quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Sem saudade, Atlético se despede do ano do centenário em BH

Do UOL Esporte Em Belo Horizonte

Com a garantia de um público pagante superior a 46 mil pessoas, o Atlético-MG fará contra o Santos, no próximo domingo, às 17h, a sua despedida do Mineirão, no ano em que comemorou seu centenário, encerrando uma relação de amor e ódio entre time e torcida.

Light Press/Divulgação

O que seria uma temporada marcada somente por festas, ações de marketing e, na expectativa da fanática torcida atleticana, a formação de um grande time capaz de conquistar títulos, acabou com um gosto amargo para os alvinegros.Afinal, o time atleticano perdeu o título mineiro para o rival Cruzeiro, foi eliminado pelo Botafogo nas quartas-de-final da Copa do Brasil, caiu diante do mesmo adversário na primeira fase da Sul-Americana, cuja conquista da vaga para o próximo ano é a meta que lhe resta no Brasileiro."Graças a Deus está acabando o ano do centenário. Foi um ano que não tivemos nada de bom para comemorar", afirmou Robson Luís da Silva, um dos dirigentes da Galoucura, maior torcida organizada do clube. "Vamos fazer a maior festa possível, vamos mais uma vez lotar o Mineirão para despedir de 2008, que é para ser esquecido", acrescentou.Para tornar ainda mais difícil o ano do torcedor atleticano, o Mineirão foi palco ao longo desta temporada de alguns dos episódios mais decepcionantes da equipe. Até mesmo o momento da festa, em 26 de março, um dia depois do aniversário de 100 anos, não foi completo.No dia em que o meia sérvio Petkovic foi apresentado ao torcedor como uma espécie de presente de 100º aniversário, o atleticano viu o seu time empatar com o Peñarol, do Uruguai, em 1 a 1, não conseguindo o triunfo que poderia alegrar mais a massa."Todo centenário de clube cria-se a expectativa, não só no Atlético, mas em outros clubes que vivem o centenário, mas aconteceram alguns fracassos", comentou o volante Francis, uma das muitas contratações feitas, ao longo da temporada, sem que tenha conseguido se firmar.A primeira grande decepção aconteceu em 27 de abril, no primeiro jogo da decisão do título estadual, quando o time, comandado à época por Geninho, foi goleado pelo rival Cruzeiro, por 5 a 0. Na semana seguinte, com nova vitória, desta vez, por 1 a 0, o time celeste tornou-se campeão mineiro e tirou do alvinegro a chance de comemorar seu primeiro título no ano do centenário.Entre os dois clássicos, uma das poucas alegrias atleticanas em 2008 no Mineirão. Depois de perder o jogo de ida, por 3 a 2, em Recife, o Atlético fez 1 a 0 no Náutico, em 30 de abril, e garantiu vaga às quartas-de-final da Copa do Brasil. Mais uma decepção à vista. O time atleticano apenas empatou com o Botafogo, em 0 a 0, na primeira partida, no Mineirão, em 8 de maio, e acabou eliminado, por 2 a 0, no Engenhão, na semana seguinte.No intervalo das duas partidas contra o Botafogo, o torcedor atleticano viu seu time ficar no 0 a 0 com uma equipe reserva do Fluminense, que, à época, priorizava a Libertadores. Foi um começo ruim de Campeonato Brasileiro, que passava a ser a grande chance de redenção atleticana no ano do centenário, embora já naquele momento poucos acreditavam na possibilidade de êxito.Veio a troca de treinadores, com a saída de Geninho e a entrada de Alexandre Gallo, mas, os resultados continuaram ruins. O sentimento de revolta da torcida só crescia e os protestos contra a administração do presidente Ziza Valadares se intensificaram. O grande time que o dirigente havia prometido montar, não passava de uma equipe sem padrão de jogo e que sucumbia diante de adversários um pouco mais organizados em campo.Protesto e renúnciaMais uma derrota para o rival Cruzeiro, em 13 de julho, de virada, por 2 a 1, seguida de derrota para o Internacional, por 1 a 0, em Porto Alegre, motivou a torcida a um protesto inusitado, que a dividiu. Em 20 de julho, muitos atleticanos não entraram no Mineirão e não viram a equipe vencer o Coritiba, por 3 a 2, pois ficaram do lado de fora, em manifestação pacífica, que culminou com um abraço no estádio.Goleada sobre o Vasco, por 4 a 1, foi um dos poucos momentos alegres do Galo.Após a eleição e posse de Alexandre Kalil como presidente, em campo, o Atlético melhorou seu rendimento e deu um pouco de alegria ao torcedor, no Mineirão, quando conseguiu derrotar o Botafogo, por 2 a 1, o que não acontecia há sete anos. Outro bom momento foi a goleada sobre o Vasco, por 4 a 1, resultado que o livrou definitivamente do risco de rebaixamento.
Para o técnico Marcelo Oliveira, o sentimento dos jogadores do Atlético no dia-a-dia, o ano todo, tem que ser o mesmo do momento da última partida da temporada. "O atleta que vem jogar aqui sabe que tem milhões de pessoas fanáticas, que torcem pelo clube, e, independente do momento, a gente tem que fazer o melhor jogo, se doar ao máximo. É isso que a gente vai fazer", salientou."Era um ano importante para o Atlético, que foi por água abaixo por causa da má administração do Ziza e do time ruim montado, que não empolgou ninguém. A gente esperava comemorar títulos, o que não aconteceu", comentou Robson Luís, da Galoucura.Após goleadas fora de casa para Botafogo e Vasco, por 4 a 0 e 6 a 1, respectivamente, Alexandre Gallo foi demitido do cargo de treinador e substituído por Marcelo Oliveira, que, dessa vez, não assumiu como interino.Na estréia do treinador, o Atlético sofreu, mas venceu, o Sport, por 2 a 1. O time, entretanto, seguiu irregular no Brasileirão, brigando mais uma vez contra o rebaixamento, fazendo ressurgir o pesadelo que virou realidade com a queda em 2005 e a disputa da Série B em 2006.Em 9 de agosto, nova goleada sofrida no Mineirão, dessa vez para o Grêmio, por 4 a 0. No dia 27 do mesmo mês, o Botafogo, outra vez, foi o algoz atleticano impondo um 5 a 2 e desclassificando o time da Sul-Americana, que não teve nem o gosto de jogar a parte internacional da competição e, na prática, acabou com as chances de comemoração de um título em 2008.No dia 18 de setembro, a crise atleticana atingiu seu ápice, quando o presidente Ziza Valadares renunciou ao cargo, sendo acompanhado dias depois por seus quatro vice-presidentes. O clube ficou com um comando interino, que mudou de mãos, até que depois de muita polêmica, Alexandre Kalil foi eleito presidente em 30 de outubro. Os salários, que chegaram a quase três meses de atraso, foram colocados em dia. "O melhor que aconteceu este ano foi a entrada do Kalil", frisou Robson Luís.

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