domingo, 2 de novembro de 2008

Volta ao velho ninho (01/11)

Paulo Galvão - Estado de Minas

Depois de cinco anos, Alexandre Kalil voltou à Cidade do Galo, o centro de treinamento erguido em terreno adquirido na administração de seu pai, Elias Kalil, na década de 1980, e cuja construção o novo presidente do Atlético participou efetivamente nos fim dos anos 1990. Desde que decidiu deixar a administração de Ricardo Guimarães, em 2003, ele nunca mais havia voltado ao local de trabalho da equipe alvinegra e, ao fazê-lo, já deixou claro seu estilo de não fugir das responsabilidades, encarando os problemas de frente, nem de polêmicas.
Depois de se informar mais um pouco da situação financeira do clube na sede de Lourdes, ele visitou as instalações das categorias de base, em Vespasiano, e, em seguida, se reuniu com os atletas profissionais, se apresentando à grande maioria deles. Na oportunidade, expôs suas idéias e pediu compreensão, pois assume o Galo em momento de extrema dificuldade.
Para começar, teve de explicar a atletas e funcionários que precisará de tempo para pagar os salários atrasados. Com exceção dos experientes Marques, Marcos, Petkovic e Vinícius, os outros jogadores receberam, no início da semana, antes da eleição, os vencimentos de agosto. Com isso, o clube não corre o risco de perder suas promessas na Justiça, mas pode ter criado uma divisão no grupo, extremamente indesejada nesta reta final de Campeonato Brasileiro, quando a equipe ainda precisa de pontos para escapar do rebaixamento à Série B.
“Agora, posso falar: venho mantendo contatos com o presidente do Clube dos 13, Fábio Koff, e, terça-feira, devemos nos reunir para definir a situação de um aporte financeiro que nos permitirá resolver alguns problemas. Também estamos mantendo entendimentos com possíveis parceiros. Todos os jogadores entenderam a situação e não há problema”, afirmou Alexandre Kalil.
Ele fez questão de elogiar o grupo e a comissão técnica, que continuaram trabalhando firme, mesmo sem salários ou presidente. Também se mostrou bastante feliz com o que viu nas categorias de base, tanto que anunciou a recontratação do gerente geral do setor, Felipe Ximenes, demitido na semana passada pelo ex-presidente Afonso Paulino, que estava respondendo pelo futebol desde a renúncia de Ziza Valadares.
Kalil confirmou que pediu ao presidente em exercício do Conselho Deliberativo, Antônio Passos, que recusasse proposta de US$ 2,8 milhões de um clube russo pelo atacante Éder Luís, atualmente emprestado ao São Paulo. E ainda que o clube recebeu sondagens para negociar Yuri e Cléber, da equipe júnior, mas as negociações não evoluíram. “A partir de agora, as coisas aqui têm preço.”
Os jogadores se mostraram animados com as palavras do novo presidente. “Ele teve uma conversa tranqüila como grupo e o mais importante é que, agora, o Atlético tem um presidente, alguém que vai responder pelo clube. Claro que pagar alguns funcionários e não pagar outros não é o ideal, mas temos de entender que o presidente está chegando. Confiamos que vai resolver o problema o mais rapidamente possível”, declarou o atacante Marques, um dos líderes do grupo.
Depois da eliminação do Atlético no Brasileiro de 2002, teria havido uma desavença entre o agora presidente alvinegro e o atleta, que no ano seguinte se transferiu para o Vasco. Ambos, porém, minimizaram o episódio. “O Marques não ficou porque não tínhamos dinheiro para pagá-lo”, argumentou Kalil. “Aquilo é passado, uma coisa que não compensa nem falar”, afirmou o jogador.
SERGINHO SOFRE SÉRIA CONTUSÃO
Se a presença de Kalil deu mais tranqüilidade ao ambiente alvinegro, o técnico Marcelo Oliveira continua seu calvário. Ontem, ele foi informado que não poderá contar mais este ano com o volante Serginho, um dos jogadores que mais se destacaram sob seu comando. O jogador machucou o ligamento cruzado anterior e também as estruturas laterais do joelho direito contra o Coritiba, será operado e a previsão do médico Rodrigo Lasmar é que só volte a atuar em seis meses, no mínimo.
Assim, Serginho se junta ao volante Rafael Miranda e ao zagueiro Vinícius, que tratam contusões. Já o goleiro Juninho e o lateral-direito Sheslon não poderão enfrentar o Botafogo, amanhã, às 17h, no Mineirão, por terem recebido o terceiro cartão amarelo. Mas o lateral César Prates, que cumpriu suspensão, volta. Marques e Marcos se recuperam de lesões no joelho direito e podem também retornar.
“Vamos ver o que fazer. Podemos usar um zagueiro como volante, como fizemos em Curitiba, depois da contusão do Serginho, ou mesmo adotar o 3-5-2”, explicou Marcelo Oliveira.

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