domingo, 28 de abril de 2013

Exclusivo! Ronaldinho, ao L!Net: 'Quero marcar meu nome no Galo'

Astro do futebol falou, também, sobre sua expectativa de fazer parte da Seleção de Felipão, disputar o Mundial de 2014 em casa e seu sentimento com o Flamengo
Ana Luiza Prudente e Frederico Ribeiro - 31/03/2013 - 07:49 Belo Horizonte (MG)
Imagine uma torcida extremamente fanática, mas que sofria com resultados ruins de seu time e, de repente, viu a maré mudar com a vinda de uma lenda do futebol mundial. Normal que este jogador, rapidamente, virasse um ídolo para os torcedores. Foi assim que aconteceu com Ronaldinho Gaúcho e o Atlético Mineiro. Sua vinda, em junho de 2012, foi o começo de um casamento que, até agora, está em sintonia perfeita. Um (brigado com o Flamengo) precisava do outro (carente de conquistas) para se reerguer.
Ronaldinho é ídolo até dos próprios companheiros e muito torcedor do Galo, até hoje, não conseguiu assimilar bem o que é ter R10 vestindo a camisa listrada. Em entrevista exclusiva à LANCE! TV , na Cidade do Galo, o craque do Galo comentou a rápida identificação com o clube, torcedores e com Belo Horizonte.
- Tem as competições importantes que estão por vir, e elas serão no Brasil (Copa das Confederações e Copa do Mundo). Meu clube está disputando as maiores competições. Então, agora eu quero ficar aqui. Entrar para a história desse clube. Quero marcar (meu nome) aqui. Não quero passar em branco – comentou.
Além disso, ele explicou a saída conturbada do Flamengo e falou de seus planos para a Seleção, já que o último sonho profissional seria comandar o Brasil na Copa do Mundo do ano que vem. Pelo Atlético, até o momento, Ronaldinho vai construindo seu plano de ser o maestro de Felipão, em 2014. Protagonista da melhor campanha da Libertadores, basta o jogador seguir neste caminho para estar na lista de convocados para o Mundial.
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Ronaldinho, o que foi decisivo para essa sua mudança, para que você voltasse a apresentar um bom futebol?
Acho que jogar em um grande clube, com uma grande estrutura e que também possui grandes jogadores. Acho que isso é o que ajuda muito.
Você teve uma empatia não só com o clube, mas com a cidade e com a torcida. Você se surpreendeu com esta relação entre você e a torcida do Atlético?
Acho que foi normal. Para mim, se as coisas dessem certo, isso tudo poderia ser dessa forma. Mas tudo foi muito rápido. A torcida, desde o começo, me tratando com muito carinho. Acho que foi o carinho do torcedor que me fez sentir tão bem assim.
E um momento que você vinha de uma situação com muitas dúvidas. Será que o Ronaldinho voltará a ser o mesmo, dos tempos áureos, Barcelona e Seleção? Então, você chega como ídolo e parece ter voltado a essa época. Foi assim para você?
Acho que é assim para todo jogador que teve um momento histórico no futebol. Tem que estar provando a cada ano, a cada dia, mas é sempre é dessa forma. Foi assim desde que comecei minha carreira no futebol, e fico feliz, porque toda vez que tenho que dar a volta por cima, eu consigo dar essa volta por cima. E fico muito feliz agora de estar disputando competição importante e de estar em um grande momento, o que é muito bom.
O Atlético-MG que, há tantos anos, não consegue um título de muita expressão, uma Libertadores, por exemplo. Você sente alguma pressão neste sentido, dessa expectativa toda, em torno, principalmente, de você?
Sinto uma motivação muito grande dessa possibilidade de entrar para a história do clube, nenhuma equipe (do Atlético) venceu esta competição aqui e seria um título inédito. Só venceu uma vez o Campeonato Brasileiro. Depois de muitos anos sem disputar a Libertadores, ajudar o clube a voltar para esta competição e isso tudo é muito motivante e, então, não encaro como pressão.
O estímulo é muito grande, a torcida, inclusive, já te vê como o ídolo maior, talvez, da história do clube. Como você se sente com este sentimento por parte da Massa?
Maravilhoso. Em tão pouco tempo, você conquistar o carinho e a confiança do treinador e do torcedor. Estou aqui há oito meses e ter esse carinho é maravilhoso e é isso que me faz chegar em campo e jogar feliz.
O Atlético já está classificado na Libertadores. Já começou a imaginar as oitavas? Já projetou quem pode ser o rival mais pesado para o Atlético?
Por enquanto, não dá para imaginar. Classificar em primeiro (lugar geral), você pega o pior segundo lugar de todos os grupos e ainda falta duas rodadas, pode acontecer muita coisa. Então, por enquanto, não tem como imaginar contra quem iremos jogar.
Mas quem você não quer jogar contra?
É indiferente, indiferente. A partir do momento que você vai para a oitavas de Libertadores ou Champions League, começa outra competição. Fase com jogos de ida e volta, é outra competição, fase de mata-mata é outra competição.
Time brasileiro, para você, é indiferente também ou você prefere pegar um time do país?
É complicado. Você pega um time com altitude, que é um tipo de dificuldade, você pega um time brasileiro, será outro tipo de dificuldade. Então, a partir de agora todos os jogos serão complicados. Você vai para jogar na Argentina e já é outro obstáculo.
Uma das dificuldades do time do Atlético ano passado era jogar como visitante. Agora, já conseguiram vencer em Sarandí e em La Paz. O que mudou no comportamento da equipe?
O primeiro turno do Campeonato Brasileiro do ano passado foi muito bom. Vencíamos tanto dentro de casa como fora. Já no segundo turno enfrentamos dificuldades. Acho que, com os jogadores que chegaram, jogadores de muita experiente, como o Gilberto Silva, são jogadores que já sabem como é jogar uma competição desse nível, em casa, fora de casa... Acho que todos esses jogadores que são experientes passam uma experiência para os mais novos que ainda não disputaram esta competição. Então, se não souber jogar fora de casa... Porque, às vezes, um ponto é importantíssimo fora de casa e não precisa sempre jogar para vencer. A experiência é fundamental neste tipo de competição.
Para você, o que está faltando na Seleção Brasileira, para a gente ver aquele futebol de antes. Porque o Felipão assumiu e ficou aquém do time do Mano Menezes. O que está faltando?
Acho que agora falta tempo para o Felipão ajeitar o time, colocar a cara dele. Ele teve poucos jogos, pouquíssimo tempo de treinamento com alguns jogadores que ele ainda não tinha trabalhado. Falta para ele é tempo. Experiência neste tipo de competição ele tem, já provou vencendo ela. Acho que falta mesmo é tempo para ele achar as peças certas e ele fazer o time com a cara dele.
Não faltaria, talvez, um cara decisivo, que desequilibra, um camisa 10? Não faltaria você?
(Risos) Olha, eu estou à disposição, procurando mostrar que estou muito bem aqui no Galo para voltar à Seleção. Quero ajudar o Brasil a ser campeão do mundo dentro de casa. Então, estou procurando me esforçar ao máximo para mostrar que estou bem. Mas temos outros grandes jogadores que possa fazer um grupo muito forete de 18, 20 jogadores para deixar o Brasil bem na Copa.
Você acredita que, apesar do pouco tempo que o Felipão tem, ele pode voltar a fazer a 'Família Scolari'?
Não tenho dúvidas disso. Sei que isso irá acontecer. É a característica dele. É um treinador vencedor, já ganhou a Copa do Mundo. Já ganhou tudo que é campeonato que se possa imaginar. Se não tivermos o máximo de confiança em um cara que já ganhou tudo, não temos mais em quem confiar. Ele não tem só a minha confiança, como a de todos os jogadores.
Qual seria o perfil do jogador para fazer parte dessa Família Scolari? Porque, em 2002, havia uma grande animação, como músicas dentro do grupo (Deixa a vida em levar).
Era muito bom, porque tínhamos o entrosamento fora do campo muito lega. E quando entrava em campo era uma família. Batia em um e ia no outro. E aquilo era muito forte e isso só se faz com o tempo. O Felipão está precisando desse tempo para criar o perfil. Já tem a base de alguns jogadores que jogam juntos na Seleção. Então, agora, é o Felipão entrosar com os jogadores.
Você vê o Brasil com possibilidade de repetir esses momentos, como aquele de 2002?
Sem dúvida, acredito que irá ser nesta próxima Copa.
Você acredita mesmo?
Acredito, para mim o Brasil será campeão do mundo.
E com você?
Aí estou realizado, é o que mais sonho. Ter o Brasil campeão do mundo aqui dentro. Para mim, com o apoio da torcida, aqui dentro do Brasil, a Seleção irá ser campeã.
Você é o símbolo do futebol-arte e é uma figura remanescente dessa época que atua. Não acha que não falta um representante do futebol brasileiro? A gente fala tanto da Espanha, que admiramos e que comparamos com o estilo que já tivemos em campo.
O futebol é momento. A Espanha vive o momento deles, nós tivemos o nosso. Acho que a gente vai voltar a ter o nosso momento. Você vê o time da Espanha e as entrevistas do Guardiola, que diz montar a equipe dele imaginando, mais ou menos, com o Brasil joga. Então, sabemos o respeito que eles têm. Só precisa encaixar que iremos voltar a jogar bem.
Neste momento que você brilha no Atlético, obviamente, a Europa está de olho. Você teria vontade de voltar para o futebol europeu?
(Risos) Hoje estou realizado aqui no Galo.
Se chegar para você com uma proposta...
Não saio, não saio. Tenho contrato aqui e estou muito feliz aqui. Tem as competições importantes que estão por vir, e elas serão no Brasil. Meu clube está disputando as maiores competições. Então, agora eu quero ficar aqui. Entrar para a história desse clube. Quero marcar (meu nome) aqui. Não quero passar em branco.
Mas sua passagem pelo Flamengo foi decepcionante para você mesmo?
De nenhuma forma. Foi maravilhoso. Teve um final ruim, mas o tempo que passei lá foi maravilhoso. Foi o único clube que joguei no qual fiquei sete meses sem perder um jogo. Ganhei dois títulos invictos. Muita coisa legal. Com a camisa do Flamengo, voltei à Seleção Brasileira. Tive a o carinho e o respeito da torcida no tempo que tive lá. Foi uma passagem muito especial em minha via. Sempre me imaginei jogando com a camisa 10 do Zico. Foi uma realização. Ser capitão do Flamengo, representar a nação rubro-negra foi muito legal.
Sua relação com o Flamengo acabou de uma forma peculiar. Você não tem contato com o Flamengo?
Minha briga não foi com os atuais diretores e nem com os torcedores. Minha briga foi com o pessoal que me contratou. Nós tínhamos um acordo e ele não foi cumprido. Então, é normal essa discussão, essa briga. Mas, de nenhuma forma, a briga foi com a torcida do Flamengo, os jogadores do Flamengo ou a atual diretoria do clube. Minha briga foi com a direção que estava na época que eu estava no Flamengo, pois não cumpriu com aquilo que tinha acordado comigo.
Se fosse hoje, talvez fosse diferente, com essa nova direção?
Não sei. Poderia ser. Quando se tem profissionais sérios, as duas partes cumprem o que foi combinado e não precisa ter briga.
E está tudo resolvido ou o que não foi combinado continua sem combinação?
Não... Está tudo na justiça e está tudo muito bem encaminhado.
Então está tranquilo em relação a isso? Quer dizer, existe chance de, um dia, você voltar ao Flamengo?
Hoje eu só penso no Galo, cabeça 100% no clube. Só penso no Atlético Mineiro.
E a sua intenção é deixar sua marca no Galo...
O futuro a Deus pertence. Hoje minha cabeça é voltar só para o Galo, fazer história com a camisa do Galo.
Você está bem em Belo Horizonte?
Muito. É tudo muito bom. Lembra da minha cidade, Porto Alegre. Se come muito bem, o povo me trata muito bem. O clube tem uma estrutura que dá vontade de vir treinar todo dia. Um excelente Centro de Treinamento, campos maravilhosos. E isso pesa muito, Poucos clubes no Brasil tem esta estrutura.
O Rio de Janeiro, por exemplo, está bem longe, não?
É muito diferente. Quem conhece as estruturas dos clubes do Rio e conhece o CT do Atlético Mineiro vê que há uma diferença muito grande.
E você se cuida. No período que você está no Atlético, desfalcou o time oito vezes, mas nenhuma delas por lesão. O que faz com que você seja tão consistente? A estrutura ajuda?
É coisa de mamãe e papai (risos). Tenho um cuidado normal.
Quem cuida de você?
Agora, tem a moça que trabalha lá em casa, que faz a minha comida e tal. Mas o resto é um cuidado normal, igual aos outros jogadores.
Uma coisa legal é a comemoração dos gols, que você vem correndo...
(Risos) Eu faço com o Jô. A gente divide o quarto da concentração e temos uma amizade de muitos anos. E a gente sempre assiste, na concentração, os jogos da NBA. E eles comemoram os pontos assim. E sempre jogamos Playstation. Combinamos que, se tiver gol, iríamos fazer a comemoração assim. E ai foi pegando, a criançada sempre gosta.
Você é fã do basquete?
Eu adoro, assisto sempre, sou fanático por basquete.
E o seu visual é de basquete mesmo...
(Risos) Eu gosto de basquete, gosto bastante.

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