Jovens competentes (23/11)

Paulo Galvão - Estado de Minas

Embalado pelos pratas da casa, como reza a tradição, o Atlético enfrenta o Sport hoje, às 19h10, na Ilha do Retiro, tentando emplacar a quarta vitória consecutiva e, conseqüentemente, garantir vaga na Copa Sul-Americana de 2009. O time alvinegro entrará em campo com nada menos que sete jogadores formados em suas categorias de base – apenas o lateral César Prates, o zagueiro Nen, o volante Elton e o atacante Castillo não estão nesta situação – e busca no entusiasmo dos jovens provar que será uma da sensações deste fim de Campeonato Brasileiro. Se até o técnico Marcelo Oliveira foi formado no Galo, tanto como jogador quanto como treinador, dentro das quatro linhas há uma geração promissora surgindo, da defesa ao ataque. Para comandá-los, um atleta cujas espinhas no rosto denunciam a pouca idade – fará 19 anos em 29 de dezembro –, mas que tem jogado futebol de gente grande: Renan Oliveira. Promovido no início do ano, depois de chamar atenção nas categorias de base do Galo e da Seleção Brasileira, ele viu sua vida se transformar em pouco mais de seis meses. Se demorou um pouco para deslanchar – até porque o time atravessou um mau momento e ele foi escalado um pouco mais adiantado, fugindo de suas características –, nas últimas semanas, se firmou como o organizador da equipe, pondo no banco de reservas ninguém menos que Petkovic. Para muitos, ele é a grande revelação do Brasileiro. Com as boas atuações, vieram mudanças na vida do adolescente muito maiores que a do alojamento da Cidade do Galo para um apartamento na Região Norte de Belo Horizonte, ocorrida há pouco. Em campo, a marcação cada vez mais forte o obrigou a se desdobrar. Fora dele, o jovem mostra a simplicidade das pessoas do interior, como bom itabirano, para lidar com o assédio crescente. “As coisas mudaram muito rápido, há muita coisa nova. Mas isso só me incentiva a tentar jogar cada vez melhor. Sei que esperam muito de mim, mas procuro manter a tranqüilidade e trabalhar forte para poder corresponder”, afirmou o jogador, que marcou nove gols em 28 jogos oficiais na temporada, provando ter superado o período de transição da base para o profissional. Título importante As boas atuações com a camisa alvinegra, obviamente, despertaram a cobiça de clubes do exterior. Antes de conquistar a independência financeira e realizar o sonho de atuar ao lado dos melhores do mundo, porém, Renan Oliveira tem objetivos com a camisa alvinegra. “Quero ajudar a dar um título importante à torcida, que sempre nos apóia tanto”, disse o armador, que chegou ao Galo em 2005, depois de passar pelas categorias de base do Valério e do Santa Maria de Itabira. Para isso, ele conta com o apoio de familiares: os pais, Sebastião e Janete, e o irmão, Victor, de 12 anos, são presenças constantes na nova moradia em Belo Horizonte. “Eles sempre me apóiam, são os grandes incentivadores de minha carreira”, disse o jogador. As visitas de dona Janete, aliás, acabam provocando a reunião de outro pilar da carreira: os amigos e companheiros de equipe. “Quando minha mãe chega, o pessoal aparece, normalmente na hora do almoço”, brinca Renan Oliveira, que esta semana recebeu em sua casa o zagueiro Leandro Almeida, o lateral-direito Sheslon e o armador Ramon, este recém-promovido aos profissionais, com muitos bifes e batatas fritas. Quando não está treinando ou se preparando para os jogos, o armador gosta de ficar em casa. Seus passatempos prediletos são jogar videogame, conversar com amigos e familiares ou tocar violão, além de assistir a filmes na TV ou DVD. A união fora de campo acaba sendo importante nos treino e jogos, como o de hoje, contra o Sport. Esperando muitas dificuldades, a revelação atleticana acredita que o Galo tem condições de superá-las e voltar do Recife com três pontos. “Traçamos como meta terminar o ano sem perder e vamos tentar alcançá-la.” No jogo de hoje, o Galo não poderá contar com o goleiro Juninho e com o atacante Marques, contundidos. Eles serão substituídos por Édson e Pedro Paulo, respectivamente.