Vitória do respeito e da maturidade (26/04)

Antônio Melane - Estado de Minas

Galo não dá chances ao Tigre, bate o adversário por 3 a 2 e fica mais próximo do seu 40º título estadual. Agora, atenções se concentram no jogo da Copa do Brasil O que ficará registrado na história é que o Atlético venceu o Ipatinga por 3 a 2, ontem à tarde, no Ipatingão, no Vale do Aço, no primeiro jogo das finais do Campeonato Mineiro de 2010 e ficou com uma vantagem ainda maior para o jogo de volta, domingo, no Mineirão. Só perderá o título se for derrotado por mais de um gol de diferença. Mas para o Tigre há um alento. Sua performance é excelente no estádio de Belo Horizonte, onde está invicto na temporada e sua torcida está convicta que, fora de casa, o seu futebol encanta, como nos 3 a 1 sobre o Cruzeiro, resultado que lhe garantiu o direito de disputar pela terceira vez a final do Estadual. Foi campeão em 2005 e vice em 2006. Mas a história terá de registrar também que o Atlético, além de vencer com méritos, mostra que é um time mais maduro, que sabe jogar pelos resultados. Tudo temperado com muita raça. Ontem, tomou dois gols por falta de atenção e jogou com o foco dividido entre o Ipatinga e o Santos, que enfrentará quarta-feira, no Mineirão, na partida de ida das quartas de final da Copa do Brasil. É um jogo decisivo neste começo de temporada do Galo e a chance de mostrar finalmente do que o time é capaz: se tem condições de conquistar títulos, empolgando sua fantástica torcida, carente de grandes conquistas, ou se será o mesmo das últimas décadas, falhando nos momentos decisivos e, como diz a linguagem popular, “morrendo na praia”. Todas as ações dos atleticanos, até mesmo antes da bola rolar em Ipatinga, foram visando a decisão contra os “Meninos da Vila”, como carinhosamente vem sendo chamada a equipe dirigida por Dorival Júnior e comandada, dentro de campo, por Robinho, Neymar, Ganso e André, entre outros. Enquanto a bola rolava no Vale do Aço, Nei Pandolfo, assistente técnico de Luxemburgo, acompanhava em São Paulo a partida entre Santos e Santo André, válida pelas finais do Campeonato Paulista. Ao escalar o time para o primeiro jogo da decisão contra o Ipatinga, Luxemburgo optou por deixar o lateral Júnior no banco, mesmo ele tendo sido um dos destaques na vitória por 2 a 0 sobre o Sport, no meio da semana, também pela Copa do Brasil. Outra surpresa foi não ter usado, no início, o esquema tático com três zagueiros, como havia feito nos dois jogos anteriores, também já fazendo testes para enfrentar o Santos. Só que no final do jogo estava exatamente com os mesmos jogadores que poderia ter usado no início. Pode ser uma dica que começará o jogo de quarta-feira de uma forma mais defensiva, com Aranha no gol, Carlos Alberto e Júnior nas laterais e os três zagueiros: Werley, Jairo Campos e Benítez. ATENÇÃO DIVIDIDA Ontem, com a bola em jogo, outra demonstração do respeito do Galo com o adversário que enfrentava e, ao mesmo tempo, com os cuidados que tomava para evitar um desgaste físico não fosse maior. Levou um gol, foi buscar o empate, depois virou. Tomou o segundo gol e construiu as condições para garantir a vitória por 3 a 2, no momento certo. Parecia que estava jogando para alcançar seus objetivos na medida em que era exigido. Não foi tanto, mas, realisticamente, em momento algum se viu ameaçado. O Ipatinga apenas viveu alguns bons momentos, agradando o seu torcedor, os jogadores que não puderam atuar e que ficaram incentivando, mas não teve como resistir. No primeiro tempo, Francismar cobrou escanteio da direita, o volante Fabiano foi tentar cortar e marcou contra. A bola entrou à direita de Aranha, mas o árbitro atribuiu o gol ao atacante Joabe. Pouco depois, com inteligência, Correa recebeu excelente lançamento, entrou na área e foi derrubado pelo goleiro Douglas. Tardelli cobrou o pênalti de maneira precisa, rasteiro, no canto direito. No segundo tempo, o Galo virou o placar com Muriqui, numa das boas jogadas de ataque, depois do passe de Tardelli. Ele chutou à direita do goleiro. O Ipatinga empatou com Luizinho, cobrando falta, pela esquerda. A bola passou por toda a área e entrou no outro canto. Aranha só assistiu. Mas o Galo avançou e fez o terceiro gol, com Muriqui, depois do chute de Júnior. O atacante tocou de primeira e a bola entrou no canto direito. A torcida não aguentou e cantou os versos do velho samba de Beth Carvalho, e que sempre embalou as vitórias do alvinegro: “Você pagou com traição a quem sempre lhe deu a mão”. Só, que ontem, o time retribuiu o carinho da massa com doses maciças de felicidade. Principais artilheiros 11 gols - Eraldo (Democrata-GV) 9 gols – Ademílson (Tupi) 8 gols – Fabiano (Atlético) 7 gols – Obina (Atlético); Alessandro (Ipatinga) 6 gols – Diego Tardelli (Atlético); Warley (Villa Nova) 5 gols – Fábio Júnior (América); Muriqui (Atlético); Kléber, Thiago Ribeiro (Cruzeiro) 4 gols – Chrys (América-TO); Renan Oliveira (Atlético); Wellington Paulista (Cruzeiro); Wanderson (Democrata-GV); Danilo Dias (Ipatinga); Robson (Tupi); André Nascimento, Rafael Ipuã, Thiago Marin (Uberaba); Marcelo Régis (Uberlândia) 3 gols – Euller, Joãozinho, Leandro Ferreira, Rodrigo (América); Everton Maradona (Caldense); Leonardo Silva (Cruzeiro); Alex Santos (Democrata-GV); Jajá, Thiago Matias (Ipatinga); Chiquinho (Tupi); Paulo Roberto (Uberlândia); Marinho (Villa Nova) 2 gols – Danilo (América); Miller (América-TO); Carlos Alberto, Coelho (Atlético); Alexandre Bortolato, Raniery, Walderi (Caldense); Anderson Lessa, Bernardo, Fabinho, Gilberto, Kieza, Roger (Cruzeiro); Ely Thadeu, Saulo (Democrata-GV); Francismar, Luizinho, Patrick (Ipatinga); Mateus (Ituiutaba); Gedeon, Yan (Tupi); Douglas (Uberaba)