terça-feira, 23 de abril de 2013

Eu não me engano: o papa é atleticano

Fred Melo Paiva - Estado de Minas
Publicação:16/03/2013 08:28
Atualização:19/03/2013 14:09
Já faz tempo que uma boa parte dos atleticanos assumiu a Seleção da Argentina como seu 11º time (os nove primeiros são o Atlético; o 10º qualquer um que jogar contra o Cruzeiro, à exceção de Flamengo e Corinthians). Isso se deu porque vestir uma camisa onde se lê CBF é igual a sair de azul, cheio de vaidade, cravejado de estrelinhas no peito. Assim sendo, como argentinos expatriados, saudemos o novo papa, torcedor do San Lorenzo, mas santo de casa, atleticano como nosotros, nem que seja para retribuir a nossa gentileza.
Bento 16 era sósia de Willy Fritz Gonzer – o verdadeiro Willy Fritz Cover. Até o momento não identifiquei parentesco ou semelhança de Francisco com um dos nossos. Talvez o massagista Belmiro, se desse uma tosa naquele seu bigode de Paulo Leminski.
Ainda assim, rogo a ele, Chico bento, que dê o toque no homem lá em cima: chegou a vez do Atlético! E do jeito que joga esse time, nem precisa se dar ao trabalho de fazer o universo conspirar a nosso favor. O Ronaldinho cuida dessa parte, enquanto Ele se dedica a tarefas menos importantes (mas que se acumulam sobre a mesa), como a fome na África, a desavença das Coreias, a pedofilia que grassa sob as suas barbas de Karl Marx.
No ano passado o universo conspirou a favor do Fluminense, que terminou campeão. O universo, a CBF e o STJD. Este ano, como se vê, acabou a magia.
Desde o assassinato em Oruro, a conspiração universal a favor do Corinthians também parece ter entrado em recesso – férias merecidas, visto que labuta nisso incessantemente nos últimos anos, alcançando até mesmo a imbatível meta de construir um estádio para os caras com o dinheiro de palmeirenses, são-paulinos, santistas e quaisquer outros que pagam seus impostos em São Paulo.
O Galo entrou na Libertadores em um grupo com um brasileiro forte, um argentino encardido e um boliviano residente a 3,6 mil metros de altura. Se havia um grupo da morte, era esse, sinal de que o universo, como de costume, conspirava contra o Atlético. Mas desta vez sem nenhum resultado. Na Argentina foi o baile que foi. Na Bolívia, quarta-feira, ficou claro que o céu é o limite: podem mandar os jogos do Galo na Lua, que R10 e Serginho vão garantir os três pontos.
Faz tempo o Galo ensaia a frieza que nunca teve e custou títulos nos anos 1970 e 1980, mesmo considerando os assaltos a que o clube foi submetido. Essa frieza, somada ao calor de uma torcida que está para nascer igual, à técnica e ao comprometimento que se mostra, faz do Atlético um timaço – difícil demais de bater e bom demais de se ver.
No ano passado sugeri ao presidente Kalil, por ocasião da ocupação do Independência, que promovesse também a anexação do próprio América. Fui atacado pelos americanos. Por uma semana me senti um iraquiano sob fogo cruzado. Esses americanos, promovidos à condição de torcedores do Galo, poderiam agora estar comemorando se não a redenção do América, pelo menos o reconhecimento das Américas. Mas, ao contrário, jogam contra o Atlético amanhã, no Horto. E não adianta nem rezar, agora que o papa é atleticano.

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