A disputa pela liderança do Campeonato Mineiro e a alta temperatura aquecem o duelo entre América e Atlético domingo, na Arena do Jacaré
Antônio Melane - Estado de Minas
Roger Dias - Estado de Minas
Publicação:02/03/2012 12:06
Qualquer pelada de futebol sob sol forte é sinônimo de diversão e brincadeiras para “atletas de fim de semana”, que depois se refrescam com uma ducha fria ou mesmo caem numa piscina com roupa e tudo. No entanto, uma partida profissional envolve uma série de cuidados com a saúde dos jogadores. Atuar sob calor intenso pode representar um adversário a mais em campo Nas condições climáticas da região de Sete Lagoas, Atlético e América devem entrar em campo domingo, às 16h, na Arena do Jacaré, pela quinta rodada do Campeonato Mineiro, com temperatura superior a 30 graus.
Nem mesmo os torcedores escaparão do caldeirão em que se transformará o cenário da partida, pois nas cadeiras não há cobertura. Se na arquibancada a vibração do público colabora para fazer a turma suar, a hidratação é o melhor remédio. Mas tem preço. Cada copo de água (500 ml) no estádio sete-lagoano custa R$ 3. Uma lata de refrigerante sai a R$ 4, preço alto para a maioria dos fãs do futebol.
Nos gramados, o problema tende a ser pior, pois a sensação térmica supera os 40 graus, sem ventos. No entanto, o preparador físico do Atlético e da Seleção Brasileira, Carlinhos Neves, não muda a rotina de atividades: apenas aconselha os atletas a repor os líquidos, dar um descanso rápido entre um lance e outro e não exagerar nas corridas. Na realidade, ele garante que só alteraria os trabalhos se a equipe jogasse sob clima muito distinto – tipo Moscou (temperatura negativa) ou em certos países africanos (superior a 45 graus).
O atacante Danilinho afirma que as condições de partida não mudam tanto entre um jogo e outro no período do verão brasileiro: “A preparação física envolve um processo contínuo e pesado. Os trabalhos nos ajudam a ter condições de atuar 90 minutos sem problemas. Depois que fazemos um gol ou no intervalo, é necessário administrar a condição física, com intuito de amenizar o calor e recarregar as energias”.
Nos estaduais de São Paulo e Rio, os árbitros normalmente autorizam os jogadores a fazer uma parada técnica para tomar água e se refrescar. Em Minas, a prática não é utilizada porque é necessário um acordo entre os clubes no início das competições. “A Fifa não permite a pausa nas partidas. Essas questões devem ser levadas em consideração no arbitral antes do Mineiro e depois anexadas ao regulamento”, frisa o presidente da Comissão de Arbitragem da Federação Mineira de Futebol (FMF), José Eugênio.
Se os árbitros não podem usar o bom senso e dar uma pausa na partida, os jogadores devem estar atentos e usar paradas estratégicas para ir à beira do gramado e beber água: nos intervalos, em cobranças de escanteio, faltas e pênaltis ou quando um companheiro é atendido por lesão.
CALOR
Os responsáveis pela preparação física do América também mantiveram a programação de treinos normal, com pequena redução na carga de trabalho em função do desgaste físico: “A hidratação fica em primeiro lugar neste momento. Se um jogador perde normalmente um quilo por jogo, com temperatura de 20 graus, pode chegar até a três quando o calor é superior a 30 graus. Somos obrigados a tomar cuidados na preparação”, diz o preparador físico Wellington Vero. O fisioterapeuta Jomar Ottoni reforça: “O atleta não deixa de fazer a preparação, repete todas as atividades, mas tudo bem mais leve”.
O médico Cimar Eustáquio afirma que o líquido (muitos sucos, frutas e água) dominam a dieta para que em 48 horas todos estejam prontos para uma nova atividade física. O zagueiro Everton Luiz confessa que o corpo não fica com a mesma disposição: “Naturalmente a gente não vai para uma bola com a mesma gana. Com um clima ameno é bem diferente. Dá mais prazer e vontade”.
No treino de domingo, houve um acidente no sistema de irrigação do gramado do CT Lanna Drumond que agradou a todos: o calor estava intenso e, de repente, o sistema foi acionado e a água subiu alto para molhar todo o gramado. Os jogadores aproveitaram para se refrescar.
Os cuidados no América para que o desgaste não seja maior e haja problemas se justifica, já que em 21 dias, no período de temperaturas superior a 30 graus, o time atuará sete vezes, com intervalo de apenas três dias entre as partidas para reposição da energia.
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