LANCE!NET! Explica: Saiba qual é a origem da expressão cabeça de bagre
O presidente santista Luis Alvaro Ribeiro relembrou a velha expressão do futebol. Mas onde ela surgiu?
LANCEPRESS! - 12/11/2012 - 22:34 São Paulo (SP)
Ao afirmar que exigirá da CBF uma compensação por liberar seus jogadores para a Seleção Brasileira, o presidente santista Luis Alvaro de Oliveira Ribeiro deu a seguinte declaração:
- Nós não estamos participando da Libertadores porque temos talento. Se a gente tivesse um monte de cabeças de bagre, o Muricy teria 11 jogadores para colocar em campo durante todas as partidas do Brasileiro. Como temos jogadores que fazem uma diferença brutal, as convocações impediram que o que foi planejado no começo do ano fosse executado.
Mas de onde surgiu a expressão cabeça de bagre e a quem ela se refere?
Quanto à origem, não há uma certeza, mas em Minas Gerais diz-se que ela foi cunhada pelo ex-goleiro Olavo Leite de Bastos, mais conhecido como Kafunga, um dos maiores nomes do Clube Atlético Mineiro, que jogou no clube entre os anos de 1935 a 1954. Após se aposentar, tornou-se um respeitado e folclórico comentarista esportivo das Redes Bandeirantes e TV Alterosa (SBT Minas) e criou frases famosas como "vapt-vupt", "não tem coré-coré" e "gol barra limpa". Uma dessas frases seria referir-se a alguns jogadores como cabeças de bagre.
Nos dicionários, há diferentes definições para a expressão cabeça de bagre. Mas levando-se em conta apenas o lado esportivo, a melhor foi publicada no livro "Cabeça de bagre: termos, expressões e gírias do futebol", de Ari Riboldi, da Editora AGE (2008):
"O bagre é um peixe marinho e de água doce. Possui o corpo revestido por uma couraça formada por placas dérmicas. A maxila inferior tem um par de barbilhões (ferrões) que são o tormento para os pescadores de primeira viagem ou, melhor dizendo, de primeira água. O que chama atenção no peixe é uma imensa cabeça, totalmente desproporcional ao resto do corpo, todavia com um cérebro bem diminuto. Dada essa característica, surgiu a expressão popular de que cabeça de bagre é a pessoa de pouca inteligência, indivíduo estúpido, idiota, imbecil. Também equivale a burro, incapaz de aprender algo ou que tenha extrema dificuldade para tal. Trata-se de grande injustiça aos dois animais: o burro e o bagre pagam o pato e carregam a fama.
Na gíria do futebol, é o jogador tosco, medíocre, de poucos recursos para a prática desportiva, sem intimidade com a bola. Para matar a bola, melhor dizendo, para dominar a bola é um problema grave, quase uma façanha. Parece que ela tem medo do atleta ou vice-versa. Bate nas canelas, volta, não quer parar. O passe sai para o lugar errado. Trava-se mais uma luta do que um momento de intimidade. A bola, é claro, sente-se maltratada, ultrajada, violentada. Não recebe o mimo, o carinho dos craques, com os quais mantém uma relação de afeto e cumplicidade. Resta ao cabeça de bagre compensar as suas deficiências com um grande e permanente preparo físico, superando as limitações com esforço físico continuado e muita raça. Pode, no máximo, tornar-se um carregador de piano, um burro de carga, fazendo o trabalho bruto de marcação e de recuperação da bola e, depois, entregá-la a um companheiro mais talentoso e brilhante. Apesar do esforço e da boa vontade, em muitos casos, não há solução. O melhor é desistir e mudar de profissão. Nada impede, porém, que muito jogador tosco, limitado tecnicamente, acabe, mais tarde, se tornando um excelente treinador. Uma coisa é mandar fazer; bem mais difícil é colocar os ensinamentos teóricos em prática. O fato de ter passado por essa dificuldade de forma intensa talvez possa explicar o êxito de muitos treinadores que, no passado, foram jogadores medíocres.
O que se observa, também, é que existe muito atleta de cérebro diminuto na hora de dar entrevista, mas é craque no campo de jogo. De qualquer forma, cabeça de bagre, dentro ou fora das quatro linhas, é sempre um problema; desgraça mesmo é a falta de cérebro no jogo da vida. Esse não tem segundo tempo, descontos nem prorrogação."

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