apresentada pela concessionária foi de que os estabelecimentos não conseguiram documentação da Secretaria da Fazenda para emissão de nota fiscal a tempo. Nas arquibancadas, torcedores reclamavam dos preços abusivos dos produtos oferecidos pelos ambulantes (um refrigerante custava R$ 7). Muita gente que chegou mais cedo acabou passando fome.

Comentário
Max Dias – Minas Arena – São amadores. Só enxergam um modo fácil de ganhar muito em pouco tempo. Sabíamos todos, desde novembro, do evento nesta data. Simplesmente amadores. Estacionamento fechado, bares fechados (que é isso? ), até os bebedouros, onde se poderia, teoricamente, encontrar água, estavam lá, com água quente. Vai faltar espaço pra dizer mais aqui.

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