sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Uma quase unanimidade (14/11)

Paulo Galvão - Estado de Minas

Quando retornou ao Atlético, no fim do ano passado, o atacante Marques dividiu opiniões entre os torcedores, pois alguns temiam que, aos 34 anos, ele pouco pudesse ajudar a equipe no ano do centenário. Menos de um ano depois, o xodó da torcida pode até não ter mostrado a mesma força e habilidade de outras épocas, mas certamente foi importante para que 2008 não se tornasse trágico para os alvinegros, tanto por suas jogadas em campo quanto pela convivência com os demais atletas, principalmente os mais jovens, para quem ele é um exemplo profissional e pessoal.
Mesmo que necessite de cuidados especiais, sendo poupado de alguns jogos e também de treinos, ninguém pode dizer que o jogador não foi útil. Afinal, dos 59 jogos do Galo na temporada, ele participou de 33, ou de 55,93%, sendo 26 como titular. Nestes, o Galo garantiu 16 de suas 23 vitórias em 2008.
Ele foi substituído em 18 partidas. Mas, quando foi o substituto, o desempenho alvinegro foi bem pior. O Galo conseguiu vencer apenas uma vez, empatou outra e perdeu cinco partidas.
Apesar dos números positivos e de ter história no clube, Marques mostra que continua o mesmo de quando desembarcou pela primeira vez em Belo Horizonte para defender o Galo, em 1997, no que se refere a humildade. Tanto que, na goleada por 4 a 1 sobre o Vasco, quarta-feira, no Mineirão, ele deixou a equipe no intervalo, sem reclamar.
“Saí por precaução, pois o joelho já estava doendo um pouco e procuramos não agravar, pois ainda temos mais três jogos na temporada. Além disso, estávamos vencendo por 2 a 0, com o jogo relativamente controlado, e o Pedro Paulo (que o substituiu) tem feito excelentes partidas”, afirmou o xodó da torcida, que já marcou seis gols na temporada, além de muitas assistências.
CASA CHEIA Mostrando toda a identificação com o Atlético, o atacante fez questão de ficar no banco de reservas na etapa final contra o Vasco. Mas não se ateve a ser um espectador privilegiado. Tornou-se praticamente um líder de torcida, pois pegou uma camisa e começou a girá-la sobre a cabeça, imagem que, transmitida pelo telão do estádio, contagiou os torcedores.
“Eu me empolguei naquele momento e procurei participar da festa com a torcida. Mas a câmera acabou me denunciando e o quarto árbitro pediu que eu deixasse o banco de reservas”, explicou, bem-humorado, Marques.
Para ele, é justamente essa sinergia entre equipe e torcida que fará o Atlético voltar a disputar títulos, se livrando não só da ameaça de rebaixamento, mas também das posições intermediárias das competições.
“Foi uma noite perfeita (a de quarta-feira), tudo deu certo para nós. A torcida compareceu e incentivou, todos na equipe encararam como uma decisão e por isso conseguimos vitória tão boa. Agora, nos consolidamos na briga por vaga na Copa Sul-Americana de 2009 e temos de buscar terminar bem o ano.”
Ao entrar em campo para enfrentar o Sport, dia 23, Marques se tornará o jogador que mais atuou pelo Atlético em Brasileiros. Para ele, tudo isso é motivo de alegria. “Tivemos um ano muito complicado, com brigas políticas e o time também não se encontrando. Ao menos agora estamos tendo um gostinho do que é o Atlético”, disse ele, cujo contrato termina no fim do ano e ainda não sabe se será renovado.

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